DANIEL
Com toda certeza, Benício era a decisão mais acertada e, com a prisão do seu amante e mestre como incentivo, Suarez conseguiu trazê-lo para o nosso lado.
— Logo vi que a sua insistência com a Ángel tinha uma razão — disse Benício quando sentei à sua frente na sala de interrogatório e percebeu que, na verdade, éramos policiais disfarçados.
— Está na hora da justiça ser feita e pararmos os cartéis, precisamos de sua cooperação para conseguirmos esse feito — disse.
— Quer que entregue meus amigos e clientes? Não há razão para que eu queira algo assim.
— Há uma razão e ela é bem simples: deve muito mais ao homem que temos preso do que aos seus amigos e sabe que, se quisermos, podemos fazer da vida dele um inferno. Se avaliarmos o quesito justiça, é o que estamos promovendo e, quanto a você, restará apenas assistir de braços cruzados.
— O que lhe leva a crer que já não sofri ameaças durante todos esses anos e que não sei como me livrar delas? — retrucou arrogante.
— Sei que sofreu ameaças e sei que não sobreviveria no meio que frequenta se não soubesse como dar fim a elas. Mas o que diriam seus associados quando vazássemos as filmagens de você dentro dessa unidade e souberem que entregou informações importantes ao Suarez? Isso somente no que diz respeito a você. E, quanto ao seu mestre, quer saber o que acontece com um estuprador dentro da cadeia? Resumindo, se nos entregar, estará acabado também.
— A Ángel não lhe fez nada. Está provocando um anjo vingador — disse, depois que percebeu que estava sem saída.
Olhava para ele por alguns segundos, refletindo sobre o que estava dizendo, quando Amanda se intrometeu.
— Em que mundo você vive? Anjo? Esta mulher é líder de um dos piores cartéis da Colômbia. As drogas que comercializa destroem vidas no mundo todo.
— Não faz ideia de quantas vidas ela salva, basta que seja fiel a ela. E estão me coagindo a traí-la.
— Estamos lhe pedindo para fazer justiça, afinal, o certo deve ser para todos, não apenas aos amigos da Ángel — respondi.
— Quer sinceridade, policial? Gosto do jeito dela fazer justiça. Em contrapartida, não suporto o de vocês. Existe coerência no primeiro, mas no de vocês apenas o interesse de uma minoria — respondeu com raiva.
— Não esperava que o seu pensamento sobre justiça se assemelhasse ao meu, mas é o que menos importa no momento. Eu preciso de respostas — concluí, olhando-o sério, mostrando que não me interessava a sua opinião, e sim como seria útil para colocarmos os ladrões na cadeia.
Com a ajuda de Benício, montamos os perfis dos líderes e influenciadores dos cinco piores cartéis que dominavam a Colômbia. Quanto à Ángel, ele pouco conseguiu fornecer fraquezas que pudessem ser usadas. Eu sou testemunha de que a Amanda tentou de tudo para obter as informações e conseguirmos provas que a levassem à Justiça.
A conclusão a que cheguei foi que Joaquim estava certo e, pelo pouco que tínhamos, se queria pegá-la, teria que me ajoelhar novamente.
Tivermos a ideia de Benício se mudar para Monteria. Com base na informação que nos deu em uma das nossas conversas, vislumbramos a possibilidade de uma sociedade com um comerciante local. E assim, com a inauguração de um negócio semelhante ao clube em Bogotá, promoveríamos uma festa de inauguração onde o meu plano era ficar com a Ángel e, quem sabe, como minha submissa.
Estávamos em Monteria, dando seguimento ao plano. Foi quando contava a Joaquim como tinha sido meu encontro com a Ángel no hotel e como não lhe agradou em nada a minha nova parceria, que notei a Amanda estranha e calada. Minhas suspeitas se confirmaram com o que ela disse:
— Parece que está ansioso para jogar com essa mulher novamente, acertei? — perguntou, visivelmente sarcástica.
Olhei para ela por alguns segundos, lembrando a conversa que tive com Joaquim sobre a Amanda.
Pensei que, após o nosso momento juntos, quando comemoramos a oportunidade de usar o Benício no nosso plano, ela estaria mais tranquila quanto ao meu envolvimento com a Ángel, porém estava enganado.
— Joaquim, pode nos dar licença? — pedi.
— Claro — respondeu, levantando-se e deixando o quarto.
Amanda permaneceu em silêncio, sentada no mesmo lugar. Aproximei-me dela e sentei ao seu lado no sofá.
— Quando quis vir comigo nessa missão, sabia muito bem sobre todos os riscos — segurei sua mão —, tinha o conhecimento de que trabalhar infiltrado requer um envolvimento muito grande, creio que é isto que tem observado nos meus comentários sobre a Ángel. Mas é uma fantasia, você é o meu mundo real, por isso preciso da estabilidade que você me proporciona. Preciso que fique firme ao meu lado, deixando evidente a minha missão.
Ela me olhou, e percebi que começava a ceder, passei o braço pelos seus ombros e a puxei para colar o corpo ao meu.
— Viemos aqui colocar uma traficante na cadeia e faremos isso — disse, insistindo no ponto de ação.
— Jogar com ela deixou você diferente. Como será quando jogarem novamente? Daniel, ela é o demônio, mas é linda — disse, erguendo os olhos, buscando os meus. Vi o quanto estava insegura e o quanto não era certo deixá-la passar por isso, além de quê, precisava dela firme ao meu lado.
— A Ángel não é você, não é a mulher que admiro e que escolhi para casar. O que tive com ela foi apenas sexo. Se tivesse frequentado o clube comigo, quando esteve em Nova York, veria que é apenas um jogo — disse, concluindo e me aproximando para beijar seus lábios.
Amanda aproveitou o momento e o clima suave que se formou para colocar uma de suas mãos sobre o meu pau.
Busquei o seu olhar e, com um sorriso incentivador, dei espaço para que ela abrisse o botão da calça, começando assim a me masturbar.
Entreguei-me ao momento para convencer minha cabeça de que ali com Amanda era sexo e amor, já com a Ángel era apenas sexo e, no momento propício, eu a colocaria na cadeira.
Mas quando, ao final do nosso ato, só consegui gozar quando me lembrei da Ángel e do que vivemos, percebi que estava com um problema. Abracei a Amanda que estava montada em meu colo, em uma forma desesperada de me prender à realidade e superar a dificuldade que surgia, tendo a consciência que o mundo era muito mais que o quarto onde fui trancado e acorrentado, servindo ao prazer de uma mulher.
Para minha sorte, a minha noiva não percebeu nada e se convenceu de tudo que disse.
Ainda naquela noite, seguindo a dica do Benício, nos preparamos para um próximo encontro com a Ángel, ou melhor, eu me preparei. Pois seria a chance de ser mais que um jogo para ela e de ser notado para que jogássemos na festa de inauguração do Benício.
— Se ela se intrometer na sua conversa com alguma garota da casa, é a sua chance de saber se é mais que apenas um cãozinho — disse Benício, mordaz.
— Vamos ver.
Amanda e Joaquim seguiriam comigo, a ideia era que passassem por um casal e se aproximassem de Rico e Luiza. Na opinião de Benício, seria mais um caminho para envolvermos a Ángel.
Chegamos ao bar, e procurei a Ángel discretamente com os olhos. Ela estava em uma mesa no canto com mais dois caras, Guillermo e a esposa. Rico e Luzia estavam dançando.
Enquanto Amanda e Joaquim se sentavam em uma mesa perto de onde Luzia e Rico dançavam, observei um pequeno grupo de garotas e, dentre as cinco, escolhi a que mais tinha perfil para me ajudar a provocar a Ángel.
Aproximei-me da garota com um meio sorriso, e a maneira com que retribuiu demonstrou que seria fácil. Agora era esperar que a Ángel caísse na armadilha.
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Ángel
ChickLitA rebeldia e a liberdade de Carina eram os seus guias na vida, até que um dia todos os limites foram ultrapassados e se viu jogada em um mundo que para sobreviver teria que dominá-lo. Assim nasceu a Ángel, líder de um dos cartéis mais violentos da C...