Capítulo 33 - Idiota

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A minha manhã de sábado foi cheia de prós e contras. Uma contínua discussão comigo mesmo, entre ir para a casa de Henri e descobri o que pode acontecer ou ficar em casa e estudar sozinho.
Ontem, durante a carona que dei para Callie, perguntei sobre essa de estudar durante o final de semana. E é realmente verdade. O maldito professor concordou em separar o nosso grupo.

Ele obviamente avisou na última aula, a qual saí da sala mais cedo. É por essas e outras que não considero Callie totalmente como uma amiga, se ela tivesse me contado antes, eu teria me preparado, sei lá, poderia me esforçar mais para escapar de Henri, e assim não acabaria deixando-o me encontrar como fez ontem na hora da saída. Pelo menos eu poderia dizer que não fui avisado sobre os estudos fora do colégio e poderia me livrar fácil.

Já a parte menos sensata e mais obscura de mim diz que devo voltar a casa Henri. Até porque, estarmos sozinhos naquele lugar enorme não seria nem um pouco perigoso. O Dr. West é muito ocupado, então obviamente estará trabalhando no final da tarde, ele não terá que ficar preocupado.

A ansiedade me consumiu durante o dia todo, e quando se aproximava do final da tarde, meu coração queria abandonar o meu corpo.

Decidi não vestir preto, estou me libertando dessa cor aos poucos. Visto o meu famigerado suéter azul marinho para pelo menos ter algo confortável em mim durante o tempo que ficarei lá.
Ao checar o meu celular pela primeira vez hoje, vejo que Callie me enviou uma imagem. Ela aparentemente está na casa de Karen, que está se pegando com o atual. Reviro os meus olhos quase que automaticamente. Pelo visto não sou só eu quem terei dificuldade em estudar hoje.

Imagino a bagunça que seria se o grupo ainda estivesse inteiro. Talvez não tenha sido uma má idéia desfalcá-lo, a propósito, acho que é mais fácil lidar com o Henri sozinho do que com aquelas duas malucas, mesmo eu não sabendo o que fazer quando estamos a sós... porém, pelo menos ele sabe, aparentemente.

O período de encontros românticos entre a minha mãe e o treinador do time terminou dias atrás, e como já era de se esperar, ela voltou a se afundar nas fotos, nos medicamentos e nas lágrimas.
Sinto que ela deveria seguir em frente e não ter medo de começar um relacionamento novo de verdade, sempre acaba estragando tudo quando volta a lembrar do meu pai, deixando os seus novos namorados com dor de cotovelo. Já faz tanto tempo.

Porém, o sentimento de culpa corre em minha direção e me alcança quando lembro que tem semanas que perdi Seth, e já estou indo para a casa de um outro garoto. E não posso nem mentir dizendo que minha mente as vezes poluída e sempre criativa não imaginou as mil possibilidades desrespeitosas que podem acontecer hoje.

Também me questiono se realmente o amei de verdade como minha mãe amou o meu pai. Comecei a namorar Seth em um momento de carência extrema, ele se esforçava para me compreender sempre que podia e fazia questão de mostrar que estava gostando de mim, mas eu não. Tudo era tão... planejado. Eu não conseguia ser espontâneo.

Me apeguei a ele, de fato, eu o adorava. Mas ainda assim não conseguia lhe contar tudo sobre mim. Eu declaradamente o amava, mas não conseguia dizer a maldita palavra, era como se eu fosse impedido, como se não fosse o momento certo. E então foi tarde de mais para isso.

Fiquei remoendo sobre a sua morte durante dias, e hoje, as vezes chego a esquecer o que aconteceu, porque outras coisas não tão desejadas ocupam a minha mente. Eu me sinto tão estúpido de estar questionando se realmente o amei.

*

Olho ao redor logo após descer do carro para ir de encontro a porta da casa de Henri. Espero com toda a pouca fé que tenho que Callie não já esteja em casa, e que chegue a noite, e chapada o suficiente para não reconhecer o meu carro, que estacionei um pouco mais longe só por precaução.

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