POV Lauren
Eu quero ir com Camila na ambulância, mas não deixam, então quem vai é minha mãe. Sendo que Sinu vai sozinha, sem qualquer acompanhante, além do policial que vai escoltá-la.
O resto de nós é encaminhado para a delegacia, para colherem nossos depoimentos. Sofia, que não pode ir na ambulância por causa de sua idade, chora copiosamente nos braços do meu irmão e eu choro nos braços do meu pai, enquanto Taylor, que foi liberada rapidamente por não ter machucado, está abraçada no próprio corpo, com o olhar perdido.
Ela não precisa dizer nada para que eu saiba o que ela está sentindo, então me solto dos braços do meu pai e vou até minha irmã, abraçando-a e ela se agarra a mim com força.
-Me desculpa, Laur! - Diz, finalmente chorando. - Não era pra isso ter acontecido! É tudo culpa minha, Laur! Ela só foi lá por minha causa, é minha culpa!
-Shh… Calma, Tay. - Afasto meu rosto para poder olhá-la. - Não foi sua culpa, a culpa é daquela maldita. Ela vai ficar bem, ela tem que ficar bem!
Afundo meu rosto em seu pescoço novamente, ficando agarrada com ela até que o nome dela é chamado para que ela deponha. Em seguida eu sou chamada e, assim que sou liberada, corro para a porta, avisando meu pai que eu vou para o hospital e Taylor vem no meu encalço. Andando pelas ruas, todos nos olham por causa de nossas roupas manchadas de sangue, mas apenas entro no carro de Camila, que estava com Normani, e sigo para o hospital, passando por vários semáforos fechados e bem acima da velocidade.
Paro o carro de qualquer jeito no estacionamento, jogando a chave para o manobrista do lugar e saio correndo em direção à porta, sendo seguida de perto por minha irmã. Assim que entro, vejo minha mãe na recepção, andando de um lado para o outro. Assim que ela nos vê, vem em nossa direção e abraça Taylor com força.
-Você tá bem? Desculpa, eu vi aquele sangue e me apavorei! Me diz que você tá bem, diz que me desculpa, por favor! - Minha mãe chora nos ombros da minha irmã, que a aperta de volta com força. Por mais que eu queira informações sobre Camz, não ouso atrapalhar o reencontro atrasado das duas
-Tá tudo bem, mãe. Não precisa pedir desculpa!
-Mas…
-Eu tô bem, a Camila que tava machucada. - Ela se afasta, olhando minha mãe. - Alguma notícia? - Minha mãe funga, secando as lágrimas.
-Nada ainda. Entraram com ela, mas não disseram nada até agora. - Ela olha para mim com preocupação. - Mas ela teve uma parada cardíaca, filha. Conseguiram estabilizar ela até chegar aqui, mas não parece bom. Ela tava bem machucada, Laur. - Dou um passo para trás, sentindo o golpe daquelas palavras e sinto o ar ser sugado dos meus pulmões e minhas pernas amolecerem.
Não. Não! Isso não pode estar certo! Minha Camz não pode morrer! Não! Isso deve ser algum equívoco, eles estão errados! Minha Camz é muito nova para ter uma parada dessas.
-Lauren?
-Laur?
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Voltando a Viver
FanfictionLauren, 22 anos, intersexual, inteligente, engraçada, sonha em estudar Música em Julliard, mas se isola do mundo por não saber lidar com sua condição. Camila, 18 anos, ultimo ano do Ensino Médio, conta os minutos para finalmente poder ir a Julliard...