Olhei para aquela garotinha com medo de decepcioná-la, era muita responsabilidade a fé que ela e a família tinham em mim.
Com a faca, poderia forçar uma situação para virar o jogo, tinha o apoio do Gui, do Daniel e dos demais, afinal todos queriam a sua liberdade de volta e se libertarem do Mendez.
Além do apoio, analisei a posição dos guardas, teria que matar aquele que fazia nossa segurança e depois os que guardavam o armazém com os aldeões. Libertando-os receberia mais ajuda para eliminar os cinco guardas que ficavam em cada extremidade da pequena vila.
Ainda juntava os pontos do meu plano, distraída com a pequena Ángel, quando Ernesto apareceu sabe Deus de onde.
— Largue-a — disse.
Ernesto tentou mostrar quem mandava e ignorou a intromissão do Daniel, tentando humilhá-lo.
Diante da situação, tinha consciência que o desejo de Ernesto era apenas me subjugar, por isso perguntei o seu preço com a intenção de proteger a menina e quem sabe criar o cenário perfeito para me livrar do Mendez.
— Ernesto, o que quer para deixá-la em paz?
— Você.
— Sabe que isso nunca acontecerá.
— Então vou começar a ensinar essa garota como chupar um pau.
A pobre menina estava com os olhos esbugalhados, em pânico, e tive a certeza que precisava fazer algo o quanto antes.
— Deixe-a ir — disse.
— Por quê? Vai tomar o lugar dela?
Respirei fundo, deixando evidente o nojo que ele me causava, quando o imbecil fez a menina se ajoelhar à sua frente.
— Eu faço — disse de uma vez —, mas deixe-a ir embora.
— Ángel — disse Daniel.
Olhei para Daniel, deixando claro que era ele o grande culpado do que estava prestes a fazer.
Ernesto soltou a menina que correu desesperada para o galpão, em seguida, rodeou para a entrada da jaula, fez sinal para que o guarda se afastasse, o que se tornava ainda melhor para a execução do plano que começava a se formar na minha cabeça.
Abriu a gaiola e entrou com a arma apontada para mim. Percebi a tensão vinda de Daniel e Guillermo e o silêncio por parte de Amanda, Joaquim e o outro agente.
Ele se aproximou de mim e sabia que era o momento. Ajoelhei-me à sua frente enquanto ele mantinha a arma apontada para mim.
Abri o botão da calça e depois desci o zíper, o que fez o imbecil se achar o máximo, acreditando realmente que colocaria o seu pau na minha boca.
— Isso mesmo, putinha — disse.
E todos os movimentos para a ação começaram a se passar pela minha cabeça.
Comecei a masturbá-lo com as mãos e, quando ele se viu envolvido, baixou a arma. Foi o momento. Puxei a faca na bota e enfiei nos testículos dele. Com a dor, Ernesto se encurvou ao mesmo tempo em que o atingia com o joelho no estômago, peguei a sua pistola e parti para o tudo ou nada.
Atirei no guarda que tinha se afastado um pouco a mando de Ernesto.
O alvoroço começou na vila, abri as outras jaulas com um tiro da pistola e, enquanto Guillermo, Daniel e os demais buscavam uma forma de ajudar, acertei um dos guardas que protegia o galpão que os aldeões estavam presos.
Daniel, ao meu lado, pegou uma das submetralhadoras e rendeu o outro guarda.
Peguei o rifle de um dos guardas e matei outros que tentavam proteger Mendez que, por sinal, continuava dentro da casa, escondido.
Guillermo e Joaquim conseguiram uma arma cada e fizeram barricada protegendo as mulheres e crianças, enquanto os homens se juntavam a nós para ajudar.
Parti em direção da casa onde Mendez se escondia, e Daniel se manteve ao meu lado, não era bem a companhia que desejava, porém ele era bom com uma arma e precisava disso para o momento.
Mendez saiu da casa usando uma garota como escudo.
— Solte a arma — gritou ele para mim.
— Você está cercado, pare de ser idiota — retruquei.
— Sei o que representa se me render, por isso me deixará sair daqui agora — disse.
No meio da negociação, a pequena Ángel se aproximou de mim.
— Salva a minha irmã — disse e percebi quem era a garota que Mendez usava como escudo.
Olhei para ela e pedi que tivesse calma. Enquanto isso, Daniel tentava negociar com Mendez, porém sabia que não adiantaria muita coisa.
— Dominamos a vila e o seu pessoal está morto — disse Daniel. — Pode se entregar e ser levado à justiça.
Quando terminei de ouvir a sua colocação, percebendo que continuava a ser o policial, decidi que era hora de agir e tomar o controle para impor os limites.
— Não vi o Lopez no acampamento, o que aconteceu com ele? Sempre achei que era o seu cachorrinho mais fiel — perguntei, distraindo-o.
— Mordeu a mão que o alimentava. Está por aí tentando construir o seu próprio cartel, talvez até já tenha chegado ao Ramon e você estará literalmente fodi...
Antes que ele terminasse de falar, dei um tiro na cabeça dele, Daniel puxou a menina, evitando que se machucasse enquanto o corpo de Mendez caía no chão.
Olhei para os lados e percebi que não havia mais perigo do pessoal do Mendez, então era colocar os pingos nos is.
Apontei a arma para Daniel e não precisei dizer nada para que ele entendesse do que se tratava, porém não estava disposto a ceder, querendo negociar.
— Largue a arma — disse Guillermo atrás dele com o rifle apontado para as suas costas.
— Joaquim, Amanda e o outro agente, onde estão? — perguntei a Gui.
— Joaquim foi rendido, Amanda levou um tiro e está com ele. O outro agente está morto — disse Gui.
— Ótimo — respondi e, olhando para Daniel, falei o que a minha mágoa e o racional mandavam que dissesse. — Agora é a hora de me livrar de você para sempre.
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Ángel
ChickLitA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...