Maldito Planeta Olhos Verdes

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POV Camila

~Domingo de noite~

Eu estou deitada na cama com Sofi, quase pegando no sono com ela mexendo em meus cabelos, quando ouço a campainha soar pela casa. Minha irmã, achando que eu já dormir, levantou cuidadosamente da cama, saindo na ponta dos pés para "não me acordar".

Ouço a voz da minha mãe embolada e falando alto, até que tudo fica silencioso. Após alguns minutos, ouço minha irmã entrando no quarto novamente e deitando ao meu lado, me abraçando e posicionando seu rosto na curvatura do meu pescoço. Sinto seu rosto molhado e percebo ela fungando. Ela chorou. Meu coração estilhaça dentro do peito, ela tá sobrecarregada e já passou da hora de eu tomar controle de tudo e deixar minha irmã ser apenas uma adolescente. Giro meu corpo em seu abraço, ficando de frente para ela, e a puxo mais para mim. Agora sou eu que a consolo, sentindo suas lágrimas molharem a parte da frente da minha camiseta, até que ela pare de chorar e caia num sono calmo, sendo seguida por mim.

Acordo com o barulho do despertador. Dia de voltar para o inferno, aliás, escola. Desligo a tortura sonora. Minha irmã está enroscada em mim, mas mesmo assim tento fazer meu Ritual dos 10 Passos.

Entro no banheiro e me encaro, vendo meus olhos opacos. Sua idiota, você precisa tomar controle da sua vida. Não é justo o que você está fazendo com a Sofi! Ninguém tem que pagar pelas suas merdas. Você vai começar a mudar e vai ser hoje!

Brigando comigo mesma, entro no banho, deixando a água quente no meu corpo tenso e esfrego a esponja com força, tirando os resquícios de fraqueza. Finalizo meu banho e vejo uma Sofi com a cara inchada na cama me olhando. Ela deve ter percebido quando levantei e ficou prestando atenção pra ver se eu não iria surtar. Me desculpa, Sofia! Juro que vou tentar de recompensar por toda essa merda!

Sofi continua me encarando, tentando confirmar se eu estava bem ou só fingindo e então se levanta, anda até mim, me deixa um beijo no rosto e deseja um bom dia. Me arrumo rapidamente e desço as escadas indo até a cozinha, fazer algo para Sofi comer. Minha mãe está na sala e eu passo direto. Quando estou de costas, mexendo na geladeira, ouço passos se aproximando.

-Olha, parou de fazer a sua irmã de empregada? - Debocha e eu finjo que não ouvi. - Sua vadia, eu to falando com você. Além de vadia é sem educação? - Respiro fundo e ignoro novamente. Merda, Camila. Mantenha suas merdas juntas! - Quando eu falar com você, você me responde, sua puta! - Diz segurando meu pulso e me girando. Foda-se. Dane-se o auto controle!

-Puta é você, sua bêbada nojenta. Não ouse encostar em mim novamente! - Digo puxando meu braço do seu aperto. Ela arregala os olhos e abre um sorriso debochado.

-Ou o que? Vai fazer comigo o mesmo que fez com Alejandro? Hein, sua puta? Ta mostrando as garrinhas agora?- Diz se aproximando, ficando tão perto que era possível sentir nossas respirações se confundindo. Ela ter falado do meu pai foi uma facada direto no meu peito e eu senti toda raiva acumulada por anos subir pela minha espinha, minha respiração acelerou e minhas mãos começaram a tremer.

Empurro ela com força contra a parede e me aproximo lentamente dela, segurando seu rosto em minha mão, apertando suas bochechas com força, deixando-a com os olhos arregalados e exibindo um brilho de medo.

-Presta bem atenção no que eu vou falar, Sinuhe Cabello, pois eu vou falar apenas uma vez! A Camila submissa que você conheceu acabou de morrer e você a enterrou, então, se eu fosse você, esconderia muito bem essas garrinhas e começaria a engolir essa porra desse veneno, pois não, você não me conhece e não sabe do que eu sou capaz. Continua, Sinuhe, continua me agredindo e eu juro que você vai se arrepender de ter nascido. Se você é uma bosta de mãe, a culpa não é minha e não vou mais aturar suas merdas. Então, aconselho você a colocar o rabinho entre as pernas e começar a ficar caladinha. - Digo tudo pausadamente e baixo, fitando seus olhos, vendo seu medo se alastrar por todo seu corpo. Até eu ouvir passos e me afastar dela, deixando-a com olhos arregalados e encolhida junto à parede.

Voltando a ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora