Capítulo 172

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Estacionei o carro em frente ao prédio que a Lua me passou o endereço. Era em um bairro mais simples, mas não muito longe de onde eu morava, então não foi difícil de encontra-lo. 
O porteiro avisou a Lua que eu estava lá e ela liberou a minha entrada. Entrei no elevador e ele logo parou no terceiro andar, sai do mesmo e apertei a campainha do apartamento dela.
- Que bom que você veio!
Ela falou sorrindo assim que abriu a porta.
Eu apenas sorri de lado, e fiquei a encarando.
- Entra!
Lua deu espaço pra eu entrar. Assim que eu entrei, percebi o quão simples e pequeno o apartamento era, pelo menos em comparação ao que ela morava antes, mas era tudo muito bem arrumado, cada coisa em seu devido lugar.
- Senta, Fe. Quer beber alguma coisa?
Ela falou e apontou pro sofá, aonde eu me sentei.
- Lua.. não vamos enrolar, certo? Eu tô aqui pra te ouvir e eu também não tenho muito tempo.
Falei um pouco ríspido e pude perceber ela ficar sem graça.
Ela sentou ao meu lado no sofá, por cima de uma das suas pernas.. O jeito espontâneo e despojado dela era o que mais encantava. 
- Eu não sei exatamente o que te falar, quero te pedir perdão por tudo que fiz, joguei sujo com você.. E com a Camila também, é claro. Mas aconteceu e agora eu não posso mudar, mesmo tendo um arrependimento enorme aqui dentro de mim. 
Ela suspirou e eu pude perceber seus olhos enchendo de lágrimas.
- E porque você não tentou fazer algo pra mudar isso na época do acontecido? Você pegou as suas coisas e saiu do país. E eu não esqueço que você estava grávida, cadê a criança? - Perguntei.
Uma lágrima escorreu do seu rosto e ela abaixou o olhar.
- Porque eu tava com raiva de mim mesma, Felipe, eu tinha vergonha do que eu havia feito, eu trai a minha melhor amiga, com tanto homem no mundo, eu fui me interessar logo pelo namorado dela, você acha que teria perdão? E eu não suportaria viver na mesma escola que ela, frequentar os mesmos ambientes que vocês e não poder me aproximar mais, todas essas pequenas coisas. A saída que eu encontrei foi ir morar com meu irmão lá fora, e foi o que eu fiz. Eu poderia ainda estar lá, se meu pai não tivesse perdido tudo que tínhamos! 
Assim que ela falou isso eu a olhei assustado.
- É, meu pai perdeu tudo, Felipe! Todo o dinheiro que era nosso foi pra jogos, mulheres, bebidas.. Não restou outra alternativa a não ser vir embora e enfrentar tudo com a minha mãe! Graças a Deus ela conseguiu comprar esse apartamento aqui, é simples, mas é nosso.. E é assim que recomeçamos a nossa vida!
Fiquei chocado com tudo que ela havia me dito. O pai da Lua, Sr. Lopes, sempre foi muito sério, jamais imaginei que fosse capaz de colocar toda a sua família e empresa em risco.
- E quanto ao bebê... - Ela falou e eu a olhei. - Eu perdi! Era uma gravidez de risco, e eu acabei passando muito nervoso, viajei, fiz esforço, coisas que eu não podia. 
- Sinto muito! 
Foi a única coisa que eu consegui falar, apesar da minha curiosidade estar gritando pra saber quem era o pai.
- Você me perdoa? 
Lua quebrou o silêncio que permanecia entre nós a um bom tempo.
Ela me pegou de surpresa e eu realmente não sabia o que responder. Havia ficado com pena dela, por ter passado tudo que passou, mas as coisas são bem diferentes, já que ela havia ''traído'' antes de tudo acontecer e eu jamais a perdoaria por pena.
Fiquei alguns minutos pensando no que falar, e quando percebi que eu não encontraria palavras suficientes, deixei meu coração falar por mim, pode parecer viadagem, mas é a real.
- Lua... Graças a Deus eu puxei aos meus pais, e também fui muito bem ensinado por eles a não guardar rancor e mágoa, isso só atrasa a nossa vida e nos faz mal, eu acredito que eu já tenha te perdoado a muito tempo, mas hoje aqui eu afirmo de coração pra você, sim, eu te perdoo.
Assim que terminei de falar, senti a Lua pulando no meu colo e me abraçando.
- Muito obrigada, Felipe! De verdade, você não sabe o quanto isso é importante pra mim.. Sei que as coisas não vão voltar as ser como antes, mas ter o seu perdão já um ótimo recomeço.
Ela falava sem parar enquanto me abraçava forte e dava alguns beijos na minha bochecha.
- Calma, Lua!
Falei dando risada.
Ela virou o rosto pra me olhar e eu fiz o mesmo, e eu senti meu coração disparar ao perceber a minima distância que nos separava. Até a respiração dela eu podia sentir. Nossos lábios ficavam cada vez mais próximos, até senti-los roçando um no outro. Fechei os meus olhos e não pensei em mais nada, apenas penetrei a minha língua em sua boca e iniciei um beijo.

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