Escama Negra

Decisões.

A conversa à mesa cessou, os olhares atraídos para a enorme porta dupla.

– Irmão! – Gritou Endrien correndo em direção à Arnaut que estava parado à porta. Ivna saltou do colo da mãe e os três irmãos se abraçaram. Mais tarde ali mesmo no palácio fiquei sabendo que Arnaut era só meio irmão de Endrien e Ivna, ele era filho do duque Altran com Lilien, a primeira esposa do duque que morrera quando Arnaut ainda era criança.

– Fez uma boa viagem? – Perguntou a duquesa Beolá. Arnaut caminhou até ela e a beijou no rosto.

– Fiz sim senhora.

A duquesa passou as mãos nos cabelos de Arnaut reprovando o descuido do rapaz.

– Sujos e tão grandes assim?

– Numa batalha não há tempo para higiene. – Disse Arnaut levantando Ivna. – Não é mesmo Ivna?

Ela riu ao ser erguida e depois baixada com velocidade. Arnaut acabou olhando pra nós.

– Quantos hospedes.

– Sente-se. – Pediu Beolá. – É uma história que você gostará de ouvir.

Comíamos um pouco mais acanhados com a presença de Arnaut, ele mesmo apenas beliscava algumas uvas enquanto ouvia o relato de Beolá, com comentários de Ivna e Endrien. Quando Beolá terminou a historia Arnaut se levantou, caminhou até Sará e apertou sua mão.

– Sou eternamente grato meu amigo. – Disse Arnaut e Sará ficou meio sem jeito, nessa ocasião Arnaut devia ter cerca de vinte anos enquanto Sará possuía dezoito, os dois haviam realmente idade para serem amigos e companheiros. – Se eu puder fazer algo...

– Não há necessidade. – Disse Sará. – Apenas...

– Se você disser alguma coisa sobre o seu sobrenome novamente. – Eu avisei Sará entredentes.

– Não, não tem nada não. – Disse Sará me encarando. – O excelentíssimo senhor duque já nos foi muito generoso né não Cecilia?

– Deveras.

– Vocês todos. – Disse Arnaut nos olhando e erguendo uma taça. – Vocês tem minha gratidão, brindemos a esse dia onde criamos laços de amizade.

Todos levantamos taças e brindávamos contentes quando o duque entrou na sala.

– Quando pretendia me dar o prazer de sua ilustre presença?

– Pai.

Arnaut prestou uma reverencia, beijou a mão do pai e depois se abraçaram.

– Perdoem-me rouba-lo de vocês. – Disse o duque. – Mas temos assuntos a tratar. Saber sobre os gigantes e tudo mais. Com a licença de vocês.

Os dois passaram pela porta. Todos ficamos em silêncio, a sala parecendo mais vazia.

– Acho que o pobre Emilian precisa de um quarto. – Comentou senhora Beolá olhando o garoto com a cara apoiada na mesa, dormindo profundamente.

Prepararam quartos bem confortáveis. Emilian e Sará dividiram um enquanto eu e Cecilia ficamos noutro. Nos reunimos no quarto de Sará onde Emilian já dormia e conversamos sobre os acontecimentos.

– Mas e agora? – Perguntou Sará. – O que devemos fazer?

– Acho que nada. – Respondi. – Das outras vezes só foi esperar, não se esqueçam de que essas coisas são passado, precisamos é ficar de olho em Ivna que é quem nos interessa.