Ar Puro.

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É engraçado como tudo o que eu sempre quis esteve todo tempo ao meu alcance. Eu me achava uma rejeitada, uma criança que não fora aceita nem por seus próprios pais, mas não era bem assim, eu que fui burra demais para perceber o quanto as pessoas se importavam comigo. Você deve estar se perguntando o que é engraçado nisso tudo, e o humor está por conta da ironia; eu só comecei a enxergar essas coisas quando perdi um olho! Engraçado né?

Quando abri o olho a primeira coisa que vi foram os rostos dos meus amigos. Meu corpo estava moído e me sentei com dificuldades. Sará conversava com Parrudo e Lau, enquanto Ivna, Cecilia, Emilian e Andy estavam perto de mim, perguntando como eu me sentia, respondi que tava legal, elas sorriram e ficaram dizendo como eu tinha sido incrível na luta contra Garra. Olhei ao redor e tanto os elfos como os orcs tinham ido embora. Marlon conversava com um sujeito encapuzado.

– Emil, me ajuda a levantar. – Pedi e o garoto sem hesitar me puxou com cuidado.

Sará e os outros olharam pra mim.

– Como você está se sentindo? – Perguntou o cigano ao se aproximar.

– Tipo um almoço vomitado. Mas você sabe disso.

Sará sorriu, eu podia saber pelo seu aspecto que ele estava na mesma situação que eu, já que dividíamos o anel quando eu desmaiei. Meu ombro doía, as pernas falhavam e a cabeça parecia pesar duas toneladas.

– Você mandou bem contra o grandão. – Disse Parrudo e Lau concordou.

– Ela é incrível eu disse. – Comentou Andy e eu sorri pra ela, a garota me olhava admirada e fiquei pensando que ela devia me ver com uma áurea falsa, eu não era a heroína que ela pensava, mas não podia mentir; eu me sentia orgulhosa quando Andy me elogiava daquela maneira.

– Claro que ela é. – Bradou Cecilia. – Ela é a honorável capitã dos Dragões Negros de Petúnia. Claro que é incrível.

– Vamos. – Disse Marlon enquanto o encapuzado parecia ir embora. – Pelo jeito temos que atravessar mais um portão.

– Então vamos. – Disse Lau e Marlon balançou negativamente a cabeça.

– Só eu e Plim. Só querem os capitães.

– E nós? – Perguntou Ivna.

– Vocês precisam seguir aquele encapuzado. – Apontou Marlon para o sujeito que esperava perto de um túnel. – Parece que vocês vão poder assistir a prova, mas pelo que entendi essa primeira parte são só os capitães. Lau cuide de tudo até eu voltar.

– Entendido capitão.

– Ivna. Você fica no comando. – Disse a abraçando e desejando sorte. – E você Sará, trate de se recuperar eu posso precisar do anel.

Ele sorriu desafiador.

– Eu tô sempre pronto.

Eu me recuperava aos poucos, com o anel seria mais rápido, mas não queria gastar o pouco de energia que me restava. Emilian me espiava enquanto caminhávamos por escadarias cada vez subindo mais. Ele estava empolgado e ao mesmo tempo preocupado. Marlon liderava o caminho em silencio e percebi que ele mancava levemente de uma perna, a machadada que ele tinha levado da copia de Garra era mesmo terrível só de lembrar. Provavelmente Marlon estava tão debilitado quanto eu ou talvez até mais, ele continuou a caminhar sem demonstrar qualquer sinal de querer descansar.

– Me desculpe. – Disse Marlon quebrando o silencio e fiquei meio sem reação.

– Pelo que?

Escama NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora