Capítulo 44 - Quebrado

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A escola vem exigindo muito de mim, meu dia se resumiu em tentar memorizar fórmulas para a prova de física que teremos amanhã.
Por isso, não tivemos oportunidade de conversar hoje, mas é só questão de horas, pois estou indo para a sua casa.
Como adverti ontem, tenho que lhe passar alguns conteúdos perdidos, mas isso tudo é um grande pretexto. Eu só quero poder ficar a sós com ele o mais rápido possível. Mal o vi durante o dia, também deveria estar ocupado.

Eu e Callie tivemos mais uma conversa daquelas que me fazem querer implantar um botão "mudo" nela, dessa vez sobre as supostas contradições de Henri.

-Mas se ele te deu o colar, você deve usá-lo, certo?-Disse, eu assenti, sem nenhum resquício de paciência.-Eu achei que ninguém podia saber de vocês... e tipo... todo mundo já viu ele usando isso...

Eu percebi que fazia sentido. O meu palpite é que Henri decidiu me testar mais uma vez, mesmo que não faça tanto sentido.

-Pode ter sido também a única forma que ele encontrou de dizer o que sente... ele é praticamente um homem das cavernas, todos nós sabemos disso.-Callie voltou a tirar mais uma conclusão. Eu estava confuso de mais para questionar, então, por minha vez, decidi que usaria sim, mas sempre por baixo da roupa. Assim os seus supostos sentimentos e parte dele sempre estariam comigo... e bem, eu passaria no suposto teste.

Esperei que a minha mãe chegasse em casa para que eu pudesse sair. Mesmo que mais inteligente do que eu, a minha irmã não pode se virar sozinha. Não falei para onde ia, só informei que precisava sair. Ela não prestou muita atenção, estava no telefone com o seu novo pretendente. Significa que vai parar de se preocupar comigo de uma forma desnecessária, pelo menos por alguns dias.

*

Quando chego a sua porta, acontecimento que sempre me deixa com uma sensação inexplicável de aflição, toco a companhia sem pensar muito, antes que Callie possa me ver e perguntar depois se transamos.
A porta demora um pouco para ser aberta, mas não muito. A surpresa que tenho torna tudo mais embaraçoso.

O Dr. West é quem abre a porta com sua cara de surpreso. Eu tenho vontade de sair correndo, entrar no meu carro, e não vir aqui mais.

Eu não falei que horas exatamente sairia de casa, mas imaginei que estaria, afinal, nas outras vezes sempre esteve.
Decido encarar a realidade que está a minha frente, mesmo que difícil. Não quero ouví-lo falar sobre Henri, mesmo que quase sempre verdades.

-Kody? Que surpresa!

-Eu... estou aqui para estudar... com o Henri...-Decido ser direto.-Ele... está?

O pai de Henri libera a passagem da porta para que eu entre.

-Não, mas deveria. Saiu para a academia de boxe, e está uns dez minutos atrasado. Espero que ele tenha tomado o medicamento.

Após fechar a porta, segue para o corredor de encontro a escada, onde eu imagino que estava antes.

-Tá bem. Eu posso esperar.

-Pode esperar no meu escritório se quiser, eu estou organizando os meus horários, mas preciso mesmo falar com você.-Começo a seguí-lo, mesmo sabendo que vou odiar essa conversa.

Tento imaginar o que tenha feito Henri se atrasar, se ele já estivesse aqui, talvez eu evitasse esse constrangimento.

-Falar... comigo?-Questiono, ainda nos últimos degraus.

-Logo saberá do que se trata.

Minha paranóia me faz começar a pensar coisas. Será que tem câmeras no seu escritório e ele viu o que aconteceu naquele dia? Espero que não, sua calma pode provar o contrário.

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