Capítulo 12 - Vestiário (Parte 2)

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-Abre a merda dessa porta, vou devolver o seu celular.-Não confio por motivos óbvios e me sinto em um filme de terror.-Tá com medo?

Meus olhos correm até a fechadura da porta. Como diabos eu tinha esquecido de trancar?! Infelizmente a minha mão não é mais rápida do que a sua. Ele puxa a porta, mas não deveria saber que estava só encostada. Sua cara de surpreso explica tudo.

Me afasto, acuado, essa cabine não deve ter mais do que dois metros quadrados e a única saída é a porta a qual Henri está na frente. O seu olhar se torna perverso, afinal, é como ele é. Seus cabelos molhados pingam encharcado toda a sua camiseta.

-Está com medo.-Dessa vez ele afirma, meio sugestivo.-Você não é homem mesmo...

-Sai da minha frente.-Respiro fundo.-Por favor.

Ergue a sua mão para exibir algo que eu tinha esquecido por completo, o meu celular. Seth já parou de ligar, para a minha sorte. Ele deve entender que se não atendi, tenho motivos, mas não pode nem imaginar os quais. Henri balança o aparelho na minha frente de um lado para o outro.

-Não vai querer? Posso quebrar se você não quiser.

Minhas mãos estão suando, e é com uma delas que tento alcançar o meu celular por um impulso momentâneo, mas ele novamente é mais rápido, com sua outra mão segura o meu pulso com força e o empurra contra a parede atrás de mim.
E eu já estou ficando cansado de ser empurrado contra paredes por ele.
Henri se aproxima um pouco mais, entrando na cabine. Se eu já estava aflito, estou mil vezes mais. Não faço a mínima ideia do que vai acontecer em seguida.

Abaixo a minha cabeça pois não quero encará-lo para que pense que estou o desafiando. Eu não teria a mínima chance. E a última coisa que eu quero é ter que explicar um olho roxo para a minha mãe.

Henri finalmente solta o meu braço e eu o recolho imediatamente. Continuo me afastando.
Fecho os meus olhos por alguns segundos, a tensão está me fazendo perder os sentidos.

Quando sinto a sua respiração na minha orelha, um arrepio percorre por todo o meu corpo. Eu não sei ao certo o que senti no momento, mas com certeza não foi só medo. Eu poderia definir como "curiosidade", só para não ter que me auto agredir mais tarde.

-Você não significa nada... para ninguém.-A sua voz me causa um frio na barriga quando a ouço tão de perto. Minhas pernas tremem um pouco também. Procuro um modo de escapar o quanto antes, não quero descobrir o que está para acontecer.-Por que acha que ele gosta de você? Ele não gosta. Só quer ter onde enfiar o pau.

-Não...-Sussurro.

-Cala a boca, bicha!

Quando sinto a sua mão na parte inferior das minhas costas, já não sei mais o que sinto. Talvez eu esteja estático. Quero insulta-lo de volta, mas não consigo, mesmo que mentalmente. Só então percebo que Henri coloca o meu celular no bolso traseiro do meu jeans. Ainda assim uma atitude estranha. Me sinto razoávelmente aliviado, porém não por completo. Ele continua tão perto como antes.

-Me diz... com clareza o que veio fazer aqui.

-O treinador mandou. Eu odeio esse lugar.

Ele dá um soco na parede, e estou começando a achar que suas mãos são feitas de aço para fazer tanto isso e nem fingir estar com dor. Ou sei lá, ele não deve curtir demostrar fraqueza.
Entretanto, eu tinha esquecido de mais um detalhe. Os chuveiros do vestiário abrem com pressão, não precisa girar. E quanto Henri tentou fazer a parede sangrar, acabei me afastando mais ainda, e assim pressionando com as minhas costas o registro.
Eu não entendi o que tinha acontecido de imediato, e Henri também não obviamente. Ele se afastou, e eu tenho a chance de escapar e correr, mesmo que escorregando por meus sapatos estarem molhados.

-Volta aqui! filho da puta!-Ouço enquanto deixo o vestiário masculino sem ao menos olhar para trás.

Vou chegar em casa na hora do jantar, estou parcialmente molhado e nem está chovendo, terei que inventar uma ótima desculpa.

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