10 - DANIEL
Como planejado, seguimos para Bogotá, a ideia era fazermos parte do grupo da Ángel e, por isso, enturmar-se, ganhar a confiança, era parte da ação para desmantelar o cartel e suas ramificações.
Lógico que averiguei o endereço que me enviou e a única informação que consegui foi que se tratava de um clube privado para sócios exclusivos. O dono, Benício, era um homem influente junto aos líderes do tráfico, segundo a minha fonte. Porém, a polícia não tinha provas contra ele que pudessem ser usadas.
— Fato curioso — disse Joaquim.
— Qual?
— É um clube de fetiches.
— Clube de fetiches? Não tinha nada no arquivo da Angel sobre ela curtir coisas assim — comentou Amanda, olhando-me preocupada.
— Faltaram muitas informações nas pesquisas sobre a Ángel e diante das novidades só nos resta nos adaptarmos — disse, retribuindo o seu olhar.
Pelos meus embates com a Ángel sabia que ela era uma dominadora, só não imaginei qual seria o nível. Até que meus olhos se perderam nos dela no momento em que o submisso a fez gozar e percebi que ela sem dúvida era o pecado, porém não me definia como o crente capaz de resistir ou seria?
Sentamos à mesa, fiquei ao seu lado. O que não imaginava era quanto esse simples gesto seria difícil, pois o cheiro de fêmea que emanava daquela mulher estava me embriagando.
Quando me fez segui-la pelo corredor, confesso que fiquei receoso sobre o que poderia acontecer. Mas não tive medo por ela ser a líder de um cartel, e sim por ser a porra da dominadora cujo gostinho eu já tinha apreciado.
Assim que entramos no quarto, olhei para os brinquedos, entre eles, a cruz de santo André, chicotes, pás, algemas e uma cadeira de ferro que lembrava um trono bem no meio do quarto. Um cenário próprio para o BDSM que eu também gostava de curtir. O único problema é que havia dois dominadores naquele quarto e seria impossível que um deles cedesse para que a cena pudesse acontecer.
Avaliando o contexto de forma racional, eu sabia que transar com a Ángel seria um erro, então resolvi questioná-la sobre o lugar e afirmar que não aconteceria nada. No entanto, ela começou a argumentar de forma a evidenciar que não complicaria somente para mim, mas para toda a operação.
Respirei fundo e aproximei-me dela para dar a resposta que nos manteria no jogo e daria um seguimento diferente ao meu relacionamento com a Ángel. Porém ela não se submeteria facilmente e, com o nariz arrebitado e um olhar de tigresa que observa atentamente a sua presa, ficou parada, olhando-me e esperando, desafiando-me claramente.
— Não sei quem fez a sua pesquisa, mas com toda certeza não chegou à nossa origem, à minha e à da Amanda, porque, se tivesse, saberia que a nossa mãe foi uma cantora famosa que perdeu tudo para as drogas e teve muitos amantes. Ou seja, somos de pais diferentes, por isso as diferenças físicas. Hoje somos dois adultos que sempre se arranjaram por conta própria. — Continuei: — depois que a mamãe morreu de overdose, um de seus amantes me colocou como faz tudo nos seus negócios nada ortodoxos. Eu e Amanda construímos nossa independência e depois de matá-lo achei que não seria uma boa ideia ficarmos no Brasil e usar de seus contatos na Bolívia. Eles poderiam ter interesse em acabar comigo, afinal a morte do Ramiro rendeu um prejuízo bem grande e estavam interessados em se vingar de quem restou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ángel
ChickLitA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...