Eu tentava imitar Ivna, o jeito dela cumprimentar as pessoas, se portar, e discreto de rir, como ela segurava um cálice e pedia licença para se retirar. Ela percebeu e acabou zuando comigo. Cecilia também se portava muito bem, tinha uma etiqueta refinada mesmo sem a soberania com que Ivna exercia seu prestigio e posição social. Até Liandra saía-se bem, era uma guerreira honrada e carismática por natureza. Os meninos que não eram bem educados. Davel do seu jeito humilde de ferreiro arregalou os olhos ao ver o banquete e começou a tirar a barriga da miséria, Galien era um pouco mais educado afinal sua família era nobre, mesmo que há pouco tempo. Sará... Bem era o Sará de sempre, falando alto, pedindo comida e bebida, conversava com os outros campeões e até mesmo tínhamos que vigia-lo pra que não arrumasse briga. Parrudo embarcava na dele, dois valentões galhofando, enquanto Lau fazia piadas e divertia todos ao seu redor. Éramos um grupo grande e pelo menos isso me dava mais confiança. Andy andou com Emilian pelo salão e os dois chegaram até mesmo a dançarem juntos, e nessa hora fiquei meio de lado, quando Bradir apareceu.
– Excluída? – Perguntou ele parando ao meu lado e oferecendo um cálice de vinho que aceitei.
– Eu não sei dançar. – Disse dando de ombros e bebericando o vinho, eu estava ansiosa por algum motivo e me sentia deslocada ali parada enquanto os outros se enturmavam. – Festas nunca foram meu habitat natural. As pessoas falam muito, bebem demais, e odeio dançar.
– Você fala isso porque não sabe.
– Talvez seja verdade.
Bradir pegou meu cálice e o dele e colocou na mesa, estendeu uma mão e eu o olhei ansiosa.
– Me concederia a honra?
– De dançar? – Ele assentiu e eu gargalhei, não quis ser rude nem nada do tipo mas não consegui me controlar, vi o rosto sério dele, seu sorriso amigável e engoli o riso. – Tá falando sério? Eu... Te disse que não sei...
– É fácil.
Bradir me conduziu até o centro do salão onde outros casais dançavam, as pessoas riam e se divertiam enquanto os músicos tocavam. Cecilia pedia algumas canções e as dançava com Galien, Sará um pouco bêbado tirou Ivna para dançar e a garota ficou sem jeito, afinal Sará parecia pior do que eu na dança, mas ela aos poucos tomou as rédeas da situação e começou a ensinar o cigano, e se ele conseguia por que eu não? Bradir mostrou alguns passos simples, e quando os experimentei me senti bem, era fácil e agradável se movimentar ao som da música. Pisei no pé de Bradir e me desculpei envergonhada, ele riu e o chamei de bobo caindo na gargalhada.
– Não é tão difícil como eu pensava. – Disse olhando meus pés enquanto sentia as mãos de Bradir me guiarem pelo salão.
– Eu te disse. Às vezes você consegue me fazer rir Plim Igreja.
– Ora, sou uma espécie de bobo pra você?
– Não... De forma alguma é que... Alguém que chegou até as finais guiando todo seu time de maneira exemplar, consegue ter medo de dançar? Isso é engraçado.
Eu o encarei e Bradir sorria, lembrei do que Emilian tinha dito, de que o rapaz gostava de mim e aquilo me deixou sem graça, eu tava com medo de ficar vermelha enquanto dançávamos então puxei assunto.
– Eu soube que você virou capitão do esquadrão de Evarti.
– Pois é, é um bom grupo.
– Quem diria, alguém sorrateiro como você consegue liderar um grupo assim... Desculpa não quis ser indelicada.
Bradir riu.
– Não tem problema, eu sou mesmo assim, e confesso que não foi fácil mudar, tive que repensar minhas abordagens e... Claro, parar de abandonar meu time quando ele precisa de mim. – Lembrei da floresta e quando Rodhir nos traiu Bradir foi o primeiro a debandar. Achava difícil ele ser alguém de confiança, ainda mais um bom líder. – E tenho que te agradecer por isso.
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Escama Negra
FantasyPlim é uma órfã de dezesseis anos que odeia seu nome e detesta crianças. Depois de perder um de seus olhos num ataque com bandidos ela decide participar de uma competição especial, conseguir um dos cobiçados itens mágicos e se tornar uma cavaleira a...