Daniel jogou todas as cartas na mesa, inclusive o laço que construímos em cada momento em que ele foi apenas meu, porém não seria assim tão fácil para que acreditasse que me dobraria. O controle estava voltando para as minhas mãos e, como ele estava fazendo questão de lembrar, eu era a dominadora da história.
Decidi deixá-lo de lado, um castigo. Se não conseguia matá-lo, fazê-lo sofrer de acordo com o meu desejo, não seria problema. E no meio tempo, resolvi me concentrar nas fábricas e no Lopez.
Levei uma semana para visitar e me inteirar de como estavam as vilas e como as fábricas estavam trabalhando diante das ameaças. A ideia era reforçar a segurança e proteger os aldeões de Lopez e dos seus mercenários, pois Diego não seria o único que teria se associado para conseguir as drogas de outros cartéis.
— As medidas que tomamos manterão Lopez longe das aldeias — disse Ramon enquanto voltávamos para a fortaleza.
— A princípio, sim, mas a melhor providência é matar o Lopez. Ele não é o Mendez e o idiota do Ernesto e por isso pode nos dar muito trabalho — disse preocupada.
— Sei disso, Ángel — respondeu Ramon — estou com olheiros pela floresta com a intenção de localizá-lo e, quando o encontrarem, nos avisarão.
— Só nos resta aguardar — disse frustrada.
— Tem como aproveitar o tempo livre — disse Guillermo, deixando claro que se referia ao Daniel.
— Não sei — respondi torcendo a boca. — Não acho que ele mereça — observei.
— Com toda certeza ele precisa de muita coisa para ser o homem que a mereça, porém, seguindo o que a Mel me disse, o tiro que ele levou por você pode servir de chance para quem sabe ser um pet novamente e vocês definirem se existe futuro — disse Guillermo com um sorriso sacana nos lábios.
— E se for um pet bonzinho, quem sabe não possa lhe dar uma segunda chance? — disse Ramon.
Tinha contado aos dois a minha última conversa com o Daniel, pois não podia agir com a emoção e os meus amigos seriam os melhores conselheiros para me manter centrada nos meus objetivos.
— Pode ser — disse simplesmente.
Estava sentada em um dos muros da fortaleza, observando a floresta e a estrutura que ela cercava.
Olhei para a janela do quarto onde o Daniel estava preso, pensando sobre a sugestão do Gui. O fato é que não podia tê-lo como prisioneiro eternamente e que o Daniel mexia bastante comigo. Talvez, se ele não tivesse voltado, conseguisse superar o desejo e, porque não dizer, a paixão. Porém ele voltou, salvou minha vida e confessava sentimentos que, se fossem verdadeiros, nos colocariam em uma confusão bem maior do que se fossem falsos.
Conversei com o guarda responsável pelos prisioneiros e pelo Daniel. Ele me disse que o tigre não criava problemas, mas que não comia como antes e que não tentava mais falar com os guardas que levavam comida. Isso podia se tornar um problema, como uma depressão, algo que com certeza não queria que acontecesse.
Observei a fortaleza, pensativa. A estrutura do lugar foi idealizada por Ramon há alguns anos. Havia quatro pequenas construções com térreo e primeiro andar. Todas cercadas por um muro alto e vigias em cada ponte, além de um moderno sistema de câmeras.
As quatro construções eram divididas da seguinte forma: a casa do Ramon junto com a base do sistema de segurança e comunicação, a prisão, onde estava o Daniel, a casa de hóspedes onde eu estava com o Guillermo apesar de haver uma construção para o meu uso pessoal.
Então, olhando para a janela do tigre, um pensamento passou pela minha cabeça. Guillermo estava certo, devia aproveitar e avaliar se o tigre seria um bom pet como disse Ramon e assim, com o controle em mãos e sabendo onde estava pisando, decidir o que seria de nós dois, principalmente saber se existia um nós.
Fui até a minha construção, ou melhor, a casa que Ramon deixava para mim, e percebi que, com umas pequenas adaptações, poderia me servir.
Em dois dias, deixei do meu jeito e enfim mandei trazê-lo.
Olhei para ele acorrentado e indefeso e percebi que me divertiria muito, mas, para começar, o meu tigre precisava de um bom banho.
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Ángel
ChickLitA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...