Capítulo 167

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Manuela narrando.Desde que descobri que estou grávida, eu tento evitar o quanto posso falar com os meus pais, tinha um certo receio e muita vontade de chorar quando ouvia a voz deles, e ao mesmo tempo, queria o colo da minha mãe. Mas hoje não teria jeito, eles sabiam que o resultado sairia hoje e minha mãe já tinha pedido pra eu ligar assim que eu soubesse.
- Meu amor!
Minha mãe atendeu. 
- Oi mãe! - Falei.
- Como você está? O resultado saiu? 
Ela falou eufórica e eu dei uma risada leve, mas já sentia um nó se formando na minha garganta.
- Tô ótima, mãe! Saiu e eu fui aprovada! 
Ela soltou um grito de felicidade.
- Ai Manu! Você me enche de orgulho! Como eu queria poder te abraçar agora, minha pequena!
Quando ela falou isso eu não aguentei, eu estava dando orgulho a ela, mas logo ela não sentiria mais isso de mim, eu iria decepciona-la completamente.
- O que eu mais queria era um abraço seu agora, dona Marcela! 
Falei e ela deu risada.
- Tô pensando seriamente e ir te visitar, aproveitar que a Juliana tá ai também, ai voltamos juntos pra cá. - Falou.
Eu suspirei.
- Eu acho uma boa ideia, mãe! Vem mesmo. Acho que eles ainda vão ficar mais uns dois meses por aqui, até resolver toda essa história da empresa nova. - Falei.
- Vou ver se dá pra ir e te aviso assim que resolver, tá bom, minha linda?
Sorri ao ouvir minha mãe falar, ela vivia me chamando por apelidos carinhosos, que as vezes até me constrangia.
- Tá bom, mãe! Fica bem, tá? - Falei.
- Você também, Manuela! Se cuida, aí, hein? E liga pro chato do seu pai também. 
Ela falou e eu dei risada.
- Te amo! - Falei.
- Amo você, pequena!
Desliguei o celular e me deitei na cama, não conseguindo segurar o choro mais.
Percebi a porta ser aberta e imaginei ser o André, já comecei até a pensar na desculpa que daria a ele, por mais uma vez me ver chorando, mas me assustei quando ouvi outra vez.
- Manu?
A tia Juliana quem estava entrando no quarto e caminhando até a cama.
- Falou com a sua mãe? 
Ela perguntou e eu assenti.
- Porque está chorando? - Ela perguntou novamente.
- Saudades dela, tia. - Falei.
- Manu... eu já sei o que está acontecendo. 
Ela falou aquilo e eu a olhei sem entender. Como assim ela sabia?
- Tia... eu... 
Não sabia o que falar, eu só queria um abraço e por isso não resisti, fui até ela e a abracei como se estivesse abraçando a minha mãe. Ela me acolheu e pedia pra eu ficar calma, enquanto acariciava os meus cabelos.
Depois que eu consegui me acalmar, nós nos sentamos na cama e ela me olhava séria mas com amor.
- Manu, não vou te perguntar como aconteceu, como você deixou isso acontecer, porque eu tenho dois filhos e sei muito bem disso..
Ela falou e deu risada.
- Agora você precisa contar pro pai desse neném, Manu, ele tem direito de saber e também vai te apoiar, eu tenho certeza. 
- Eu quero contar, mas eu tenho medo, e principalmente dos meus pais, a minha mãe vai se decepcionar tanto... - Falei e abaixei a cabeça.
-Eu engravidei do Guilherme quando eu tinha 17 anos, era ainda mais nova que você. Tive os mesmos medos, a mesma preocupação, mas eu ergui a cabeça e encarei tudo de frente! Jamais abandonaria a criança que eu carregava na minha barriga. Meus pais levaram um choque, e eu tenho certeza que os seus também não levar, mas como os meus, eles não vão te abandonar. Eu e o João tivemos que amadurecer, assumir as responsabilidades, poderíamos ter deixado nossos pais nos sustentar e sustentar nosso filho, mas não, fomos atrás da nossa independência. Começamos a trabalhar, aos poucos juntamos dinheiro, compramos nosso apartamento e assim foi.. chegamos até onde estamos hoje. No começo vai ser dificil, mas aposto que a dona Marcela vai babar nesse neném. 
Ouvi atentamente tudo que ela falou e deixei muitas lágrimas escaparem.
- Obrigada por me ajudar e me fazer enxergar as coisas de um jeito diferente, tia Ju! - Sorri.
Nós nos abraçamos novamente e fomos até a sala novamente, nos juntar com o pessoal.

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