Capítulo 52 - Significado

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-Espera, eu já estou indo!-Responde ele, logo aparentando estar impaciente e inquieto. Pelo visto não sou o único infeliz com a situação, por mais que Henri tente não demonstrar.

-Esqueceu que tinhamos compromisso hoje?-Pergunta, do outro lado da porta. Pelo seu tom de voz parece que realmente tinham.

-Sério? Que surpresa agradável.-Tento sussurrar para que não ouça, mas se pudesse gritaria.

-Cala a boca! Ela vai te ouvir!

-Eu só convidei algumas pessoas, espero que não se importe. Não vai ser bem... sabe... uma festa.-Ele quer mandá-la embora. Por isso não saiu do quarto ainda. Está como um animal numa jaula. Eu saio da sua frente e sento-me na cama, pois com certeza não vou poder ir embora agora.

Eu acho que acabei de sacar qual é a dela. Recuperar a sua popularidade fazendo festas. Eu gostaria que Karen chegasse aqui e a arrastasse para casa.

-O seu pai não vai gostar nem um pouco disso...-Sussurro novamente.

Henri já está prestes a abrir a porta, com a sua mão na maçaneta. Só precisa me fazer algumas recomendações antes.

-Não tem como ficar pior.-Volta-se para mim momentos antes de abrir a porta.-Fica aí. Em silêncio.

Como eu já poderia imaginar, ele sai, fechando a porta, e eu corro imediatamente até a mesma para ouvir qualquer coisa que possam dizer lá fora.

-De quem é o carro que tá quase na frente da sua garagem?

Não consigo ouvir bem o que ele responde, pois já caminham longe o suficiente.
Não estou impressionado com o que está acontecendo, apenas decepcionado. Procuro uma forma de escapar, mas se ele me pediu para esperar aqui, é porque vai arrumar um jeito de voltar logo, e espero que realmente faça isso, pois estávamos finalmente começando a nos entender.

O tempo passa. A cada minuto, me sinto um pouco mais idiota. Até que a minha cota de idiotice finalmente bate. Deve ter quase meia hora que espero.
Termino de digitar uma mensagem de texto para ele, dizendo que preciso ir embora urgente. Quando ele decidir aparecer eu posso inventar uma desculpa esfarrapada. Eventualmente ouvi vozes lá fora, não a dele, mas dos convidados da sua "namorada".

Juro que se a janela não fosse no primeiro andar, eu já teria pulado.
Um segundo após enviar a mensagem, ouço um barulho de vibração.
Isso quer dizer que ele deixou o celular aqui dentro, para completar a desgraça que é a minha vida. Levanto-me e envio outra mensagem, só para poder identificar de onde vem o barulho. E vem mesa de estudos onde fica o computar. Está bem na minha cara, como não pude ver?

Por um instante sinto que não tenho escolhas, a não ser abrir a porta e vazar daqui, sem me importar se na sua sala tem um bando de adolescentes desocupados. Já são quase nove horas da noite, eu preciso estudar, e não posso fazer isso aqui.

Alcanço o seu celular na mesa e questiono se realmente deveria estar fazendo isso. Quando vejo que não precisa de senha para ser desbloqueado me questiono o quão Henri é estranho. Bom, deve ser porque ele não tem irmãos mais novos.

Meu dedo corre imediatamente até as mensagens de texto. Ignoro as de Lizie, silenciadas, que ele ao menos chegou a abrir, e os seus amigos idiotas. Depois de descer bastante encontro Karen, com o número já deletado.
Sua última mensagem foi uma ameaça de vingança com direito a humilhação pública. Henri não lhe respondeu. Quer dizer, pelo menos não através do celular.

Ela diz, num mini texto, que ele vai se arrepender de ter empurrado-a e a feito agir como idiota durante tanto tempo.
Me pergunto se devo impedí-la, de alguma forma, ou sentar e esperar para ver se isso vai acontecer.

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