Capítulo 34 - Indecisão

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-Você ficou louco?! Eu tô congelando!

Tento recuperar meu fôlego perdido. Se não fosse exagero, eu diria que meus ossos estão doendo. Já é início da noite, e as noites tem sido frias ultimamente. Ainda bem que deixei o celular no carro, não no meu bolso como de costume. Ele ri, provavelmente mais acostumado com esse tipo de situação do que eu.

-Eu estava falando sobre isso...-Diz.

-Isso não teve graça.-Tento "nadar" até a escadinha para escapar daqui antes de ter uma hipotermia ou ficar doente.-Não teve graça nenhuma...

Para a minha sorte, consigo subir. E fora está muito mais frio do que dentro da água, e ainda mais vestindo roupas molhadas. Começo a tremer imediatamente enquanto caminho até a área coberta, onde está a minha mochila, não estando surpreso. Eu posso esperar qualquer coisa de Henri, qualquer coisa mesmo.

-É melhor tirar essa roupa.-Volta a dizer. Viro-me para ver, também está saindo da água, mas não aparenta estar com tanto frio quanto eu. Continuo a tremer enquanto tento parecer puto com ele. Henri caminha até a porta de vidro que dá para o corredor.-Foi a forma mais fácil de te obrigar a fazer isso.

*

A minha relutância quase infinita em tirar a roupa acaba de terminar. Eu não poderia ir para casa assim, iria molhar todo o carro por dentro, e isso ia me dar um baita trabalho. Callie já deve estar em casa, mas eu não poderia recorrer a ela em hipótese alguma. A última coisa que quero é ter que dar mil satisfações sobre coisas que ainda nem aconteceram para alguém.

Tenho dificuldade em acreditar que foi tudo um plano maligno de Henri para me fazer ficar nu, mas se ele acha que vai me ver assim hoje, está muito enganado.

-Adianta aí! E não faz nenhuma merda!-Exclama, do lado de fora do seu quarto. Como eu disse, ele estava enganado se pensou que eu daria o braço a torcer. Combinamos que eu me trocaria rapidamente no seu quarto. Eu queria ir para outro cômodo, mas ele insistiu que teria de ser aqui. Sua solidariedade me surpreendeu quando disse que me emprestaria alguma roupa, mas eu neguei imediatamente. Não quero precisar dele. O conjunto do uniforme não titular do time estava no fundo da minha mochila (acho até que isso explica o peso a mais), e me apareceu em uma boa hora. Eu nem lembrava que estava lá. Eu fico péssimo vestindo isso, mas que opções tenho além de entregar a situação nas mãos de Henri? É isso o que ele quer, e eu não vou dar.-E nem pensar em roubar as minhas cuecas. Eu sei que vocês gays curtem isso.

Reviro os olhos, com todos os motivos do mundo. Espero que seja brincadeira.

Estou prestes a vestir a camiseta quando percebo que a janela e as cortinas estão abertas. Como eu estou arriscando... Callie pode me ver!

Corro para fechar, mas temo que seja tarde de mais.

E é. Ela está do outro lado, parada de frente para cá com um aspecto fantasmagórico. Estreita os olhos quando me vê. Meu reflexo natural me faz fechar as cortinas imediatamente.

Espero que ela esteja chapada o suficiente para achar que foi tudo coisa da sua cabeça. Eu estando sem camisa no quarto de Henri? O que de mais estranho poderia acontecer?!

-Eu tava brincando, cara. Não quis te ofender...-Ouço, após a porta do quarto começar a ser aberta. Ainda estou de frente pra a janela, agora de cortinas fechadas, e provavelmente pálido como a parede do quarto. Viro-me devagar. Henri está com apenas uma toalha enrolada na sua cintura. Deve ter perdido a paciência enquanto me esperava terminar. Seu olhar para de me analisar quando viro-me completamente.-Não precisa ficar chateado por isso.

Acho que a minha expressão de "e agora?" o confundiu e o fez achar que estou estático por causa do seu comentário idiota que eu mal ouvi.

-Não estou chateado.-Começo a vestir a camiseta rapidamente.

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