Capítulo 92

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— O que houve? — Micael tinha as mãos enlaçadas na minha cintura. Estávamos deitados, juntinhos. Ainda nus.

— Estou pensando. — Suspirei. — Como pode existir alguém tão cruel? — O encarei rápido.

— Você diz em relação à...

— Ela mesma. — Cerrei meus olhos.

— Vai ver a infância dela foi horrível, ou ela é uma ogra que só veio ao mundo pra acabar com a vida das pessoas. — Fez graça enquanto eu ria. — E ela me encontrou!

— Só quero que tudo isso acabe. — Juntei Micael mais à mim. — E quando isso acabar, nós seremos felizes. Juntinhos.

— Você já pensou em como vai ser o nosso casamento? — Ele me observava.

— Você pensa nisso?

— Mas é óbvio que sim. — Sorriu. — Eu penso em todos os mínimos detalhes.

— Ok, hum... — Me virei ficando frente à frente com ele. — Eu imagino uma festa bem linda, com todas as pessoas que eu quero. A gente pode convidar as que eu não gosto também. — Foi a vez de Micael rir.

— Quem diria que nós ficaríamos tão próximos assim. — Micael inclinou-se, me beijando.

Eu realmente nunca me imaginei namorando com Micael Borges do time de vôlei, ele era disputado demais entre as meninas do antigo colégio, ele era... Fora de cogitação! Mesmo eu andando no mesmo grupo que ele, nunca imaginei que aconteceria isso.

A vida te prega surpresas!

DUAS SEMANAS DEPOIS.

Rayana finalmente tinha se mudado para Nova Iorque de novo, Micael estava morando com a mesma já que ela não deu um minuto de sossego. Fizeram a mudança uma semana antes, Peixotto estava em paz.

— Eu tinha todos os contatos. — Rayana falava ao telefone. — Sim, sim. Todos! — Riu leve. — Micael está morando comigo agora, estamos bem. — Fechou sua última mala, agora, vazia. — Tenho que desligar. Até mais! — Bloqueou o Iphone, encerrando a ligação. — PAI?

— Sim, querida? — Peixotto estava na sala, relia alguns documentos. Afinal, era o seu trabalho.

— Micael já foi pra faculdade? — Desceu rapidamente.

— Já sim. Faz algum tempo. — Encarou a filha. — O que estava fazendo?

— Guardando o resto das malas. — Cerrou os olhos. — Por que?

— Nada. — Estava atento nos documentos relidos, parecia preocupado!

— O que está fazendo aí?

— Lendo alguns contratos antigos. — Mostrou. — E já digo que não tenho boas notícias.

Jogou os papéis em cima de uma mesa de centro.

— Por que não tem? — Rayana preocupou-se.

— Deixe isso pra lá.

— Não pai, eu quero saber o por quê. Se não me disser, vou contar tudo à mamãe. — Rayana cruzou os braços. — O que está acontecendo de errado?

Peixotto respirou fundo.

— Dez anos atrás eu peguei um grupo de agiotas para trabalhar com eles, ser o contador deles. — Explicou. — Sempre trabalhei com o meu profissionalismo intacto, sem faltar nada! E agora, parece que estou sendo cobrado por e-mails massacrantes. — Colocou as mãos na cabeça.

— Agiotas? Ficou maluco? — Ela negava a cabeça, sem acreditar. — Isso é muito perigoso, pai.

— E eu sei.

— E por que aceitou esse trabalho idiota?

— Pra poder pagar todos os seus mimos, ou você acha que qualquer sapato de 100 mil dólares que você usa cai do céu? — Perdeu a paciência.

— Agora a culpa é minha?

— A culpa não é de ninguém!

— A culpa é sua, Peixotto Carvalho. — Rayana cerrou os dentes. — Agiotas são inteligentes, podiam muito bem contar seu próprio dinheiro.

A história era... Peixotto não era tão bonzinho ao ponto de agiotas estarem acusando ele de não ter feito nada. O que acontece é que: Ele tinha roubado agiotas no passado, enquanto contava seu dinheiro roubava uma parte de 30%, mas, nunca detalhou aos mesmos, não era tão burro assim.

Isso passou-se por 10 anos, ajudou Peixotto a conquistar tudo o que queria com seu dinheiro sujo, a única coisa que ele nunca imaginaria é que receberia e-mails de ameaça e ligações que lhe deixariam com medo. Sua família estava em risco.

Todos em sua casa estavam em risco.

— Não conte nada a sua mãe, ela não precisa saber. — Peixotto deu as costas a filha.

— E você vai mentir até acontecer alguma coisa?

— Não vai acontecer nada!

— Vai sim! Eu sei muito bem o que esse povo pode fazer, pai. — Estava com medo também. — Eles vão nos ameaçar até darmos um jeito.

Peixotto ficou em silêncio.

— Devolva o dinheiro que eles querem. — Disse pausadamente.

— É sério? — Peixotto gargalhou de nervoso. — Então venda todos os seus sapatos da Gucci e Prada, quem sabe podemos devolver.

— Eu posso te ajudar, se você quiser.

— Vai enfiar o seu querido namorado no meio?

Feito!

— Esse seria meu próximo palpite.

— Não quero ele enfiado nos meus problemas. Ele já é um problema maior!

— Ele tem todo o dinheiro que precisamos pra sair disso.

— A mãe dele tem! E você vai ficar longe. — Estava bravo. — O dinheiro dos Borges também é sujo, pense você outra coisa.

— Só está dizendo isso porque não quer que ele nos ajude. Ele pode nos ajudar muito! — Rayana já estava cansada de dizer. — Podemos sair dessa.

— Eu vou sair dessa, sozinho! — Pegou forte no braço de Rayana, lhe machucando. — Se você abrir a boca, eu vou acabar com a sua vida. Entendeu? Eu não sou que nem você, querida filha. Que se escora em homens com dinheiro pra poder chantagear a vida toda. — Lhe empurrou.

— Eu te odeio!

— Também amo você. — Peixotto saiu andando, deixando Rayana com todo o ódio espalhado pelo corpo. Seu pai estava precisando de ajuda mas o mesmo não queria.

Estavam encrencados o bastante para pensar no que fazer.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos Onde histórias criam vida. Descubra agora