Capítulo 138

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Passei mais um bom tempo conversando com a Manu e com o Felipe, aqueles dois pareciam mais uns palhaços, me diverti bastante passando a tarde com eles. Foi até bom, porque por pouco tempo tirei a Clara da cabeça, mas como eu disse, pouco tempo.
Já estava escurecendo quando fui tomar um banho. Entrei no chuveiro e tomei um banho demorado. Depois que terminei, me sequei e enrolei a toalha na minha cintura, fui até o quarto e vesti um cueca boxer preta, junto com uma bermuda jeans e uma camisa pólo. Calcei meu tênis e só dei uma bagunçada no meu cabelo com as mãos, peguei a chave do meu carro, a carteira e sai. 
O prédio dela não era tão longe do meu, por isso não demorei nem 5 minutos pra chegar. Estacionei e ainda enrolei um pouco dentro do carro, porra, porque eu tava sendo tão bundão? Até o Rodrigo tomou coragem e se declarou.. Se ele tivesse vendo essa cena, com certeza zombaria da minha cara.
Desci do carro e respirei um pouco de ar puro. 
Como o porteiro já me conhecia, pedi pra ele deixar eu subir sem avisar, afinal, se a Clara soubesse que eu tava aqui, com certeza não deixaria eu entrar.
Parei na frente da sua porta e apertei a campainha.
- Oi Guilherme!
A mão da Clara abriu a porta sorrindo.
- Oi dona Rosana. A Clara tá ai?
Falei um pouco sem jeito.
Ela deu uma risada leve.
- Rosana, por favor. Não sou tão velha assim! - Eu dei um sorriso de lado. - A Clara está assim, não sei se ela vai querer falar com você...
Ela disse sem jeito e eu suspirei.
Entrei no apartamento e ela fechou a porta em seguida.
- Foi por isso que pedi pro porteiro me deixar subir sem avisar. Eu posso ir falar com ela? - Falei.
- Claro! Mas olha... a Clara não me falou o que aconteceu, mas seja lá o que for, eu torço por vocês. Sei que a Clara gosta muito de você, meu filho!
Ela falou e eu sorri, assentindo em agradecimento. Na realidade, fiquei até sem palavras.
Segui pro quarto dela e abri a porta bem devagarzinho. O quarto tava escuro, apenas uma fresta da cortina iluminava. Ela estava deitada na cama, de barriga pra baixo e afundada nos travesseiros. 
Entrei no quarto e fechei a porta, me aproximei da cama e me sentei na beirada, esperei um pouco e então percebi que ela tava dormindo. 
Tirei meu tênis e me ajeitei na cama, colocando o seu rosto sobre as minhas pernas. Fiquei acariciando seu rosto por um bom tempo. Não tava nem me reconhecendo.. perdi um tempão só admirando ela.
A Clara começou a se mexer e logo abriu os olhos, quando ela me encarou parecia não acreditar, tanto é que fechou e abriu os olhos novamente.
- Guilherme? 
Ela disse ainda assustada.
- Oi Clara. - Falei.
- O que você tá fazendo aqui? Quem te deixou entrar, Guilherme?
Ela falou aumentando o tom da sua voz e levantando da cama.
- Calma, Clara! - Falei e levantei também. - Deixa eu falar com você, só me ouve... - Pedi.
- Eu não quero, Guilherme! Vai embora daqui, por favor. 
- Eu não vou embora, eu tomei uma decisão e eu não vou sair daqui até você me ouvir!
Falei e ela me olhou receosa.
- Você não vai desistir mesmo, te conheço. 
Ela falou e suspirou em seguida.
- Tudo bem, pode falar. 
Eu sorri pra ela, que se levantou e foi até a janela, abrindo as cortinas e deixando a claridade invadir o quarto. Dei uma olhada em volta e o quarto estava uma zona. Roupa pros lados, calçados, coberta. E a Clara com o rosto inchado, provavelmente de tanto chorar. Me doeu o coração saber que eu fui o culpado daquilo tudo.
Eu me sentei na cama e apoiei meus braços na minha perna, enquanto ela estava com os braços apoiados na janela.
- Clara... Eu sei que eu fiz burrada, sei que agi como um idiota, infantil, e eu me arrependo muito por ter vacilado contigo, por ter te feito chorar, mas as vezes é errando que a gente aprende, não é? - Suspirei. - Eu não vou enrolar, eu só quero que você saiba que a decisão que eu tomei hoje, não foi fácil, não porque eu quero curtir a minha vida de solteiro ou porque quero comer todas que estão disponíveis pra mim, mas sim porque eu não quero te machucar e nem te decepcionar, por isso eu pensei muito em desistir, mas não, eu não posso desistir da mulher que eu amo antes de tentar. Eu vou dar o meu melhor, eu vou me dedicar, e eu vou te fazer feliz, eu só preciso que você me dê uma chance. 
Ela virou de frente pra mim e eu me levantei da cama, caminhando em sua direção. Quando cheguei bem próximo dela, pude ver que seu rosto estava molhado devido as lágrimas, que dessa vez eu não sabia se eram de dor ou de alegria. Passei a minha mão pelo seu rosto, limpando as mesmas e coloquei uma mexa do seu cabelo pra trás.
- Você quer namorar comigo? 
Falei. A frase que eu nunca havia usado na vida, havia saído da minha boca com tamanha naturalidade. 
Clara deu um sorriso e deixou mais lágrimas escaparem, ela não falou nada, apenas pulou no meu colo, envolvendo suas pernas na minha cintura e me beijou.

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