Capítulo 27 - Livrar

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Hoje, mais do que nunca, eu senti saudades de Seth, e posso dizer com toda a certeza que esse é um dos sentimentos mais sufocantes, principalmente quando a pessoa em questão está morta.

Na verdade, parece mais um milhão de sentimentos me agredindo de uma vez só, e eles só voltam desse jeito. Me fazendo esquecer do mundo lá fora e perder a fé em mim mesmo.
Eu amei uma vez, foi muito difícil, muitas vezes cheguei a me questionar se amei de verdade ou não. Não é tão simples assim, nós tínhamos uma conexão de verdade, mas ele se foi. E não está nos meus planos de jeito nenhum amar novamente tão cedo. O medo de perder a pessoa irá me prevenir desse mal, afinal, eu sou amaldiçoado quando o assunto é ser feliz.

Não fui para o colégio ontem pois não consegui levantar da cama. Hoje me esforcei e consegui focar mais em outro tipo de pensamento, mas ainda assim continuo um morto-vivo. Tô com náusea por causa dos remédios idiotas para controlar os meus pensamentos... e também para me deixar com os movimentos bem limitados. É como se eu estivesse morrendo aos poucos... antes estivesse.

-Eu não acredito.-Callie cruza os braços, incrédula, quando Henri passa por nós com seus amigos no corredor. Pela sua cara, ela sabe de alguma coisa grave. Revira os olhos e começa a bater os pé no chão impaciente, algo que Karen e as outras patricinhas mimadas fariam.-Eu o odeio.

Não tô utilizando muitas palavras hoje, meus olhares falam por mim, a encaro sugestivo. Não quero muito saber o motivo, só estou caçando assuntos no ar para não ter que falar sobre mim, pois tá cada vez mais difícil ignorar as suas perguntas.

-Ele agrediu a Karen!-Diz, indignada, virando para me olhar e esperando uma reação minha. Ergo as sobrancelhas.-Ele a empurrou quando ela terminou com ele, e depois ficou ligando e pedindo para voltar! É um machista idiota!

-Vocês viraram gêmeas ou algo assim?-Pergunto, quebrando meu voto de silêncio. Discordo totalmente da atitude de Henri, mas isso ainda não é da minha conta. Callie estar agindo como Karen é.
Ela ri, quebrando sua pose de dona da rua.

-Relaxa. Tô zoando, mas ele a empurrou mesmo.-Continua andando, eu a sigo.-Esse cara deve ser louco ou algo assim...

Minha companheira revoltada para pra falar com Camille no meio do corredor, me afasto um pouco para não haver chances de eu ouvir ou participar dessa conversa.
Vejo Henri parado a uma pequena distância.
Não é difícil imaginar que ele seria capaz de agredir alguém. Isso é bem característico dele, o seu temperamento explosivo e incapacidade de lidar com a rejeição é a pior parte da sua personalidade. Ele não tem jeito mesmo.

-Avisa se não forem voltar, cara.-Posso ouvir vagamente um de seus amigos falar rindo.-Você não deu conta daquela gostosa.

Bom, a princípio Henri está de costas para mim, eu não podia ver a sua cara para prevêr a sua reação. Ele dá um soco na cara do amigo que fez a piada.
Deve ter doído para caralho, o fez se bater contra os armários ao seu lado.

-Que porra é essa?-Exclama Callie, se aproximando. Cami ergue o seu celular e direciona a câmera para onde está acontecendo o desastre.

-Cara, qual é o seu problema?!-Alguém questiona por todos.

Tão rápido quanto meu cérebro cheio de drogas para depressão possa imaginar, o cara que foi atingido devolve o soco, mas não com tanta força. Ele sangra pelo nariz.

Talvez eu esteja um pouco impressionado, posso estar também de boca aberta. Henri é mais problemático do que eu pensava.
O outro cara avança em cima dele, o fazendo cair. Os socos continuam.
Eu não queria estar aqui, essas situações me causam aflição. Há um círculo de pessoas em volta da briga, me pergunto se gostam de assistir isso ou se apenas estão curiosos. Os amigos tentam separar.

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