• capitulo 23 •

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Carol narrando.

Me ajoelhei na cama toda sem jeito e nem se quer com jeito de falar com Deus. Sempre fui com minha mãe pra missa mas sempre fazia o Pai nosso e a oração de Ave Maria.

" Deus, cuide de minha irmã aonde ela estiver, proteja ela de qualque perigo, que Jesus esteja com ela. Amém! "

Abri meus olhos e me levantei vendo minha mãe na porta me olhando, ela veio até a mim e me abraçou, aquele abraço me deu o conforto que eu mais precisava no momento.

- Mãe, ela está bem, ela está... - falei abraçando minha mãe.

Enxuguei as lágrimas dela e ficamos ali um tempo abraçadas.

*****

Era de noite já, minha mãe estava sentada na poltrona da sala sem dormir desde o dia que Valentina sumiu, fiz uma janta do meu jeito e entreguei a ela e me a juntei a ela para comer. Henrique entrou voado pra dentro e subiu, terminamos de comer e logo entrou Dedé em casa.

Olhamos pra ele e na cara dele já viaa tristeza, abaixei a cabeça e começou a passar mil coisas pela minha cabeça. Minha mãe se levantou correndo até Dedé e começou a sacudir ele.

— Cadê Valentina? Cadê a minha Valentina Deivid? - Minha mãe dizia enquanto chorava balançando Dedé.

Dedé apenas abraçou ela e foi ai que meu mundo caiu, me tremi toda, aquele frio pela minha espinha veio, meu estômago se embrulhou, e eu corri subindo para a procura de Henrique, entrei no quarto dele e ele estava de cabeça baixa, ele me olhou e eu corri até os braços dele. Me sentia sem a minha própria metade, comecei a chorar baixinho e lá fora começou o barulho do vento pela janela, sinal que iria chover.

*****

Maria Victoria

3 meses depois...

Eu perdi minha filha, a minha menininha, pra mim a minha vida tinha acabado, não saia de casa pra nada, não comia e mal comia. Entrei em uma depressão profunda, mas sempre com fé em Deus.

Eu fazia acompanhamento psicológico, as vezes ia em um grupo de mulheres que perderam seus filhos também pela violência. Mas o que me fazia ocupar o tempo mesmo era um projeto com as crianças daqui da Rocinha que eu fiz, era um espaço aonde as crianças carentes iam lá passar a tarde aonde recebia comida, amor, carinho, aprendizados, brincadeiras e entre outras coisas.

*****

Sai de casa e ia indo para o Kaof, o grupo das crianças carentes. Fui descendo e as pessoas me dava um sorriso gentil, e eu retribuia sem mostrar os dentes.

Senti algo me abraçar por trás forte, me virei com tudo e era Bruno.

— Tá guiando pro Kaof? - Bruno perguntou.

— To sim. Eu deixei o seu prato no microondas se caso for comer. - Falei abraçando ele.

Ele me abraçou de volta e ficamos ali por um tempinho calados.

— Olha se não é o casal da Rocinha. - Jorginho disse enquanto carregava um menino loiro.

— Ih Colfoi Jorge? De qual é desse menino? Tu já mandou o papo pra Ranielli? - Bruno perguntou.

— Tu acredita que não irmão, ela vai me matar quando souber. - Jorginho disse coçando a cabeça.

— De quem é essa criança? - Perguntei.

— É dele mermo, fez até teste de dna pra ver se era dele mesmo, cria loira e olha ele pô. - Bruno disse enquanto negava com a cabeça.

— Só to criando coragem pra contar irmão, não é fácil. - Jorginho disse.

— Bom eu vou indo por que to atrasada já, beijo beijo. - Falei e dei um selinho no Bruno e mandei um joia pro Jorginho.

— Qualquer coisa da um toque. - Bruno disse e me deu um tapa na bunda.

— Ou por favor né, meu cria aqui. - Jorginho disse rindo.

Desci a rua guiando até a Kaof, cheguei lá e já tinha algumas crianças me esperando no portão, comprimentei cada uma e fomos entrando direto pro refeitório.

****

Já eram 18:00, Fechei o portão e fui subindo até eu trombar com Carol e com um menino que devia ter uns 18 anos, eu olhei bem pra cara dela e ela se assustou quando me viu.

Ela falou algo perto do ouvido dele e veio rápido em minha direção.

— Sorte que não é seu pai e nem Henrique Caroline. - falei negando com a cabeça.

Depois do que tinha acontecido com Valentina tinha tido uma boa conversa com Henrique e Carol sobre saber com quem se envolver, ir atrás de saber de tudo.

— Vem aqui Tubarão. - Carol gritou pro menino e ele veio.

Olhei bem pra ele e vi de cara a cara de bandido, não falei nada por que gostar de bandido deve estar no sangue, só por Deus.

— Opa senhora. - ele falou e logo senti o cheiro de maconha.

— Tenho cara de velha pra ser senhora? Como você chama? - Perguntei arqueando uma sobrancelha.

— Kauê, mas conhecido como tubarão... - Tubarão disse e eu suspirei.

Morria de medo de algo acontecer de novo com os meus filhos, mas infelizmente não posso segurar esses dois pra sempre.

— Caroline, quero você pra janta, e torça pra ninguém te ver aqui com ele. - falei suspirando.

Ela assentiu com a cabeça e eu virei as costas.

— Dona fica tranquila que não quero mal da Caroline, to aqui pelo certo, se quiser vou ir falar contigo e o Bruno. - Ouvi o Tubarão falar.

Me virei e ele tava me olhando todo sem jeito. Eu já havia visto ele por aqui, e eu sabia que ele devia ser algum vapor do Bruno, olhei bem pra ele e assento com a cabeça.

Fui subindo até em casa e quando cheguei me deparei Henrique no sofá com uma biscate aqui do morro.

— Henrique tá achando que tá aonde? - Falei puxando ele. - E tu sai do meu sofá sua imunda. - Falei pegando ela pelo braço e tacando pra fora de casa.

*****

Terminamos de jantar e Bruno tava no maior fogo.

— Eu to aqui tá? - Carol disse com uma cara de nojo.

Bruno parou e deu com os ombros. Carol subiu e Bruno subiu em cima de mim me beijando.

— Pô gata, nois podia tá tendo mais uma cria em... - Bruno disse beijando meu pescoço.

• aperta na estrelinha •


O dono do morro e a Patricinha || 2°TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora