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MADISON

Já faz uns quinze minutos que meu pai está na porta, implorando para eu deixar ele entrar, mas a última coisa que eu quero é ver ele agora. Houve pouquíssimas vezes em que meu pai me magoou, mas acho que essa foi de longe a minha maior decepção com ele. Ele queria tanto que eu gostasse da May, que eu aceitasse ela na nossa vida e me convencer de que ela não estaria de jeito nenhum substituindo a presença materna, mas quando vi o colar em seu pescoço, eu a odiei, e sei que a culpa não é dela. Mas estou me esforçando de verdade para aceitar uma nova pessoa em nossa vida, e meu pai não está ajudando no meu esforço.

Ouço atrás da porta as vozes do meu pai e May, ele parece chateado e ela está o consolando, de repente, não ouço mais a voz dele, mas a porta bate novamente.

-Madison, querida… -May diz com a voz mais suave que já ouvi. Ainda estou com raiva dela, injustamente, mas se fosse escolher um dos dois para conversar, seria ela. Ou Peter se eu tivesse a opção.

-Não quero falar com você também. -grito da onde estou sentada.

-Bom, eu não vou sair enquanto você não abrir.

Mas que mulher mais chata, já vi pra quem o Peter puxou pra ser tão teimoso e não levar a sério quando eu falo. Quando dou por mim, estou abrindo a porta, mas evito olhar diremente para seu rosto, sei que se eu olhar para ela, vou acabar a empurrando daqui, mesmo a casa sendo dela.

-Acho que isso te pertence, Madison. -ela estica as mãos para me entregar o colar, mas eu reviro os olhos.

-Não, acho que meu pai já deixou bem claro que esse colar não é tão especial assim pra ser guardado.

Sei que o que eu disse a afetou, na verdade tenho certeza disso quando ela assente e abaixa a cabeça, dedilhando o objeto com nervosismo.

Surpreendentemente para mim, acabo me sentindo mal com o que eu disse, quer dizer, acabei de dizer à ela que ela não é especial o bastante e que o colar tem um significado que ela nunca vai poder suprir, como se o amor do meu pai por ela fosse inf...

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Surpreendentemente para mim, acabo me sentindo mal com o que eu disse, quer dizer, acabei de dizer à ela que ela não é especial o bastante e que o colar tem um significado que ela nunca vai poder suprir, como se o amor do meu pai por ela fosse inferior ao que ele teve com a minha mãe. E eu não sei se isso é verdade, porque não estou na pele dele, não sei qual amor é maior, quem ele amou mais, não sei se ele as compara, ou porque diabos ele deu esse colar pra ela, mas estou tão puta que não importa. Nada disso importa.

-Entendo. -ela diz baixinho, e vejo com o canto do olho ela colocar o colar no criado mudo. -Só espero que saiba que eu não estou tentando substituir ela, eu sei que nunca vou ser a imagem que você tem da sua mãe.

Ela disse exatamente o que eu pensei, como se lesse meus pensamentos. Pelo que parece, May não é tão burra como pensei, e se estiver dizendo a verdade, então ela sabe o quanto esse colar significa para mim, e sabe que eu não quero que ela e nem ninguém finja ser a mãe que eu nunca tive. Ela sabe. Que merda, eu odeio o fato de ela ser tão boa, seria tão mais fácil odia-la se ela fosse uma vaca, mas tudo o que ela disse só faz eu me sentir mal por estar sendo estúpida com ela.

-Espera. -digo, fazendo-a se virar enquanto saia do meu quarto. Eu me viro e caminho até o criado mudo, pegando o colar que ela deixou lá -Eu não quis dizer que você não era especial o suficiente pra ter ele, é só que…

Me falta palavras para que ela entenda o que eu quero dizer, sobre eu entender que talvez meu pai a ame tanto quanto amou minha mãe. Mas ela não espera eu encontrar as palavras  certas e assente com a cabeça.

-Eu entendo. -ela diz e sorri, acabo sorrindo de volta. Tenho que admitir, ela é boa.

Estico meu braço para pegar sua mão, colocando o colar com delicadeza na mesma. Ela parece o analisar com cuidado, vendo-o especial como ele realmente é.

-É seu. Ele fica bem em você.

Estou me esforçando de verdade pra isso. Estou mesmo. É claro que eu não quero dar o colar, mas parece o certo a se fazer.

Ela me olha surpresa, e espero que mude seu olhar antes que eu mude de ideia. Mas então ela sorri e beija a minha testa.

-Obrigada. -ela cochicha.

-De nada. Mas eu gostaria de ficar sozinha agora. Se me der licença… -digo tentando não parecer grossa. Mas ainda estou chateada, apesar de ceder o colar.

-Claro.

Ela se apressa em sair do quarto, mas para na porta quando eu a chamo.

-Meu pai não entende quando eu quero espaço, então diz pra ele que eu quero ficar sozinha, se ele forçar vai ser pior.

Ela sorri de canto, de modo compreensivo, segurando com força o presente nas mãos.

-Claro querida, eu falo pra ele.

Ela finalmente sai do quarto, e eu deito de costas na cama do modo mais dramático que consigo, levando um travesseiro na minha cara e bufando sobre ele. Espero que Peter ainda traga meus docinhos de madrugada.

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***Esse e o próximo capítulos são apenas um "ponta pé" para os próximos, e depois disso, todos os capítulos são de extrema importância, então leia com calma cada um deles, e me diz o que achou. Eu sempre leio cada comentário com todo carinho. Críticas também são bem vindas. ***

I MEANT TO HURT YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora