ÁNGEL

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Tentei dormir e creio que Guillermo e Rico também tentaram o mesmo, os dois sabiam que eu tinha um plano, portanto era interessante que estivessem dispostos.

Como não havia janelas no local onde ficavam as celas, não sabia quanto tempo tinha se passado até que guardas vieram nos buscar. Novamente fomos algemados nos punhos e tornozelos o que me fez pensar que seríamos transportados e dessa vez para longe. A hora tinha chegado.

Não vi Daniel nem a esquentadinha da Amanda ou Joaquim, apenas o capitão Suarez e o seu grupo que seria responsável pelo transporte.

Entramos em um caminhão do exército, fui colocada no banco do lado esquerdo com dois guardas de cada lado.

No banco do lado direito, colocaram o Rico e o Guillermo com dois guardas entre eles e nas extremidades.

Guillermo me olhou e perguntou se estava tudo bem.

— Cale a boca! Não podem conversar — disse o guarda do seu lado esquerdo, atingindo o Gui com uma cotovelada.

Fiz sinal para que Rico não reagisse, não era o momento de agirmos, e assim esperamos até que o caminhão parou e nos mandaram descer.

Tínhamos chegado a uma pista de pouso, era o momento do nosso transporte, ou seja, hora de virar o jogo.

Perto do avião, estavam parados dois carros de polícia e vi Joaquim, Amanda e, claro, o Daniel. Todos usando coletes a prova de balas, provavelmente tentavam se proteger de um possível ataque do meu cartel. O que não sabiam era que eu coordenava as ações, e todos os movimentos eram marcados de maneira a proteger o cartel, não a mim. Ou seja, naquele momento, eu, Rico e Guillermo cuidaríamos da nossa proteção enquanto Ramon ficaria responsável pelo cartel.

— Próxima parada, Estados Unidos — disse Daniel quando, em companhia dos guardas, chegamos à escada do avião.

— Estão nos negando um advogado e nos transferindo para um país estrangeiro. Tenho certeza que infringem a lei e os direitos humanos. O final desse processo será interessante — falou Rico.

— Não se preocupem, estamos dentro da lei, pois o atentado que o cartel de vocês cometeu nos Estados Unidos foi considerado terrorismo e não negociamos com terroristas, portanto terão um advogado após serem devidamente autuados em um processo aberto pelo FBI — disse Daniel, fazendo questão de me olhar a cada palavra, esperando uma reação. Porém meus planos não implicavam em uma chegada aos Estados Unidos, então não estava preocupada com os seus procedimentos policiais.

Daniel me levou pelo braço até uma das poltronas no fundo do avião, fazendo questão de afivelar o meu cinto de segurança.

— Sentará ao meu lado ou precisa ficar perto da sua cadela para que ela não morda ninguém? — perguntei com cinismo.

Amanda vinha logo atrás e, se Joaquim não colocasse a mão no seu ombro, lembrando-a dos limites, teria avançado sobre mim.

— Terá um agente ao seu lado — disse Daniel seriamente.

Coitadinho! Ele estava desesperadamente tentando me submeter, mal sabia que isso jamais aconteceria sem o meu consentimento.

Daniel, Joaquim e Amanda sentaram em um banco na lateral esquerda da aeronave. Guillermo e Rico foram colocados no banco na lateral direita com um agente em cada lado.

Por motivo de segurança, o piloto viajaria sozinho, sem copiloto, o que facilitava ainda mais os meus planos.

Quando enfim a porta se fechou e os preparativos de decolagem começaram, olhei rapidamente para o agente que estava ao meu lado e percebi que ele estava distraído olhando o celular. Os demais também não estavam diferentes, com toda certeza acreditavam que o ambiente do avião estava controlado e seguro. O que significava um momento propício para agir.

ÁngelOnde histórias criam vida. Descubra agora