POV Camila
-Sofia, onde seu namorado foi com a minha namorada? - Normani aparece questionando, antes mesmo de nos dar “bom dia”.
-Bom dia pra você também, Mani. Não sei da sua namorada, mas o Chris falou que ia na biblioteca.
-O que houve, Mani? - Pergunto confusa e Mani volta seu olhar para Sofia.
-Acontece que seu namorado e a minha namorada mentiram pra gente. - Ela diz, se jogando no banco ao nosso lado.
-Oi? Não! O Chris foi pra biblioteca! - Sofi insiste.
-Do mesmo jeito que minha namorada disse que ia pegar umas coisas no estúdio e, minutos depois, vejo ela e Chris entrando no carro e saindo.
-O que? Como assim? Não tem motivos pra eles mentirem pra gente! - Sofia diz, já pegando o celular.
-Tenta a sorte. - Mani diz, apontando para o celular na mão da minha irmã. - O da minha Logo-Morta-Namorada está desligado!
Sofia leva o celular à orelha e fecha sua cara ao perceber que o celular de Chris também está desligado e desligando a chamada.
-A Lolo! - Eu digo e elas me olham. - Ela deve saber onde o irmão tá! - Dessa vez eu pego o celular…. Caixa postal! - Agora tô preocupada! Até entendo a DJ e o Chris cabularem aula. Mas a Lolo não desliga nunca o celular por minha causa! - Sinto minha respiração começar a pesar, com medo de algo ter acontecido.
-Calma, Mila! Ela deve estar bem, só deve estar aprontando com aqueles dois idiotas! - Mani tenta me acalmar e Sofia já me abraça. - A gente tá esquecendo da Ally! Ela deve saber de algo. - Pega o celular e procura o contato da baixinha. - Alô? Sim… Sou eu.. Não, eu tô… Deixa eu falar, por favor? - Bufa irritada. - Eu tô na escola, o sinal ainda não bateu. Mas a gente não tá conseguindo falar nem com Chris ou Lauren ou Dinah. Me diz que você sabe alguma coisa.... Não sei. A Dinah e o Chris estavam aqui na escola, mas vi os dois saindo de carro e agora nem a Lauren atende… Tá bom, aviso sim! Ah, se você encontrar a Dinah antes de mim, melhor se despedir dela! Tá… Tá… O sinal tá batendo, me liga se souber de algo!
-O sinal não bateu ainda, Mani. - Sofi comenta.
-Eu sei, ela começou com sermão dela de paz e eu inventei pra fugir mesmo. O que eu menos tenho nesse momento é paz. Eu diria, até, que estou pronta pra guerra!
-A Tia Clara! - Sofi lembra e eu nego.
-Ela mataria o Chris se soubesse que ele ia matar aula.
-Eu realmente espero que Christopher tenha uma ótima razão pra esse sumiço.
-E a Dinah.
-E a Lauren. - Eu suspiro, tentando evitar o pensamento de que algo pudesse ter acontecido.
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Assim que o sinal bate, saio correndo em direção à saída e vejo Mani e Sofia conversando. Pela cara delas, ninguém teve notícias. E eu confirmo meu pensamento, quando eu me aproximo e ouço Mani xingando Dinah de nomes bastante assustadores, enquanto faz dezenas de ameaças.
Como boa iludida que sou, insisto em pegar o celular e eu mesma ligar para os 3 números. E, adivinha? Isso mesmo, caixa postal!
Eu realmente estou tentando me convencer que ela está bem, mas todos os alertas em minha cabeça estão enlouquecidos. Eu começo a respirar fundo, tentando controlar minha tremedeira e respiração. Assim que Sofi percebe, ela pede para Mani dirigir o meu carro e nos levar em casa.
Logo estamos no carro com Mani na direção e Sofia tentando manter uma conversa comigo e eu tento, com todas minhas forças não ceder ao pavor que começa a crescer. Durante o caminho, o celular de Sofia toca e ela pega desesperada, mas é Ally, querendo saber se temos alguma notícia, após a negativa de Sofi, a baixinha diz que irá nos encontrar em casa, pois também está preocupada.
Em minutos chegamos em casa, encontrando a mesma vazia, nem mesmo Clara está em casa. Minha irmã, vendo que estou começando a perder o controle, pega um dos calmantes que a doutora Brochu receitou e, em minutos, me sinto dopada, um tanto aérea e, estranhamente, calma.
Duas horas se passaram desde que chegamos em casa. Ligamos para Clara, apenas por via das dúvidas, mas ela foi visitar uma amiga e, depois ia ao mercado. Pela sua calma, ela não sabe nada do sumiço.
Quatro horas se passaram desde que falamos com Clara e resolvemos atrapalhar Mike no serviço. Por ser mais racional que Clara, Ally explica o que houve e, obviamente, ela fica tão preocupado quanto a gente e diz que logo estará em casa.
Três horas desde que falamos com Mike, duas horas desde que ele chegou. Meu celular toca, mas é a Tia Milika, estranhando o sumiço da filha também e meia hora depois ela se junta à nós e, minutos depoi, Clara chega, cheia de compras e sorridente. Um sorriso que morre ao ver todos na sala e todos com uma expressão nada agradável.
Como imaginado, Clara começa a se desesperar e quer ir até a polícia, mas Mike a impede, visto que não faz nem 24 horas do sumiço. Ela começa a ligar desesperadamente para os filhos, tendo a mesma resposta que a gente: Caixa postal.
O efeito do calmante começa a passar e eu não posso tomar mais. Tento me manter no mesmo nível de calma, mas é como se meus membros e pulmão tivessem vida própria, pois começam a tremer e trabalhar desesperadamente por ar e nunca sendo suficiente.
Todos na casa agora estão dividindo sua preocupação entre o sumiço dos três e meu iminente surto. Milika vai até a cozinha com Clara, dizendo que ia preparar um chá natural para mim, enquanto todos me rodeiam e tentam conversar comigo sobre os mais diversos assuntos, tentando me distrair.
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Voltando a Viver
FanfictionLauren, 22 anos, intersexual, inteligente, engraçada, sonha em estudar Música em Julliard, mas se isola do mundo por não saber lidar com sua condição. Camila, 18 anos, ultimo ano do Ensino Médio, conta os minutos para finalmente poder ir a Julliard...