Escama Negra

Belezinhas.

Acordei sentindo meu corpo pesado, o nariz escorria e a garganta ardia. Todos nós, menos Emilian, tínhamos pego um resfriado brabo por causa do treinamento. Espirrei na cama e ouvi Cecilia tossir, ela era a que parecia menos doente de nós, talvez por conta de seu sangue elfo. Fui até a sala e ouvi alguns barulhos, Adriel estava preparando o café da manhã e a cena me fez rir.

– O que foi? – Perguntou Adriel quando me viu.

– Nunca pensei que você fosse do tipo cozinheira.

– E não sou não. – Disse ela colocando a gororoba num prato, olhei a "comida" e tentei adivinhar o que era, mas era impossível identificar.

– Coma é muito nutritivo.

– Bem, não pode ser pior do que parece. – Respondi provando a comida, e realmente era boa, Adriel sorriu ao me ver comer com gosto. Eu devorava minha gororoba quando Ivna desceu de mãos dadas com Emilian. Ele tinha os cabelos desgrenhado, os olhos inchados e torceu o nariz quando viu a comida. Ivna também encarou o prato com suspeita. Adriel serviu os dois. Cecilia surgiu de cabelos bagunçados e sem luvas.

– Que isso? – Perguntou ela olhando a comida.

– Minha especialidade. – Respondeu Adriel.

– É mais um teste? – perguntou Cecilia sentando e puxando um prato. – Pra ver se temos coragem?

Todos rimos menos Adriel. Sará surgiu se espreguiçando, espirrou e se juntou a nós. Pegou um prato sem dizer nada e começou a devorar a comida.

– Isso é bom mesmo. – Disse ele e Adriel sorriu enchendo mais o prato do garoto. – Pode ir mandando dona, que tô com uma fome lascada.

Adriel se juntou a nós e comemos conversando despreocupados e rindo das brincadeiras, Emilian acabou experimentando a comida e gostou. Todos falavam quando senti falta de Orin.

– Ele foi resolver algo na cidade. – Explicou Adriel. – Mas logo ele aparecerá e iremos testar os itens no lago. – Nos olhamos empolgados e senti um frio na barriga. Dessa vez conseguiríamos usar os itens?

– Não é atoa que ele demora. – Disse Ivna. – A cidade está insuportável com a tal eleição, não é possível dar um passo sem que alguém nos aborde.

– Soube que faltam apenas dez dias para terminar a corrida eleitoral. – Disse Cecilia.

– Nós vamos ter que votar? – Perguntou Sará.

– Provavelmente terão um voto cada. – Disse Adriel. – Os dragões negros são considerados membros dessa comunidade.

– Céus, nem sei quem será meu candidato. – Disse Cecilia realmente preocupada. – Vou andar pela cidade ouvindo as propostas e decidir qual o melhor candidato, vamos comigo Ivna? – Ivna quase engasgou com o suco de laranja. – Eu pediria para Plim me acompanhar, mas sei que a resposta seria não.

– Acertou em cheio faladora. – Respondi e Cecilia me mostrou a língua.

– Cecilia! – Exclamou Adriel a encarando. – Não venha sem luvas para a mesa.

Cecilia automaticamente escondeu as mãos por debaixo da mesa e se desculpou. Eu encarei Adriel e quando ia discutir a porta se abriu. Ouvimos um monte de vozes e Orin entrou com Nestor e os dois fecharam a porta. Ouvimos a confusão que vinha lá de fora e Nestor parecia um tanto aborrecido.

– Você sabe mesmo como bagunçar as coisas. – Disse Nestor para Orin.

– Logo eles se acostumam com a ideia.