Epílogo

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POV Camila

-Vamos, Camz. A gente vai perder o vôo! - Lauren resmunga.

-Lauren, falta duas horas e o aeroporto é a 20 minutos daqui!

-Eu só tô com saudades de casa! - Ela bufa.

-Eu sei e eu também tô, mas você ficar reclamando de tudo o tempo todo não vai fazer a gente chegar mais rápido!

Ela cruza os braços emburrada e logo termino de me arrumar e partimos para o aeroporto, chegando com 1h30m de antecedência. O silêncio é medonho, faz uma semana que ela está estranha comigo e eu não faço ideia do que está acontecendo. Quando eu pergunto o que aconteceu, ela diz que está normal. Mas ela mal me beijou nos últimos dias. Ela anda resmungando de tudo e todos e parece que, quando me vê, tudo piora.

Só eu sei o medo que vem me acompanhando há dias, medo dela ter se cansado, medo de ela ter mudado de ideia, medo de ela ter conhecido alguém mais “normal”. Eu tento dizer para mim mesma que está tudo bem, mas cada vez que olho para Lauren com sua cara emburrada, eu vejo que não está bem.

O mais estranho é que já estamos há um ano fora de casa e estava tudo bem, parecia que estávamos em uma eterna lua de mel e, do nada, tudo mudou e agora mal nos falamos.

Assim que entramos no avião, ela coloca o fone de ouvido para ver o filme, mesmo ela não gostando de romance. Eu respiro fundo e tento ignorar o aperto no peito e o nó que se forma na minha garganta, pego meu livro e finjo que está tudo normal.

Assim que desembarcamos, pego minhas coisas e saio andando, sem esperar por Lauren. Quando saio pelo portão, avisto imediatamente Clara, Mike e Sofi e um sorriso gigante se forma no meu rosto, junto com as lágrimas que fogem de meus olhos. Em instantes, o corpo de Sofi se choca contra o meu, em um abraço tão forte que eu desmonto e não consigo mais segurar o choro que vim prendendo durante o vôo.

-O que foi, Cami? - Ouço a voz de Sofi, próxima à minha orelha e eu me afasto ligeiramente, limpando as lágrimas e dando um sorriso (que pratiquei muito nos últimos meses no curso de Artes Cênicas).

-Nada, Sofi. Só tô loucamente feliz por te ver. - Percebo que ela não acredita muito, já que ela lança aquele olhar de “Vamos conversar depois”.

Ainda nos braços dela, ouço meus sogros (espero que sejam ainda) comemorando ao verem a filha chegando. Após os Jauregui abraçarem a filha, Clara me envolve em um abraço apertado, um abraço de mãe. Sendo seguida por Mike, que me abraça, enquanto Sofi vai conversar com Lauren.

No carro, só quem fala são os três, já que Lauren e eu apenas nos expressamos monossilabicamente. Assim que chegamos em casa, corro para o quarto e começo a desfazer as malas. Lauren entra no quarto em seguida, mas finjo que ela não está ali e continuo guardando minhas coisas.

Como Miami está um calor infernal, mesmo sendo de noite, bem diferente de diferente de Nova Iorque, estou me sentindo nojenta de suor, então entro no banho, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo, tomando coragem para enfrentar os próximos dias, fingindo que está tudo ótimo.

Voltando a ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora