-Caraca, olha essa chuva!
Falei assim que chegamos no hall do shopping.
- Porra, como a gente vai embora?
Manu perguntou me olhando.
Guilherme não poderia nos buscar, pelo menos foi isso que me disse quando liguei a poucos minutos atrás pra ele. Dei uma olhada em volta e não tinha nenhum táxi a vista.
- Vamos ter que esperar um táxi. - Falei.
- Tá louca? Vamos ficar aqui fora, com todas essas sacolas esperando um milagre acontecer? - Falou. - Liga pro Rodrigo!
Eu a olhei incrédula e dei um sorriso irônico.
- Tá, Manu. Já podemos voltar pra dentro do shopping e esperar.
Falei e virei de costas, indo em direção a entrada.
- Ei! Nem pense nisso.
Manu me segurou pelo braço.
- Liga pro Rodrigo, não custa né. Ele tá morando na sua casa, com certeza vai fazer esse favor.
Eu bufei mas não me restava outra alternativa.
- Oi, Ca.
Ele atendeu e puta que pariu! A voz dele mexia demais comigo.
- Oi Rodrigo. Desculpa te incomodar, você tá ocupado?
Falei um pouco seca.
- Não, tô saindo aqui do meu apartamento agora e voltando pro seu, porque?
Ele perguntou e ouvi o barulho de alarme de carro.
- Eu e a Manu estamos no shopping e tá caindo uma chuva.. Será que você daria uma carona? - Pedi.
- Claro, em 5 minutos passo ai!
- Obrigada! Beijo.
- Beijo, pequena.
Oi? Ele me chamou de pequena como me chamava antes? Automaticamente um sorriso de canto se formou em meus lábios.
- E essa cara de idiota?
Manuela falou me trazendo de volta a realidade.
- Ele já tá vindo.
Ignorei o que ela havia falado e guardei meu celular na bolsa.
Ficamos esperando ele por pouco tempo. Seguimos direto pro apartamento e logo chegamos.
- Lar doce lar!
Falei entrando e tirando a minha sandália na sala mesmo.
- Como é bom chegar em casa!
Manu falou e foi andando em direção ao quarto.
Eu fiz o mesmo que ela, mas Rodrigo me fez parar de andar, segurando o meu braço e me puxando pra ele. Era incrível a sua habilidade, em poucos segundos e movimentos meu corpo estava colado com o dele e sua mão estava segurando firme em minha cintura. Eu estava com as sacolas de compras nas mãos e isso atrapalhava um pouco.
- O que você quer? - Perguntei do jeito mais fria possível.
- Eu quero saber porque você tá me ignorando desse jeito.
Ele falou e eu soltei um suspiro forte.
- Eu não tô te ignorando, Rodrigo. Apenas nos distanciamos.
Falei e tentei me soltar dele.
- Você sabe que não vai conseguir sair e vai acabar igual a aquele dia.
Ele disse e deu um sorriso de canto malicioso.
Não era possível, Rodrigo só me queria pra isso?
- Não, Rodrigo, não vai acabar igual a aquele dia! Se você quer uma mulher pra comer quando bem entender, quando tiver vontade, vai num puteiro, lá tem várias, porque eu não sou puta! Você só vem atrás de mim quando tá com saudades de me comer, né? É incrível! Não sei como não percebi isso antes.
Dei uma risada baixa e irônica antes de continuar
Foi difícil admitir pra mim mesma, Rodrigo, mas eu amo você, eu sou apaixonada pro você. Eu sei que você não tem culpa de ter certas atitudes na minha frente, até porque eu nunca falei o que sentia. Mas machucou, sabia? Machucou ficar vivendo todo esse tempo embaixo do mesmo teto que você e não poder te beijar, te cuidar, ser cuidada, machucou ouvir você falando das meninas que ficou, machucou ver você saindo pra encontrar alguém, ver você assistindo filminho romântico e abraçado com outra em uma festa, depois de ter me comido. E machucou ainda mais saber que tudo que eu sinto não é correspondido. Eu cansei, entendeu? Cansei!
Eu terminei de falar e meus olhos já estavam cheios de lágrimas. Soltei meu corpo dos seus braços e fui em direção ao quarto. Entrei e larguei todas as sacolas no caminho que eu fazia até a minha cama, onde me joguei e deixei as lágrimas que eu estava segurando saírem.
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Tem que ser você.
RomanceCamila e Guilherme nasceram no Brasil, mas ainda muito pequenos mudaram-se para Nova York com seus pais devido a negócios. Sempre cresceram aprendendo além de inglês a língua portuguesa. Guilherme com 17 anos decidiu vir estudar no Brasil e se adapt...