Não somos ladrões

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Acordei com gritaria. Fiquei sentada na cama pensando se tinha sonhado, então gritaram novamente. Emilian sentou no colchão e olhou pra mim. Houve um estardalhaço e parecia que quebravam a casa toda. Levantei num pulo e Emilian também.

– Fica aí. – Ordenei.

Abri a porta bem devagar e alguém passou correndo pelo corredor.

– Rápido, segurem ele!

Senti cheiro de fumaça e vi que a casa pegava fogo.

– Droga! Pega ele Blasco, ele foi pra lá.

Blasco passou correndo por mim e Gil também. As irmãs saíam dos quarto alarmadas, Emilian atrás de mim perguntava o que estava acontecendo, antes que eu pudesse dizer alguma coisa escutei ele lutar, me virei e vi um cara agarrando Emil e outro entrando pela janela. Corri pra ajuda-lo mas Emilian decepou a mão do bandido, o cara caiu de joelhos no chão segurando o toco sanguinolento e berrando, o comparsa dele que vinha na nossa direção parou horrorizado. Olhou o desespero do comparsa e Emilian de rosto inocente encarou o sujeito.

– Não compensa. – Disse o cara trepando pela janela novamente. – Vocês já usaram os itens.

Ele sumiu pela janela. Olhei pro invasor desmaiado e ouvimos gritaria vindo lá debaixo. Emilian e eu corremos pela casa, as crianças confusas e sonolentas queriam saber o que estava acontecendo e eu mandei que ficassem em seus quartos. Descemos pela escada e chegando na sala vi Gil pisando no peito de um meio orc magrelo.

– Vê nos bolsos dele Blasco. – Ordenou Gil.

Blasco caminhou até o sujeito que tentou um movimento e Gil apertou o peito dele com força, o meio orc gemeu e levantou os braços desistindo. Blasco mexeu nos bolsos do sujeito, parecia preocupado mas de repente começou a sorrir.

– Tá aqui. – Ele puxou uma pedra vermelha, o domador de feras do Gil.

Gil sorriu triunfante pegando a pedra que Blasco oferecia. Ele guardou no bolso e olhou pro meio orc.

– Achou que ia se safar né espertalhão?

– O que faremos com ele? – Perguntei.

– Não sei.

– Deixe conosco. – Disse um soldado parado na porta de entrada. Treysa estava com ele e outros soldados foram entrando.

– Eles já estavam aqui. – Explicou Treysa. Gostantin tinha me alertado na festa que esses guardas nos vigiavam.

Eles pegaram o meio orc e o levantaram do chão. Olhei pros soldados entendendo a situação, claro que iriam montar uma vigília em casa, não só porque haveria ladrões mas também para garantir que não saíssemos da cidade com nossos itens mágicos, não sem antes falar com o conselho.

– Tem um no meu quarto também. – Disse pro capitão da guarda. – Tentou me roubar mas Emilian cuidou dele.

Emilian sorriu orgulhoso e Treysa o abraçou preocupada, mal ela sabia que quem correu perigo foram os bandidos e não o coitadinho de Emilian.

– Vamos logo homens, peguem o outro temos que ir, a cidade toda está uma loucura.

E estava mesmo. Fomos pra fora e vimos mais casas pegando fogo, a nossa tinha sido um pequeno incêndio logo controlado por Gostantin e grandão que carregou baldes de agua. Apenas uma vela que na correria caira no carpete. Mas lá fora vimos casas tomadas pelas chamas, alguém gritava ao longe, cães latiam ensandecidos pela noite. Treysa e as irmãs estavam protegendo as crianças com medo do que poderia acontecer. A madre superiora Catalina, acalmou a todos, tomamos chocolate quente na cozinha e as crianças recontavam os acontecimentos de forma empolgada e bem mentirosa. Emilian ficou com Plem e os outros conversando e se divertindo com o chocolate, não era carne mas ele parecia ter adorado. Estávamos todos reunidos quando vimos um rapaz entrar na cozinha e nos encarar. Levantamos assustados.

Escama NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora