Estava revoltado com o procedimento da Amanda, nem de longe ela estava sendo profissional. Sem dúvida, foi um erro enorme trazê-la naquela missão. Demonstrou que não sabe administrar o envolvimento emocional.
Para escolhê-la para a equipe, tinha considerado a sua quantidade de "êxitos" e a avaliação dos superiores, não o vínculo que tínhamos. Em nenhum momento, no seu arquivo, havia menção quanto a não saber controlar emoções.
Sabia que, se não tivéssemos agido rápido, a Ángel a teria estrangulado. Definitivamente, estava conhecendo em primeira mão como era a líder de cartel.
Controlar a Amanda, ouvindo as piadinhas da Ángel, foi bem complicado e sabia que tinha de dominar a situação. O problema foi que controlei apenas a minha noiva. Em relação à líder do cartel, consegui talvez ficar em igualdade. Isso até ter lhe dito sobre as consequências das suas decisões, e ela fazer questão de dizer que as minhas não seriam as melhores.
— O que aconteceu com você?! — perguntei irritado para Amanda quando entrei no escritório que nos forneceram na base militar.
— Alguém tinha de fazê-la falar — disse, justificando-se, enquanto Joaquim nos observava.
— Ela não é um simples ladrão, não pode ser resolvido da maneira que fez.
— Você não moveu um dedo para forçá-la a falar.
— Se ela mantivesse o silêncio aqui, pode ter certeza que mudaria quando fosse para os Estados Unidos lidar com interrogadores do FBI. Se cooperassem aqui, seria apenas um ponto positivo. Há dois anos, não quiseram e arcaram com o processo sendo acusados diretamente pelos crimes de assassinato, tráfico e formação de quadrilha na ação do cartel em Miami. Foi a partir do que fizeram nos Estados Unidos que começamos a investigá-los e agora podemos levá-los à justiça.
— Daniel, essa mulher não pode ficar por cima. Ela estava todo o tempo no controle — disse Amanda.
— Eu sei, e a sua atitude desesperada só enalteceu o controle dela.
— Qual o próximo passo, Daniel? — perguntou Joaquim.
— Steve está conseguindo a transferência dos prisioneiros para que sejam julgados em solo americano, assim que ele conseguir cuidaremos do transporte.
— Quanto ao guarda que deixou o coldre aberto, Suarez? — perguntei quando ele entrou na sala.
— Responderá inquérito administrativo, foi uma completa falta de experiência e desleixo — disse chateado e continuou: — O corpo do Henrico será entregue à família.
— Ok. Vou preencher os relatórios e esperar a autorização da transferência. E a polícia continua à procura da Mel? — perguntei a Joaquim.
— Sim. As câmeras do hotel foram desligadas, portanto perdemos o controle de veículos. Porém acreditamos que ela saiu por uma porta exclusiva para funcionários que dá acesso para uma rua transversal ligada a uma avenida movimentada. Ela estava usando roupa de camareira e as crianças estavam dentro de malas.
— Por que acha que deixaram o hotel desta maneira? — perguntei curioso.
— Foi a imagem que pegamos da câmera de uma loja perto a essa porta.
— Continue a busca — disse para ele. Ter a Mel sob custódia ajudaria a controlar a Ángel e Guillermo.
— Vou conversar com o meu superior na Polícia Federal, tenho certeza de que ele entenderá o meu posicionamento — disse Amanda, voltando ao tema da sua atitude equivocada.
— Amanda, eu farei isso, você irá conosco para os Estados Unidos e profissionalmente ficará com a parte burocrática, encerrando a parceria da Polícia Federal brasileira com o FBI. Quanto à vida pessoal, nós teremos um tempo para conversar — disse para ela de uma maneira direta que evitasse questionamentos. Profissionalmente estava decidido e pessoalmente tínhamos muito que conversar.
— Daniel — começou a falar.
— Não quero você perto dos prisioneiros — disse, sentando em uma cadeira em frente ao computador, deixando claro que a conversa estava encerrada.
Amanda saiu da sala contrariada enquanto Joaquim e Suarez continuavam nas ações pendentes.
Liguei para o comandante da Polícia Federal brasileira e conversei sobre a prisão da Ángel e minha decisão em manter a Amanda na parte burocrática, afastada dos prisioneiros. Questionei sobre o governo brasileiro pedir a extradição da Ángel e ele me disse que não havia mobilização para isso, porém frisou a força do cartel e como seria melhor para ela ser julgada no país, portanto tínhamos que estar preparados.
Assim que encerrei a ligação, recebi a de Steve dizendo que já estava tudo acertado com o governo colombiano para a transferência.
— Ótimo, começarei os preparativos — disse, desligando.
Olhei para a foto da Ángel dentro do arquivosobre a mesa e pensei em como tudo poderia ser diferente. E quem sabe, em umarealidade paralela, poderíamos ficar juntos?
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Ángel
ChickLitA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...