Indigente

2.8K 236 13
                                    

POV Lauren

-Camz? - Digo me afastando e vejo seus olhos fazendo força pra abrir. - Amor, sou eu. - Ela grunhe algum barulho. - Não fala nada, amor. Espera um minuto, vou chamar o médico. - Deixo um beijo na testa dela e saio correndo até encontrar a enfermeira Cosima. - Moça, por favor. A Karla Camila acordou. - Ela então associa o que acabei de dizer de modo afobado.

-Tudo bem, vamos lá, vou chamar o médico. - Ela segue comigo em seu encalço.

-Camz, tô aqui. Mostra pra ela, amor. Mostra que você tá acordada! - Com muito esforço, ela consegue fazer outro grunhido e abrir minimamente os olhos.

-Tudo bem, não faz esforço. Fica quietinha e não tenta falar nada. Vou chamar o médico. - Ela diz e sai andando em passos rápidos.

-Camz, meu amor. Não acredito! Senti tanto sua falta, minha vida. Meu Dumbledore, vai todo mundo surtar! - Digo dando beijos pelo seu rosto, enquanto lágrimas de felicidade caem feito cachoeiras dos meus olhos. - Tô tão feliz! Caraca, o dia mais feliz da minha vida! Sério! Te amo! Te amo! Te amo! Te amo! - Deixo beijos suaves por todo seu rosto.

-Licença? - Ouço a voz grossa e, ao me virar, encontro o médico parado na porta, nos olhando, com a enfermeira ao seu lado. - Desculpa interromper, mas eu preciso examinar a paciente. - Ele diz calmo. Eu concordo, me afastando. - Eu quis dizer que eu preciso que você se retire para eu poder examinar.

-Oh, claro. Até daqui a pouco, Camz! - Deixo outro beijo na testa dela e olho para o médico. - Cuida dela, por favor!

-Pode deixar! - Ele dá um sorriso simpático.

Saio pelos corredores, não me contendo de alegria.

Ok, calma, Lauren! Sofia, você precisa avisar Sofia!

Pego meu celular e, com as mãos trêmulas, eu vou nos meus contatos, procurando o número de Sofia. Logo o celular começa a chamar. Um toque. Dois toques. Três toques.

-Merda, Sofia! Atende logo! - No quinto toque ela me atende.

-Oi, Laur. Tudo bem com a Camz? - Sua voz exalando preocupação e, como se um iceberg tivesse saído das minhas costas, eu desabo num choro intenso. - Lauren, o que aconteceu? Fala logo, merda! - Sua voz aumenta o tom, quase apavorada.

-A Camz, Sofi…

-O que tem ela, Lauren? Fala logo, porra!

-Ela… Ela acordou! - Silêncio do outro lado, só ouço meu choro e nada mais.

-Alô, Lauren? - Ouço a voz de Chris. - O que você disse pra ela? Ela desmaiou aqui!

-A Camz, acordou, Chris! Ela acordou!

-Vou acordar a Sofia e tô indo aí!

Desligo o celular, ainda tremendo, mando uma mensagem rápida no grupo que criamos apenas para atualizar informações sobre Camz. E, como no dia que viemos com ela no dia que ela chegou, fico andando de um lado para o outro, angustiada, querendo ver minha latina logo.

Não demora muito e um monte de gente atravessa a porta, como uma manada de elefantes, desesperados por qualquer informação. Todos me cercam e eu começo a relatar o que aconteceu. Sofia se joga em meus braços com força, sendo seguida de Dinah e nós três juntas, desabamos num choro intenso de alívio. Nenhuma de nós queria admitir que algo poderia acontecer com ela, mas nós sabíamos cada possibilidade, cada porcentagem, mas nos recusamos a aceitar esses números. E agora ela acordou!

Não sei como nem quando, mas nosso abraço se tornou praticamente num montinho. Além de nós 3, juntou-se Mani, Ally, minha mãe, meu pai, Chris, Milika, Anna, Demi e Harry. Mesmo quem não conhecia muito a Camz, chorava de alívio. Mesmo sem perceber, ela é capaz de conquistar todo mundo, assim como me conquistou tão completamente.

-Sofia? - Nos afastamos e encaramos Tatiana que nos olha com uma feição séria.

-Aconteceu alguma coisa com a Camila? - Sofia dispara preocupada.

-Camila está bem. Podemos conversar? - Sofia acena e todos formamos uma barreira protetora ao redor dela. - Talvez seja melhor em particular. - Ela sugere, mas Sofia nega com a cabeça.

-Não. Pode dizer o que tiver que dizer aqui. - Tatiana, mesmo contrariada, acena com a cabeça.

-Bom, não é minha função exatamente, mas pediram pra eu vir, por já conhecer vocês e, pela recuperação da Camila, imaginamos que você estaria aqui. - Ela respira fundo e olha cada um de nós, visivelmente desconfortável. - Sua mãe, Sofia. Eu sei que você não quis ter nenhuma informação dela, mas, quando ela chegou aqui e foi medicada, o organismo dela não aceitou a medicação e o sistema dela começou a lutar contra qualquer intervenção, consequentemente, sua saúde foi ficando cada vez mais debilitada.

-E? - Sofia emenda, já ciente do que a médica vai concluir.

-E… Ela não resistiu. Você, como última parente viva e consciente dela, deveria receber a notícia. E tomar as providências para o enterro. - Sofia acena com a cabeça calada, como se estivesse decidindo algo e 12 pares de olhos fixos nela aguardam a resposta.

-Podem fazer o que vocês fazem com indigentes, não me importo.

-Sofia, mas… - Minha mãe começa, mas Sofia a interrompe.

-Desculpa, Tia, mas uma pessoa que fez de tudo pra tirar a vida da minha irmã, não merece nada mais que o nada. Ela virou o próprio nada pra mim e eu não quero ter mais nada relacionado com ela!

-Você tem certeza, Sofia? Pode ser que depois…

-Não vai ter depois, Tatiana. Se quiserem jogar no lixo, eu não me importo. Só quero esquecer que ela existiu!

Voltando a ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora