-Eu preciso ir, acabei de lembrar... tenho dias de conteúdo para estudar.-Disse eu, equanto ainda estávamos dentro do carro parado na frente da cafeteria. Eu realmente preisava estudar, então não menti, mas também não queria entrar naquele lugar e lembrar de tudo o que passei com Seth, estando agora com Henri.-Se você não se incomodar, é claro...
Seu olhar saiu de mim, indo para o volante a sua frente. Já tinha sacado tudo, e eu sabia que ia perceber. Me senti idiota por não poder simplesmente falar o que sentia.
-Tudo bem. Não deveria ter vindo até aqui.-Não parecia irritado, muito pelo contrário, voltou a ficar calmo.-Deve ser difícil para você.
-Eu não e...-Tentei dizer.
-Não precisa mentir, tá bom?-Me interrompeu, pois realmente era a sua vez de falar.-Eu não estou a todo momento tentando brincar com os seus sentimentos se é o que pensa. Não foi a minha intenção te deixar desconfortável, eu sequer lembrava de toda aquela história que você teve antes de...
-Antes de você.-Completei. E também senti que me faria terminar com Seth, mesmo se ele não tivesse morrido. Pois começou a me fazer esquecer tudo o que eu só conseguia pensar. E me obrigou a começar a pensar nele. A todo momento.-Eu não tenho essa imagem ruim de você. E sobre isso, para mim, todo mundo está errado, menos eu.
-Tenho quase certeza de que está mentindo.-Virou-se para mim, com um meio sorriso fraco. O nosso clima foi cortado quando o seu celular começou a tocar, estando em um dos compartimentos do carro. Pude ver a chamada do seu pai, e isso estava até demorando para acontecer.
-Mais um castigo?-Perguntei, na intenção de descobrir o que estava rolando. Mas pelo visto era o de sempre. Perseguição.
-Agora fugir não parece uma má idéia.-Disse, antes de recusar a ligação.
*
Me senti tão pleno durante a manhã de hoje que nem senti vontade de morrer por ter uma prova de física me esperando e consegui ignorar com êxito a conversa da minha mãe com o diabo ao celular. Só pude raciocinar que estavam fazendo planos para a maldita viagem de destino desconhecido a qual tem tirado a paz de todos. Tudo o que tenho de pistas são chapéus de praia, hotéis tropicais e passagens de primeira classe. Até o futuro paradeiro da minha irmã é desconhecido, já que acredito que eu não seja responsável o suficiente para tomar conta dela durante alguns dias, e eu continuo tentando parecer o mais irresponsável possível.
Mal desco o carro e já tenho o desprazer de me deparar com Karen, que também acabava de chegar.
-Sem ressentimento...-Diz, ao passar por mim. Não para, pois sabe que há ressentimentos sim. Eu finjo que não ouvi nada enquanto pego a minha bolsa no banco de passageiro em meio a uma pequena bagunça que fiquei de arrumar. Não tenho tido muito tempo para isso.
Quando termino e fecho a porta, sinto alguém puxar o meu ombro para que eu me vire e imediatamente me empurrar contra o meu carro.
Se trata de Henri, e isso já estava nos meus planos, mas não para agora. Droga! Eu tô ferrado.Meu coração quer sair pela boca enquanto penso em uma desculpa e me questiono o porquê de Karen ter mudado de planos, já que foi o que provavelmente aconteceu. Posso ver na sua cara que quer cometer um duplo homicídio. Entre eu e uma outra pessoa.
-Eu... posso...-Tento dizer.
-O que droga significa isso?!-Me mostra no seu celular uma mensagem de texto recém recebida. "Você está cuidando bem do Kody? ele não parece muito bem." O maldito número misterioso ataca novamente, e isso também estava demorando de mais para acontecer. Se eu disser que estou aliviado estarei mentindo, mas com certeza é menos pior do que descobrir o plano mirabolante de Karen com a intenção ridícula de destruir a sua imagem e provar nada antes que eu possa fazê-la mudar de ideia. Eu não consigo pensar direito.-O que você tem na cabeça?! Pelo visto vou ter que acabar com você para perceber que tem que ficar calado!
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Bullying
Romance"Ele me importunava todos os dias e eu chegava a perder a paciência. E foi então que eu descobri que ele queria chamar a minha atenção... mas não era somente isso o que ele queria." AVISO: possível gatilho. * violência (física e psicológica), abuso...