Universos Paralelos

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POV Camila

Quando o filme acaba, continuamos nas mesmas posições, conversando sobre o filme e um assunto foi puxando o outro até que, de algum modo, estávamos falando, graças à Lauren, de bandas de Rock dos anos 80.

Ouvimos a campainha e, instantes depois, uma Dinah se joga na cama sobre nós.

-Que cheiro de buceta é esse? - É a primeira coisa que ela diz e Lauren congela.

-Não tem cheiro nenhum, Dinah. Deve ser você que encontrou a Mani e não lavou a mão direito. - Sofi diz e, em seguida, leva um tapa de Dinah.

-Enfim, não é de buceta que vim falar. Como ninguém apareceu no grupo hoje, eu vim verificar como os bonitos estão, achei que ia chegar aqui e ia encontrar a Sofia em vários pedaços. Me iludi! - Diz tristemente.

-Quem sabe da próxima, Dinah. - Minha irmã dá de ombros.

-Como você tá? - Dinah olha para mim com aquele olhar que exala preocupação.

-Eu to melhor, DJ. - Dou um sorriso tranquilizador para ela, que me encara por alguns instantes, tentando descobrir se falei a verdade.

-Tá bom, então. Eu só vim ver como você tava, tenho que ir embora, cuidar do remelentos. - Se levanta e olha para Lauren. - Você fez um bom serviço, branquela. Obrigada. - E sai do quarto.

-Isso foi dose em excesso de Dinah, só pela fofura dela. Preciso me recuperar. - Diz Sofi. - Vamos, Chris. Deixar o casal namorar.

Logo eles saem, nos deixando a sós, após fecharem a porta.

Saio do abraço de Lauren e me deito ao seu lado, puxando-a para deitar em minha frente. Ficamos nos encarando, sem dizer nada.

-Fiquei preocupada. - Ela diz baixo, como se estivesse contando um segredo.

-Desculpa. - Murmuro.

-Você quer me contar o que aconteceu?

Eu considero por alguns instantes, mas sinto que preciso falar sobre aquilo ou vou enlouquecer com aquelas imagens.

-Meu pai sempre me chamou de… Daquele apelido, desde que eu era criança, eu praticamente não ouvia meu nome. E, quando… Quando aconteceu o acidente, eu não me sentia bem ouvindo aquele apelido, me lembrava dele. Mas um dia, uns 2 meses depois do acidente, eu cheguei em casa sem a Sofi, que tinha ficado na escola para fazer um trabalho. Assim que eu entrei em casa, minha mãe me espancou pela primeira vez e, a cada golpe, ela fazia ironias e usava o apelido. Nos últimos golpes, ela me chamava de monstro e assassina, sempre usando aquele apelido. Foi quando eu comecei a ter os surtos e exigi que Sofi parasse de me chamar daquele jeito. E, quando eu li aquilo… Veio tudo na minha cabeça, cada golpe, cada palavra. Sofi só sabe que eu me machuquei, ela não sabe que foi aquele dia que minha mãe começou a me espancar, nem sabe que ela me fez odiar esse apelido.

Voltando a ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora