ANGEL
Tudo estava correndo como o previsto e aquela tranquilidade, que era por muitas vezes a razão de ficar preocupada e me preparar para o pior, dessa vez me deu uma sensação de segurança e, por mais que o anjo do lado direito do ombro me mandasse ficar alerta, o diabinho do lado esquerdo me fazia lembrar a todo o tempo do tigre e pensar que um encontro não seria nada mal.
Poderíamos ter a chance de nos conhecermos longe dos negócios e de cenas de BDSM. Se bem que jamais deixaria de ter o prazer em dominá-lo.
— Está feliz — observou Mel, quando me viu chegar à varanda com a Carina no colo.
— Quem não fica feliz comigo do lado, mamãe? — perguntou Carina, colocando uma das mãozinhas na cintura.
— Tem toda razão, meu amor — disse, enchendo-a de beijos, antes de colocá-la no chão.
Como qualquer criança, ela se distraiu com o desenho que passava na TV, correndo para se sentar no sofá.
— E então, qual o motivo da felicidade? — perguntou Mel, cochichando para que a filha não nos ouvisse e atrapalhasse a satisfação da sua curiosidade.
— Estou programando passar o fim de semana em Lores — disse simplesmente.
Lores era uma pequena cidadezinha perto de Bogotá, um lugar que se tornou um dos meus paraísos, quando queria o mínimo de normalidade.
A vila local era composta por pessoas que em sua maioria estavam gozando de liberdade ou de uma qualidade melhor de vida porque tomei a liderança do cartel, livrando-os do sistema escravo imposto por Tomaz.
Sendo assim, sempre que aparecia na cidade, minha presença era bem protegida e resguardada, tornando-se o meu local predileto quando queria relaxar.
Então por que não aproveitar a tranquilidade momentânea e curtir um fim de semana com o tigre? Desejava estar com o Daniel em um ambiente que considero o mais próximo do normal. Acho que nós dois merecíamos normalidade, pelo menos um pouquinho.
— Vai levar o Daniel com você? — perguntou com um sorrisinho maldoso nos lábios.
Andei até ela e peguei o Mario no colo, estava um bebezinho muito fofo. Ele e a irmã matavam a minha vontade de ter filhos, portanto, sempre que podia, aproveitava para ficar com eles.
— Vou, quero me divertir um pouquinho. Acho que tenho direito — disse, me concentrando no Mario para fazê-lo rir.
Mel me abraçou pela cintura e beijou minha cabeça dizendo:
— Você merece e precisa de um pouco de normalidade.
— Obrigada por sempre estar ao meu lado — disse.
Entreguei Mario para ela e fui para o meu quarto organizar o que precisaria para a viagem.
Mesmo tendo a segurança do lugar, não era uma pessoa normal em viagem, então alguns adereços, como a minha pistola, tinham que estar na bagagem, além de contatar alguns seguranças que ficavam disfarçados pelo local em que estivesse para entrar em ação apenas se precisasse.
Mandei um carro buscar o Daniel no local que determinei para ele esperar, avisando aos seguranças o ponto de encontro mais ou menos na metade do caminho para Lores. Estava encostada à minha moto, aguardando eles chegarem juntamente com outro carro que nos acompanharia no trajeto para a cidade e ao meu lado a moto para o Daniel, torcia para que ele soubesse pilotar, por questão de segurança, porém não seria ruim tê-lo na minha garupa.
O plano era seguirmos de moto com a escolta dos carros que levavam cada um, dois seguranças que pertenciam à região. Daria folga a eles quando chegássemos para que pudessem ver a família e estariam de volta ao trabalho no meu retorno para casa.
— Olá — disse Daniel quando desceu do carro e me viu parada ao lado de uma das motos.
— Olá — respondi e continuei: — espero não ter lhe tirado de nada importante — disse, afinal o convoquei para aquela viagem.
— Fiz um acordo que atenderia os seus chamados sem questionar — disse sério.
Em uma análise rápida, ainda faltavam algumas coisinhas, mas o tigre estava no caminho de se tornar um submisso. Porém bem longe de perfeito, afinal adorava sua rebeldia e portanto não estava me esforçando nesse sentido para aprimorá-lo.
— Sabe pilotar? — perguntei com o capacete e a chave da moto que estava ao lado da minha.
— Sei— respondeu, pegando a chave e o capacete das minhas mãos. — Para onde vamos? — perguntou curioso.
— Um passeio, sem hora para voltar — disse subindo na moto.
— Vou precisar de roupas? — perguntou erguendo uma das sobrancelhas e, o que posso dizer, o tigre ficou muito sexy com o gesto.
Porra! Estava ferrada se começasse a reparar e desenvolver sentimentos a cada gesto que o Daniel fizesse.
— Pode ter certeza que a última coisa que precisará serão de roupas, mesmo assim digo que não se preocupe, afinal de contas não seria uma boa dona de pet se não cuidasse das suas necessidades — disse com um sorriso sacana nos lábios o que fez o tigre ganhar um semblante zangado e um pouco frustrado. Melhor assim, ele zangado mantinha nossa interação no quesito sexual.
Coloquei o capacete e dei a partida na moto sendo seguida por Daniel e pelos dois carros.
Queria um pouco de tranquilidade naquele fim de semana só torcia que a escolha pela companhia do Daniel tivesse sido certa ou do contrário estava definitivamente me jogando de cabeça em um problema.
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Ángel
Romanzi rosa / ChickLitA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...