Mesmo com a aproximação que tivemos e com a investigação que certamente foi feita pelo seu pessoal, o Daniel não chegou nem perto de entender como o meu cartel funcionava, e ali estava como reverteria a situação em que ele me colocou.
Organizei a bagunça de Tomaz quando assumi a liderança, transformando o cartel em uma multinacional, eu era a CEO e possuía três diretores: Rico, responsável pelo pessoal e segurança, Guillermo, responsável por rotas, contatos e negociações e Ramon, responsável pelas vilas com as fábricas de cocaína. Os três se reportavam a mim.
Além da divisão de tarefas, criamos alguns sistemas internos que consistiam na nossa segurança, mantendo o cartel protegido e em plena atividade.
Um dos nossos sistemas de defesa era o envio diário de um código para os demais. Se isso não acontecesse, os outros saberiam que estávamos com problemas.
— Não enviaremos o código para o Ramon? — perguntou Rico.
— Não. Sem receber o código de cada um de nós ele entenderá que os pontos do cartel na cidade foram comprometidos e aumentará a segurança nas fábricas, resguardando o nosso produto e, caso não tenha notícias nossas em uma semana, assumirá a liderança — respondi.
— Certo. E agora, Àngel? Pelo que entendi do seu plano, ele terminará com nós três presos — disse Guillermo.
— Sei disso. Porém não significa que ficaremos presos. — Dei uma pequena pausa e continuei: — Com toda certeza, o grupo do Daniel tem apoio do FBI e da Interpol o que significa que seremos levados para os Estados Unidos. Mas não se manda líderes de cartel em voo comercial, então, nesse processo do voo fretado, nós os mataremos e voltaremos para casa — disse secamente.
— Quer pegá-los de dentro — disse Gui.
— É o plano.
Alguns minutos depois, o nosso contato no fórum ligou, avisando que o juiz emitiu o mandado, liberando a polícia para invadir o hotel.
— Qual o próximo passo? — perguntou Rico.
Peguei o telefone e liguei para Ramiro, dizendo a ele que deveria tirar a Mel e os garotos do hotel na maneira mais discreta e segura que conseguisse.
— Sem problema, Àngel, mas precisamos de uma distração para nos livrarmos da polícia.
— Não se preocupe, terá a sua distração — disse.
— Àngel — disse Guillermo.
Olhei para ele e não disse nada, continuando firme no meu plano. Telefonei para Mel e disse que confiasse no Ramiro e que, assim que estivesse longe do hotel com as crianças, deveria procurar o padre Romero e ficar com ele até que a barra estivesse limpa. Só então deveria pegar os filhos e seguir para a vila em que nasceu. De lá, um transportador a levaria com as crianças para um lugar seguro até que estivéssemos de volta.
Claro que ela quis saber mais, porém o momento não era para conversa, e sim, para ação. Ela deveria seguir o meu plano que com certeza terminaria comigo enfiando uma bala na cabeça do Daniel.
— O hotel é na próxima rua — disse Guillermo.
— Ótimo. Rico, vamos dar uns tiros para cima e chamar a atenção da polícia.
— E depois? — perguntou Gui.
— Bata o carro em uma das viaturas, descemos e nos entregamos. Quero saber detalhes de quem está me caçando para saber para onde envio as cabeças deles.
— Vamos sofrer um pouco até conseguir seu objetivo — disse Rico.
— Não lembro quando algo veio fácil para mim — disse.
Entramos na rua do hotel e, como combinado, eu e Rico atiramos para o alto, chamando atenção dos policiais, e Gui bateu em uma das viaturas, em seguida fomos cercados pelos policiais armados.
Como planejado, descemos do carro, jogando as armas no chão.
Enquanto o tenente responsável pelo cerco ao hotel me algemava, um carro estacionou próximo, e vi quando o Daniel desceu dele.
E nossos olhares se encontraram no momento em que ouvia: "você está presa".
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Ángel
ChickLitA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...