A rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...
Ódio era a definição para o sentimento que me dominava. Aquela mulher era o demônio encarnado, ser chamada de anjo nada mais era que uma piada criada por pessoas que não faziam ideia sobre o conceito da palavra.
Olhava através do espelho para o que acontecia no quarto ao lado e ficava imaginando como alguém poderia usar aquela horrível cena de tortura para conseguir a completa submissão de uma pessoa. Pois era isso que a Ángel estava fazendo comigo naquele instante.
Pelo que entendi, as necessidades financeiras foram um dos maiores motivadores para fazer com que a Ranya aceitasse viver uma situação como aquela. Ficava impossível não ter empatia pela garota, e também me senti responsável pelo que estava vivendo no momento, afinal de contas, a Ángel estava deixando que isso acontecesse como uma vingança por tê-la provocado com a Ranya.
Todos os meus planos objetivaram me aproximar definitivamente da Ángel para prendê-la. Mas tinha que admitir que o preço para conseguir sucesso na missão estava bem alto.
Tinha que pensar sobre manter o meu disfarce e ao mesmo tempo proteger a Ranya. Não podia deixar que aquela garota ficasse à mercê do monstro que a comprou no leilão. Sendo assim, restava-me apenas vender minha alma, submetendo-me a todos os desejos do demônio em forma de mulher que me olhava como quem avalia uma presa. Estava evidente que suas ações nada mais eram que uma forma de deixar claro que ela estava no comando.
Naquele minuto, o único pensamento que me dominava era que realizaria as suas vontades até conseguir "morder a sua mão" e mandá-la para a cadeia.
— Achei que a forma em que me encontro neste momento fosse o suficiente para lhe mostrar que tem a minha completa submissão. Mas se isso não é o suficiente, digo à senhora que sou seu escravo sem questionamentos. Portanto, se puder acabar com a tortura no quarto ao lado, ficaria eternamente agradecido — completei, mantendo o olhar baixo, um gesto submisso, mas que na verdade evitava que ela enxergasse o ódio presente nele.
Ángel não disse nada, apenas apertou um botão e, segundos depois, ouvi a voz de Benicio, o que me levou a concluir que era um interfone.
Eles conversaram por alguns segundos. Logo depois, eu o vi entrando no quarto onde Ranya estava sendo torturada e interrompendo a cena de horror que se desenrolava.
Quando um servo de Benicio carregou Ranya para fora do quarto, Ángel escureceu o vidro que possibilitava nossa visão para o aposento.
Era fato que agora ela queria terminar o que estávamos fazendo antes de me mostrar a minha posição na relação que estávamos construindo.