Fomos colocados sentados sobre as folhas secas da floresta com cinco vigias, estrategicamente distribuídos, montando guarda, enquanto Mendez e Ernesto seguiam em grupos separados para caçar a Ángel. No meu íntimo, torcia para que ela escapasse, sabia o que aconteceria caso Mendez a capturasse. Com toda certeza seria morta.
Tinha plena consciência de que estávamos em lados opostos, porém, apesar dela discordar, meu objetivo era apenas levá-la à justiça para que respondesse pelos crimes que cometeu, não deixá-la sob o julgo de um psicopata.
— Daniel, temos que fugir — disse Amanda.
— Amarrados e sem armas não temos chance com os guardas — respondi.
— Se formos levados para o acampamento principal, nossas chances diminuem bastante — sussurrou Joaquim.
— Calados! — gritou um dos guardas.
Ficamos em silêncio, não era o momento para uma nova surra. Todos nós apanhamos quando nos capturaram e sabíamos que, em um momento como aquele, não era hora para lesões e ferimentos.
— Não vou morrer assim — disse repentinamente um dos agentes que estava conosco, então levantou-se, tentando correr em disparada para a floresta.
— Não — gritei, percebendo a grande bobagem que ele acabava de fazer.
O guarda postado no lado em que ele escolheu correr apontou o rifle e atirou.
O agente colombiano que nos acompanhava no transporte dos prisioneiros, chamado Antônio, morreu na hora.
Olhamos chocados para a cena e agora Amanda, Joaquim e Thomas, o agente do FBI que também participaria do transporte, entenderam a minha resistência em simplesmente atacar os guardas.
Algumas horas se passaram durante as quais ficamos sem água e fomos mantidos sem nenhuma necessidade básica atendida, começando daquele jeito a tortura que li nos relatórios dos reféns dos cartéis.
— O que foi isso? — perguntei em um sussurro para Amanda.
— Foi um tiro — disse.
— Pegaram a Ángel — disse Joaquim.
— Acho que sim — falei ao mesmo tempo em que percebia os guardas se entreolhando em expectativa pelo resultado da caçada do Mendez.
Algumas horas depois, quando já escurecia, vimos o retorno do grupo. Com a captura da Ángel, vi em Mendez o tipo de monstro que ela teve que lutar para vencer.
Jamais imaginaria a frieza com que ele assassinou o Rico simplesmente para tentar o domínio sobre a Ángel. Sem dúvida, ela protegia os que amava e, enquanto caminhava no escuro da floresta conforme nos ordenaram, pensava se algum dia ela me perdoaria por aquela traição.
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Ángel
Literatura KobiecaA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...