POV Lauren
Já é domingo, estou com fome e hoje é dia do Chris cozinhar, mas não o vi desde que ele me atropelou ontem a noite. Aliás, por causa dele, eu não consegui dormir a noite toda. Sim, estou acordada desde ontem cedo. Que merda, Chris!
Bom, mas a questão é: Eu passei a noite inteira pensando se o que ele disse estava certo. E cheguei a conclusão que não, ele não está certo. Eu não tenho preconceito, eu só não gosto dele e também acho que vou ficar aliviada, sim, quando conseguir tirar ele. Como eu posso ser preconceituosa comigo mesmo? Não, ele tá falando besteira!
Enquanto passava algum filme aleatório no Netflix que eu eu realmente nem lembro de ter colocado, meu irmão surge na sala, atrapalhando minhas divagações. Eu já ia reclamar da demora para fazer o almoço, mas, quando olho para Chris, ele está com uma cara preocupada.
-O que houve, Chris? - Pergunto enquanto ele pega o telefone na mesinha e começa a discar algum número.
-A Sofi, Laur, ela não me atende. Desde que eu deixei ela na casa dela ontem. Não sei o que tá acontecendo!
-Aconteceu alguma coisa entre vocês? Discutiram?
-Não, Laur. Tava tudo bem. Não discutimos nem nada. Ela até pediu que eu mandasse mensagem quando chegasse em casa e eu mandei, mas ela nem visualizou. Aliás, ela nem entra no whats desde ontem, antes de eu mandar mensagem. To preocupado, Laur. - Ele diz com uma expressão aflita.
-Você tá gostando dela mesmo, hein, Poste? - Ele acena com a cabeça. - Calma. Ela deve estar bem. Logo ela aparece. Vem cá, senta para ver filme comigo.
Mas ela não apareceu. Pelo menos não antes de ser 10PM, na verdade, já eram 10:36 PM quando ela mandou mensagem para meu irmão, que deu um pulo do sofá, assustando eu, meu pai e minha mãe, já que Tay havia voltado para Yale.
-Finalmente! - Ele exclama! Aliviando a expressão aflita ao ver o nome que apareceu no celular.
-É ela? - Pergunto.
-Sim. - Diz com um mini sorriso.
-E ela disse o motivo de sumir? - Pergunto estranhando o sumisso da minha cunhada.
-Acabei de perguntar. Ela ta digitando... - Para de falar e lê o que ela mandou, sua expressão ficando preocupada.
-Fala logo, criatura! - Minha mãe se pronuncia após o silêncio do Chris.
-Parece que a irmã dela teve que ser internada às pressas e ela não levou o celular. Chegou só agora em casa.
-A louca lá que bateu no menino? - Ele acena com a cabeça. - Mas o que ela tem, afinal?
-Mas ela ta bem, Chris? Elas precisam de algo? - Pergunta minha mãe preocupada. - Os pais delas estão em casa?
-Não sei, Laur. Ela não gosta de falar muito da irmã ou da família, mãe. Só sei que elas são muito próximas e não sei nem o nome da mãe dela. - Diz, logo voltando a digitar algo.
-Que estranho.
-Chris, veja se elas querem ficar aqui, se os pais não estiverem em casa. Se a menina passar mal, pelo menos a gente tá perto para socorrer. - Meu pai diz, ele não consegue saber que alguém está mal e simplesmente não fazer nada. Meu pai é lindo, eu sei!
-Ta bom, pai. - Logo digita de novo e espera a resposta. E, quando a resposta chega, ele fecha a cara, numa expressão mais preocupada. - Ela disse que não vem, que elas já vão deitar para dormir, só vão comer alguma coisa e também não querem dar trabalho.
-Fala que não é trabalho nenhum. Fala que estamos pedindo para elas virem. - Meu pai insiste. - E, novamente, meu irmão digita.
-Ela mandou um áudio.
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Voltando a Viver
FanfictionLauren, 22 anos, intersexual, inteligente, engraçada, sonha em estudar Música em Julliard, mas se isola do mundo por não saber lidar com sua condição. Camila, 18 anos, ultimo ano do Ensino Médio, conta os minutos para finalmente poder ir a Julliard...