Garra aparou o golpe de Emilian impelindo o garoto pra trás. Emilian era muito forte e mesmo assim foi arrastado alguns metros. Eu observava a luta, Garras se defendendo e contra atacando Emilian com toda sua agilidade e força. As pessoas ainda estavam embasbacadas com tudo que tinha acontecido. Aglor derrotado estava sentado no chão ainda com a mão no peito, recuperando aos poucos a cor do rosto. Marlon ao meu lado assistia a luta, talvez vendo o que eu via, a calma de Emilian, os golpes sem fúria descontrolada de quando ele lutava com Parrudo, sim, ele ainda era doido por uma batalha mas sem a sanguinolência de antes, apenas a vontade de testar sua força e pelo sorriso do garoto, Garra devia estar se mostrando um lutador e tanto.
– Ele mudou. – Comentou Marlon. – Não é o mesmo que conhecemos no jardim.
– Sim, ele mudou.
Garra era enorme, devia pesar cerca de duzentos e cinquenta quilos e ter dois metros de altura, os ombros dele eram larguíssimos, músculos verdes se contraiam ao bramir o machado, ouvíamos o vento gritar, Emilian desviou por milímetros e atacou com nada mais que as mãos. Ele já não sorria, e quando Garra o agarrou pelos pés consegui sentir o medo dele se fundir ao meu.
– Vamos! – Gritei para Marlon e avançamos.
Garra segurou Emilian e o levantou feito uma boneca, o garoto foi lançado ao chão e parou a queda com as mãos, como se fosse fazer flexões, Emilian era forte e conseguiu evitar um choque maior com o chão, mas Garra o puxou pra cima novamente e preparou para atacar com o machado enquanto Emil se debatia. O orc viu Marlon e eu Avançarmos, os dois de armas em punhos, ele atirou Emilian para longe e o menino caiu no chão feito um gato, deslizando no piso com as mãos e pés no chão. Coloquei o anel coração e logo de cara senti a força de Sará, ele estava mesmo atento. Comecei atacar com vigor e destreza. Garra impressionado sorriu pra mim.
– Parece que não precisa mais de minha ajuda para lutar. – Disse o orc.
– Encontrei companheiros. – Comentei atacando com a espada.
Marlon também atacava e Emilian pulou por cima de nós como um felino e caiu atacando Garra. O orc aparava os golpes, mas éramos três contra um, enquanto ele defendia a espada de Marlon, a minha acertava de raspão o braço esquerdo de Garra, e quando ele se virava pra mim, Emilian deitava suas unhas nas pernas, braço e até rosto do orc. Não era uma luta muito justa, mas ele entendia que atacávamos assim por justamente respeita-lo demais. Nenhum de nós conseguiria enfrentar Garra no mano a mano, talvez Emilian bebendo meu sangue, mas eu nunca mais queria usar magia obscura, não queria que Emilian voltasse a ser como antes e eu pensava que magias de sangue fariam mal a ele.
Garra recuou preparou um ataque enorme e ficamos em guarda, ele aproveitou pra respirar, percebi sinais de cansaço nele. Tirei o anel coração para poupar nossas parcas energias, e quando fiz isso senti minhas pernas e braços pesarem, o folego ficou embargado e até minhas vistas embaçavam. O ombro doía muito e o sangue que Sará me fez perder estava começando a cobrar o preço.
– Precisamos terminar rápido. – Eu disse e Marlon assentiu puxando seu anel.
– Vou ficar invisível.
– Mas quando você fica invisível você não enxerga né? – Perguntou Emilian, e era verdade eu também tinha reparado de quando lutamos no jardim, e como ele parecia se perder.
– Isso era antes. – Disse Marlon confiante. – Agora consigo enxergar tudo.
– Você colocou a pedra núcleo no anel. – Comentei.
– Exatamente, por isso agora posso enxergar enquanto fico invisível, mas só fico invisível enquanto prendo a respiração, coisa que consigo fazer uns quarenta segundos e se correr talvez menos.

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Escama Negra
FantasíaPlim é uma órfã de dezesseis anos que odeia seu nome e detesta crianças. Depois de perder um de seus olhos num ataque com bandidos ela decide participar de uma competição especial, conseguir um dos cobiçados itens mágicos e se tornar uma cavaleira a...