Desespero

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POV Narrador
Sofia chegou em casa sorridente, Chris tinha sido maravilhoso no encontro que tiveram. Ele foi carinhoso e atencioso, não tentou forçar a barra em nenhum momento. Sim, ela estava encantada.


Assim que entrou na sala, viu sua mãe deitada no sofá em frente à televisão.


-Mama, a Cami comeu alguma coisa? - Disse parando em frente sua mãe.


-Han? Não vi tua irmã, não. Ela vai acabar sumindo. - Disse dando risada. Logo percebe que ela, mais uma vez, tinha enchido a cara e não seria útil de nada agora.


Preocupada com a irmã que se isolou desde o dia anterior, vai até a cozinha preparando um sanduíche natural para ela comer e pega um pouco de suco. Sobe as escadas, equilibrando o suco e o sanduíche. Entra no quarto que está escuro e todo fechado e vê que sua irmã está na mesma posição que estava antes dela sair de casa.


Sem perceber, solta o prato e o copo no chão e corre até a irmã e, ao chegar na cama dela, vê o frasco de calmantes que ela sempre se recusou a tomar por conta própria caído no chão, com pouquíssimos comprimidos.


Ela não sabia que Camila já havia tomado vários comprimidos no dia anterior, também não sabia que a irmã acordou brevemente enquanto estava no encontro e buscou o frasco e voltou a passos lentos para sua cama e engoliu a seco mais uma grande quantidade de comprimidos, pois foi só abrir os olhos que lembrou da cena de Josh ensanguentado por sua causa.


Sofia colocou uma mão embaixo do nariz da irmã e outra mão no ponto de pulso da mesma, tentando buscar qualquer sinal que indicasse que sim, sua irmã ainda estava viva. E suspirou um pouco mais aliviada ao sentir uma leve respiração em seu dedo e uma pulsação fraca sob sua mão. Sua irmã estava viva, mas precisava de ajuda urgente.


Sem saber muito bem o que fazer, ligou para a primeira pessoa que vinha à sua mente: Dinah.


-O que você quer, projeto de latina? - Diz Dinah, descontraída, como sempre.


-Dinah... A Cami...


-O que aconteceu com a Camila? Fala logo, Sofia! - Dinah sentiu o desespero subir pela sua espinha.


-Ela tá desacordada... Tomou um monte de remédio. Vem logo, por favor. - A irmã mais nova disse já entre lágrimas, tendo um medo absolutamente real de perder sua melhor amiga.


-To indo, vamos levar ela no hospital. Segura ai.


Dinah desligou o telefone, tentando controlar sua mente que insistia em lhe apavorar com a ideia de perder sua amiga para sempre, desceu correndo, indo em direção ao seu carro e ignorando os chamados de sua mãe.


-Merda, Camila! O que você fez? Você não é louca de me deixar, sua vadia!


Dinah resmungava enquanto acelerava seu veículo ao máximo e xingava seu carro por ser tão lento, mesmo ela estando quase a 70 KM/h numa rua de bairro. Estacionou com uma freada brusca, sem se preocupar se havia feito a baliza corretamente. Saiu correndo, deixando a porta aberta e correu porta a dentro, vendo Sinu jogada no sofá, visivelmente inconsciente. "Cuzona", foi tudo o que Dinah conseguiu pensar pelo segundo que passou correndo pela sala e subindo as escadas.


Sofia tentava, inutilmente, acordar sua irmã quando viu Dinah irromper pela porta e, sem dizer nenhuma palavra, se agachar e erguer uma Camila mole em seus braços. Desceu as escadas rapidamente, porém tomando cuidado para não derrubar a si e sua amiga, sendo seguida de perto por uma Sofia que se desfazia em lágrimas.


Dinah colocou Camila no banco traseiro, enquanto Sofia entrava pelo outro lado para ficar do lado da irmã. Dinah entrou rapidamente no banco do motorista e acelerou seu veículo,ultrapassando carros e levando xingos e buzinadas pelo caminho.


Em cerca de 10 minutos, Dinah parava seu carro de qualquer jeito em frente à entrada do hospital, correu para o banco traseira, agarrou sua amiga inconsciente e irrompeu pela porta do hospital.


-ALGUÉM AJUDA AQUI! - Gritou desesperada para ninguém específico.


-Calma, o que houve? - Se aproximou um enfermeiro, ao mesmo tempo que Sofia chegava ao seu lado.


-Ela tomou alguns remédios e não acorda.


Sem falar nada, o enfermeiro, correu e voltou trazendo uma cadeira de rodas, posicionando Camila ali. Enquanto um médico plantonista chega, após ter sido avisado por uma das recepcionistas.


-Ajuda ela, te imploro...


-Calma. Eu vou ajudar, mas para isso, preciso que me digam exatamente o que aconteceu. - Sofia respira fundo, tentando organizar seus pensamentos, afinal seu desespero não lhe seria útil nesse momento.


-Ela... Ela tomou esse remédio aqui. - Disse entregando o frasco para o médico. - Esse frasco estava cheio e quando cheguei, tava caído do lado da cama. Não sei quantos ela tomou.


-Você é o que da paciente?


-Sou irmã e Dinah é nossa amiga.


-Preciso de um responsável maior para assinar a entrada dela. Alguma de vocês é maior?


-Não.


-Então, chamem alguém. Conversem na recepção e acertem isso. Vou cuidar dela agora. - Disse e sai em direção onde haviam levado Camila.
Ao chegar na recepção, Sofia explica que não há quem assinasse, pois sua mãe não estava em condições de ir até o hospital. Mas com a insistência da recepcionista, Dinah liga para sua mãe resumindo o que aconteceu e implorando para a mesma ir até lá com urgência, o que é atendido prontamente por Milika, que em cerca de 20 minutos depois chega ao hospital.


Após algumas horas de espera, perto das 5 AM, o médico, que agora sabem o nome: se chama Dr. Stevens, volta com a notícia de que haviam feito uma lavagem gástrica e que estavam monitorando o quadro, mas que, por enquanto, ela está estável, porém dormindo e somente poderia liberar uma visita para permanecer no quarto. Após conversa rápida, é decidido que Sofia ficaria no quarto, Dinah e Milika aguardariam na recepção.


Sofia caminha em passos apressados até o quarto que abrigava sua irmã, abrindo a porta e vendo sua irmã ligada a alguns aparelhos e com os olhos fechados. Naquele silêncio sepulcral, o único som que se ouve é do monitor cardíaco que irrita com o seu Bip... Bip... Mas, ao mesmo tempo que Sofia odeia aquele barulho, é grata por ouví-lo: sua irmã está viva e, ao que tudo indicava, ficaria bem.
Sentada ao lado da irmã, odeia a lentidão do tempo que insiste em passar vagarosamente, porém, sem perceber, a noite vira dia, enquanto suas lágrimas silenciosas escorrem incansavelmente por seu rosto.


Sua mão segura a mão inerte da irmã e faz carinho, perdida em pensamentos, se xingando por não ter prestado mais atenção à sua irmã. Droga! Era obrigação dela e ela falhou, mais uma vez.


Até que sente a mão de sua irmã pressionando a sua.


-Cami??

Voltando a ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora