Enquanto não posso entrar em um processo judicial para eliminar a segunda-feira dos dias da semana, decidi ir a escola, mesmo depois do que aconteceu na casa de Henri, e ele com certeza vai lembrar, estava totalmente sóbrio pelo que eu percebi, nem cheirando a álcool estava. Desejo sorte a mim mesmo.
-O Henri tá transando com aquela menina.-Callie aponta para algumas garotas paradas no meio do corredor, não olho para procurar sobre a qual ela fala. Só espero que ninguém tenha ouvido, o que seria difícil a julgar pelo seu tom de voz.-Eu vi ela sair da casa dele ontem a meia noite.
-Ei! Isso não é da nossa conta.-Continuo andando na tentativa de me livrar de Callie, mas parece cada vez mais difícil.
-Não? Achei que estavam mais próximos.-Diz, provavelmente fazendo uma alusão a cena que presenciou no sábado. Isso não é engraçado, é desconfortável ficar tão perto e frente a frente com alguém que quer te matar.-Desculpa, não pude perder essa piada.
Eu sei que não deveria comentar, mas o assunto está martelando a minha mente e implorando para ser discutido. Também sei que é uma péssima idéia falar sobre esses assuntos com Callie mas eu não tenho escolha.
Jonz passa por nós no corredor e acena com a cabeça para mim, acredito que ele não queira parar para falar pelo motivo que me disse antes.-O Henri mandou o Jonz parar de falar comigo.-Digo subitamente, fazendo Callie parar de andar novamente e ficar me encarando como quem monta um quebra cabeça com as informações.
-Por que diabos?!
-Eu não sei.
-Mas ele me disse que...
-Ele me contou isso no sábado.-Explico.-Eu tô mais confuso do que você.
Callie pensa, eu tenho certeza que da sua mente não vai sair uma idéia boa.
-O Jonz entrou para o time. Talvez tenha inventado essa história pra parar de andar com os fracassados.-Dá de ombros como se isso fosse tudo.
-Ele não mentiria.-Questiono.
-Então... se ele não tá mentindo, o Henri tem ciúmes de você, ou te odeia pra caralho.
Entre as duas opções, eu escolho sem sombra de dúvidas a segunda.
*
-Alguém desenhou um pênis na porta do seu armário.-Uma menina alta que só então percebo que é da minha classe me diz. Eu estava quase dormindo, preferia ter dormido.
Olho ao redor da sala, eu sempre sento-me no meio, encostado na parede, é um lugar estratégico para não ser notado como excluído no fundão, e nem como espertinho na frente.
Vejo Henri no fundo e do outro lado da sala, ele olhava para mim, e então desvia o seu olhar imediatamente voltando para o assunto que os seus amigos conversam. Deveria estar esperando a minha reação ao saber que tinha um órgão genital desenhado no meu armário. Será que ele pensou mesmo que isso me afetaria?-Não quer denunciar para o diretor? tomar uma providência?-Volta a dizer a garota, ela deve ser a nova representante da turma, eu nego com a cabeça.
O sinal que indica o término do horário de aula soa como música para os meus ouvidos. Entretanto, de qualquer forma, antes de sair me certifico de que Henri saiu antes. Não quero que ele jogue suco de uva em mim novamente.
Checo o meu celular e vejo o "bom dia" feliz que Seth me enviou. Pelo visto, o dia dele deve estar sendo bom de verdade. Respondo com a mesma alegria, porém a minha expressão não muda.
Sou o último na sala, então levanto para finalmente sair.*
Me dou conta de que de fato havia um pênis desenhado de uma forma preguiçosa com marcador permanente no meu armário. Bem, o desenho poderia ter sido melhor.
Ignoro e continuo andando até o outro corredor, ainda não são 12:30, então é onde Callie provavelmente está, para então irmos ao refeitório. Como pensei, ela está, e está fazendo merda.Corro para alcança-la imediatamente quando a vejo com uma lata de tinta spray desenhando um pênis semelhante ao que está desenhado no meu, só que ela o faz no de Henri.
As poucas pessoas que passam já devem ter percebido que ela tem um parafuso a menos, nem todos parecem surpresos.-Você enlouqueceu?!-Pergunto.
-Relaxa, eu vou assumir a culpa.-Finaliza o seu trabalho e se afasta um pouco para apreciar.-Eu consigo desenhar um pau melhor do que ele e nem tenho um, que cara burro.
Ultimamente estou procurando motivos para não morrer, e a minha suposta amiga não está ajudando. Tenho medo que Henri apareça por aqui e me empurre contra a parede novamente.
-Nós vamos morrer!-Exclamo, andando de um lado para o outro no meio do corredor. Callie mexe a cabeça negativamente guardando aquilo na sua bolsa e me alcança, andamos em direção ao refeitório, eu ando involuntariamente. Estou parcialmente em choque.
-Não, apenas você vai morrer... se ele te odiar de verdade.
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Bullying
Lãng mạn"Ele me importunava todos os dias e eu chegava a perder a paciência. E foi então que eu descobri que ele queria chamar a minha atenção... mas não era somente isso o que ele queria." AVISO: possível gatilho. * violência (física e psicológica), abuso...