DANIEL
Dediquei toda a minha atenção ao trabalho, por sorte Amanda também fez o mesmo e traçamos os planos de ação para a prisão de todos que estivessem no entroncamento.
Levei horas na mansão conversando com o grupamento do exército que nos daria reforço, pessoas de extrema confiança que, com toda certeza, não vazariam a informação para o cartel. Além deles, eu contava com alguns agentes da Interpol que estavam em serviço na Colômbia.
— Tudo pronto, dessa vez a pegamos – disse Suarez.
Baixei a vista e não tive como fingir o sorriso de satisfação por atender as expectativas do grupo. Por sorte, uma ligação de Steve fez com que escapasse da sala e minhas reações não pudessem ser percebidas pelas pessoas à minha volta.
Voltamos ao hotel e segui para o meu quarto, tínhamos que descansar, pois o dia seguinte seria longo.
Estava tirando a camisa quando ouvi a batida na porta.
— Quem é? — perguntei em espanhol.
— Joaquim — respondeu, e em seguida eu abri a porta.
— Algum problema? — questionei depois que ele entrou no quarto.
— Comigo, nenhum problema, porém com você parecem estar existindo vários — disse com um meio sorriso amistoso.
— Estou cumprindo o que me propus a fazer. Prenderemos todo o cartel.
— E a Ángel — completou.
— E a Ángel — repeti.
Ele me olhou, analisando os meus atos e continuou:
— Como foi o fim de semana?
Parei de dobrar umas camisas que estavam em cima da cama e olhei para ele. A conversa da qual tentei escapar mais cedo aconteceria agora, felizmente a pessoa a questionar era o Joaquim que entendia melhor o meu ponto de vista.
— Foi bem — respondi simplesmente.
Ele me olhou por alguns segundos, refletindo.
— Ela mexeu com você — disse.
— Joaquim, vim à Colômbia com uma missão e amanhã terei a chance de cumpri-la — disse, tentando cortar qualquer tipo de comentário, porém sabendo que ele não se calaria diante da minha postura profissional.
— Assim como você, já trabalhei disfarçado e sei que, quando existe envolvimento emocional e sexual, como o seu caso com a Ángel, é mais difícil de executar a prisão. Sei que ela lhe balançou e saiba que isso é normal.
— Obrigado, Joaquim. Meu fim de semana com ela, foi...
— Foi...
Joaquim tentava me incentivar a falar, porém não sabia se era a melhor opção, pois estava com medo do que sentia e pronunciar as palavras daria vida ao que passava pela minha cabeça.
— Foi maravilhoso, o tipo de fim de semana que nunca consegui ter com as namoradas que tive — confessei e foi muito bom colocar esse sentimento para fora.
— Nem com a Amanda? — perguntou.
— Não. Elas são muito diferentes — admiti.
— Meu amigo, acho que deve olhar novamente o relatório da Interpol e ver o que a Ángel é capaz de fazer. Relembre que ela pode ser uma pessoa estando sozinha ao seu lado e um monstro na liderança do cartel. Isso lhe dará algum conforto e mais convicção.
— Farei isso, preciso reafirmar o meu posicionamento — disse.
Conversamos mais um pouco e Joaquim deixou o quarto.
Tomei um banho, deitei na cama e tentei todas as técnicas de concentração para que não recordasse o que vivi no fim de semana. Mantive no pensamento que estava colocando uma assassina e traficante na cadeia. Aquela mulher que esteve comigo em Lores era uma porção menor perto do que a Ángel realmente era.
Na manhã seguinte, segui sozinho para o casarão, Joaquim iria com Suarez selecionar as armas e carros a serem usados para a operação, e Amanda me disse que Luzia havia telefonado, pedindo para falar com ela com urgência. Como queríamos evitar qualquer furo no nosso plano como, por exemplo, o encontro ter sido cancelado, afinal a Ángel podia não ter registrado isso no celular, disse que fosse ao seu encontro.
Cheguei ao casarão e, enquanto me concentrava no trabalho, meu celular vibrou com a chegada de uma mensagem. Para o meu desespero, era a Ángel. Não era um bom momento para conversarmos. Porém tinha que fingir e esperar pelo que aconteceria mais tarde.
Quando Amanda chegou ao casarão ainda me pegou com o celular na mão, olhando a frase da Ángel sobre nos vermos em breve.
— E então, o que Luzia queria? — perguntei, sem dar chance de que ela me questionasse.
— Não consegui falar com ela, tinha saído com os filhos e ninguém soube me informar para onde. O celular dela está desligado.
Pensei um pouco sobre as suas novidades e concluí:
— Não deve ser nada, apenas encontrou em você a chance de se livrar da Ángel e estava agindo nesse sentido, com toda certeza entrará em contato novamente.
— Sim, também acho. E, quando entrar em contato, já será tarde, estarão todos atrás das grades. — Ela me observou por alguns segundos e perguntou: — Você está bem?
— Estou — respondi, e ela se aproximou, tocou o meu rosto com a ponta dos dedos e falou:
— Quando a prendermos, voltaremos a ser nós mesmos e teremos uma longa conversa, pois quero muito colocar a Ángel no nosso passado e retornar ao que éramos antes de toda a missão.
Sorri para ela e fiz o que o momento mandava.
— Faremos isso — respondi e, antes que me afastasse, Amanda me beijou na boca, foi um simples selinho, não estava com cabeça nem espírito para intensificar o ato, porém não recuei como meu instinto pedia. Isso foi o suficiente para que ela ficasse feliz e acreditasse que realmente estava tudo bem.
Perto da meia noite, deixamos o casarão com destino ao entroncamento onde aconteceria a negociação.
Segui, dirigindo um dos carros com Amanda ao meu lado, enquanto Joaquim e Suarez em outro. O apoio seguia logo atrás.
Quando nos aproximamos do local, ativamos a sirene.
Participei de muitas prisões em flagrante, mas nenhuma seria como aquela.
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Ángel
Romanzi rosa / ChickLitA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...