Escama Negra

O Primeiro Teste.

Eu posso imaginar o dia do chefe da guarda, recebendo todas aquelas pessoas, e tudo precisando estar impecável. Os nomes, as litas, tanta gente estranha, um garoto loiro voando ao redor sem parar, enquanto uma mulher ruiva usando uma tiara que mais parecia um raio de sol afiava sua lamina negra e sorria pra ele prometendo nada menos que a morte. Orcs, goblins, elfos, um meio gigante que pesava mais de quatrocentos quilos, crianças, adultos, velhos e jovens. Nobres e plebeus, todos campeões. Houve confusões na fila, e preciso separar um garoto que cuspia fogo de uma menina revestida em pedra. A cabeça girando, confusa.

Foi com enorme alivio que ele viu o ultimo campeão entrar. Parabenizou sua equipe por conseguir manter a ordem e todos ganharam elogios do fiscal do império que estava ali. Por isso posso imaginar a cara de todos quando viram cinco jovens e um anão surgindo e pedindo para entrar no enorme templo, o maior do norte do império. Houve confusão, mas os jovem ainda estavam no horário mesmo que em cima do tempo. O problema é que eram cinco e o máximo era quatro por equipe, mas um era o item da garota caolha, como? O item era um garoto! Peguem a lista, chamem o agente do império, realmente é o que é. Checaram o nome do esquadrão, nunca tinham ouvido antes, era um pequeno esquadrão do ducado de Lins, provavelmente seria o saco de pancadas de todas as outras equipes. O capitão da guarda tinha visto equipes formidáveis, o ducado de Ramos e o de Evarti pareciam terríveis, assim como a mão dourada e o mais sinistro de todos o esquadrão da própria rainha escarlate a maior soberana do norte e uma lenda em todo o império. Ele checou o nome dos jovens e quase caiu pra trás quando viu que uma delas era uma meia-elfa, mostrando as orelhas e tudo. O outro um cigano do rio orgulhoso de suas tatuagens e ostentando dois anéis estranhíssimos pendurados no pescoço, havia uma caolha com cicatrizes que fariam um orc tremer, e a outra usando uma mascara de lobo na nuca ostentava o sobrenome Pinedo, aqueles Pinedos? Perguntou um dos soldados, sim aqueles Pinedos respondeu a garota e todos prestaram reverencia. Mas o mais estranho era o menor, sorrindo animado, tão pálido e magro como se tivesse acabado de sair de uma doença terrível, mas ele sorria, animava a todos dizendo como seria legal o teste, que poderiam finalmente experimentar as técnicas novas. Eles deviam ser malucos, o chefe da guarda sabia que eles só podiam ser malucos. Mas quando liberou que os jovens entrassem ele conseguiu ver na líder, no único olho que ela tinha, que esses jovens estavam prontos, que tinham visto coisas que os outros nem sonhavam e ele sorriu pra ela que sorriu de volta.

– Quando for famosa e contar sua historia. – Disse o chefe da guarda para a caolha. – Mencione o capitão Hurur, sempre foi o meu sonho entrar numa dessas lendas que a gente escuta por aí.

– Pode deixar. – Disse a menina. – Vou fazer um capítulo especial.

Os jovens entraram rindo, mesmo que nervosos por dentro, mas Hurur tinha acertado em cheio, era naquele lugar que nasceriam várias lendas, e uma delas tinha acabado de passar por ele.

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Eu não queria demonstrar pros outros, mas eu estava inquieta ao entrar no salão enorme, escutávamos vozes ao longe e caminhávamos muito perto um do outro. Orin tinha sido mandado para outra sala e ficamos um tantinho desamparados sem ele. O lugar era fascinante, com pilares enormes e esculturas feita nas pedras, na viagem para o norte os marinheiros nos contaram como o templo tinha sido cavado pelos anões na maior montanha do norte.

– Só eu vou ter um troço aqui? – Perguntou Cecilia visivelmente apavorada.

– Isso não é nada maninha, é só mostrar o que a gente sabe. – Disse Sará que parecia muito mais nervoso que o comum, mesmo negando.

– Só Plim está calma. – Disse Ivna sem fazer ideia do que se passava comigo.

– Eu também tô tranquilão. – Disse Emilian sorrindo e eu sabia que ele era o único calmo.