ÁNGEL

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Guillermo andava ao meu lado, e Daniel logo atrás enquanto guardas nos cercavam pelas extremidades com armas nas mãos. Dois deles levavam tochas para iluminar a escuridão na qual a floresta se encontrava.

— Sinto muito pelo Rico — sussurrou Daniel atrás de mim.

— Não se atreva a falar comigo — sussurrei de volta.

Estava difícil no momento decidir quem eu queria matar primeiro: Daniel ou o Mendez.

Chegamos a uma pequena vila com no máximo cinco casas e três barracões. Um deles deveria ser a fábrica de cocaína e mais dois barracões para armamentos e mercadorias. Os aldeões deveriam morar pela mata, porém estava enganada quanto aos trabalhadores.

O índice que crueldade de Mendez atingia o pico da estratosfera porque não eram empregados, e sim, escravos. Levando-me a crer que minha ida até aquele lugar não tinha sido em vão.

— Sua nova morada, princesa — disse Mendez, mostrando a jaula feita de madeira, tela e cipó junto a outras construídas da mesma forma.

Olhei para o lugar pensando em como sairia dali porque era certo que fugiria e mataria aquele idiota.

— Diga o seu preço, Mendez — disse, enquanto via Gui, Daniel, Amanda, Joaquim e o outro agente serem divididos entre as duas jaulas restantes.

— O meu preço é bem simples, você e o seu cartel. Virará a minha puta de estimação e o seu negócio passa a ser o meu. Em contrapartida, deixo o Guillermo e o Ramon com os cargos que possuem e, principalmente, vivos — disse, frisando e lembrando o que fez com o Rico.

Pensei em avançar contra ele, mas sabia que seria em vão, principalmente com Ernesto segurando um rifle bem ao meu lado.

Fomos trancados naquela jaula e fiquei andando de um lado para o outro, pensando e observando o local.

— Ángel, Rico sabia dos riscos, não foi sua culpa — disse Guillermo na jaula ao lado, em companhia do Daniel.

— Sei que não foi minha culpa e vou matar os culpados, disso não duvide — falei, olhando para Daniel.

— Acha que está acima da lei? Fiz o meu trabalho — disse Daniel.

— Cale a porra da boca! — gritei, aproximando-me da grade que dividia as nossas jaulas. — Deixei-o naquele avião para morrer, mas parece que tem o dom de ressurgir das cinzas — completei.

— Acha que tem o direito de fazer o que quer apenas porque a justiça não apareceu quando precisava? Ter sido vítima de um crime não lhe dá o direito de cometer outros para se justificar, para isso existe a lei — continuou ele.

— Olha onde o seu cumprimento da lei nos levou — disse gesticulando ao redor.

— Se admitisse os seus crimes e não tramasse a sua fuga, deixando-nos para morrer naquele avião, a essa hora estaríamos nos Estados Unidos — intrometeu-se Amanda.

— Cala a boca! Porque, se não, posso começar a contar detalhes do que eu e ele fazíamos — apontei para Daniel — e verá que, no cumprimento do dever ou não, você foi traída e pode ter certeza que nem em sonho quando ele gozava lembrava da sua existência.

— Amanda, controle-se — disse Daniel, levantando-se, percebendo que a loira estava enfurecida.

— Você reclama comigo e não com ela.

— É porque ele sabe quem manda — disse o que a fez se irritar ainda mais, e Daniel me olhar zangado.

— Calados — gritou um dos guardas, batendo com um porrete nas jaulas.

ÁngelOnde histórias criam vida. Descubra agora