Capítulo 23

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Me espreguicei na cama confortável, sorrindo em seguida. Estava descansada, renovada. Abri meus olhos azuis lentamente, o blecaute da cortina deixou que meu sono fosse mais além, os raios de sol não me incomodaram.

O lençol de seda pareceu dançar em meu corpo nu, pela noite anterior. Encarei meu lado que estava vazio.

Micael já tinha acordado.

Fiz minha higiene matinal, me vesti em um roupão felpudo que havia na suíte do quarto, amarrei bem antes de descer as escadas. O cheiro de torrada com manteiga fez meu estômago acordar.

— Rayana, já conversamos sobre isso! — Micael discutia com Rayana no telefone. Me escondi na escada, escutando tudo. — Eu vou voltar no mês que vem, não adianta me seguir. Que inferno! — Bufou. — Faça o que quiser. — Jogou a frigideira na pia, fazendo um barulho. — Ok, ok. Não quero que encha minha mãe de baboseiras, deixe ela. — Lavou as mãos. — Tchau. — Secou antes de pegar o IPhone, jogando na ilha de mármore, no meio da cozinha.

Meus pés descalços andaram até lá, sem fazer barulho. Micael sorriu quando me viu.

— Bom dia. — Ainda estava sonolento, era de se reparar. Caminhou até mim, beijando meus lábios.

Eu estava em um filme de romance, com certeza.

— Bom dia. — Sorri. — Tudo certo por aqui? — Não quis me referir a ligação.

Mas... Ele entendeu.

— Rayana me ligou, acho que deu pra você escutar. — Imagina.

— Alguma coisa grave? — Fui até as torradas com manteiga, pegando uma.

— Encheção de saco. Conhece? — Apoiou as costas nuas no balcão, me observando comer.

— Ela não desiste. — Neguei com a cabeça, mastigando a torrada.

Por sinal, uma delicia!

— Onde aprendeu cozinhar?

— Amor, isso não é cozinhar. — Mexeu em meus cabelos. — Eu só coloquei torradas na torradeira, e. — Beijou meu pescoço. — Dei um toque final com manteiga. — Sussurrou em meu ouvido.

Minha intimidade estava pulsando, aquela hora da manhã.

— Ficou uma delicia. — Terminei de comer. — Você já tomou café?

— Não gosto de tomar café. — Soltou.

— O que? Logo você. — Andei até a geladeira. — Eu adoro tomar café, a refeição mais importante do dia. — Peguei a garrafa de leite.

— Exatamente. — Estava sorrindo. — Sua mãe ligou, antes que eu me esqueça.

Deixei a garrafa no balcão de mármore.

— Me procurando, aposto. — Revirei os olhos.

— Eu contei à ela que você vai morar aqui.

Tive um ataque de nervos.

— Micael, é sério! Você acha que eu sou o que? Eu sei quando devo falar com a minha mãe. — Esbraveci.

— Achei melhor contar. Você iria fazer um rodeio. — Disse, simples.

Que audácia!

— Um rodeio? Ela é minha mãe! Ela vai odiar a ideia de me deixar sozinha aqui.

— Eu já falei que Gonzales pode ficar com você.

— Pro inferno você e a sua babá de trocentos anos atrás. — Falei sem pensar. — Desculpa! — O encarei. — Eu me sinto perdida, tá bem?

— Perdida? — Cruzou os braços, esperando uma explicação.

— É. Poxa! — Suspirei. — Micael, você não gosta de mim. — Cerrei meus olhos. — Isso aqui. — Abri meus braços. — É apenas faixada. É apenas uma brecha pra você ficar perto do bebê. Assumindo uma responsabilidade.

Eu não sabia o que estava falando, mas, sentia isso desde o começo quando engravidei. Eu e Micael não tínhamos nenhum pingo de química, era como namoradinhos de primário, não sabíamos se gostávamos um do outro.

E a certeza que eu tinha era que ele queria assumir uma responsabilidade, decretando que os Borges eram responsáveis.

Me engravidou, iria até o final. Acompanhando e me ajudando.

— O que? — Ele riu. — Sério mesmo que você soltou essa merda? Logo de manhã.

— Você quer assumir uma responsabilidade.

— Vai ver é isso. — Deu de ombros. — Eu deixei a minha namorada em Seattle pra te ver porque... Eu estou fazendo cena. É, exatamente! — Debochou. — Eu cedi o meu apartamento porque estou com dó de você, porque está grávida de um filho meu e eu quero assumir as responsabilidades. — Pausou. — Estou escondendo você de todo mundo porque... Porque eu não gosto de você, vai ver, eu durmo com você só por brincadeira. Ou melhor, eu durmo com você e cuido de você porque realmente, eu estou fazendo cena. Vai ver eu não gosto de você!

Que merda! Eu era uma idiota.

Sequei minhas lágrimas, ele tinha me machucado, mas eu o machuquei bem mais.

— Me desculpa. — Funguei. — Eu não queria...

— Eu gosto de você, Sophia! — Se aproximou. — É que a gente não se explorou ainda, tem muita coisa que precisamos saber um do outro.

— É, eu sei. — Estava me sentindo uma tremenda idiota. — Desculpa por falar desse jeito, saiu da minha boca.

— Não quero brigar com você. — Beijou o topo da minha cabeça. — Tudo bem?

— Tudo bem sim. — Assenti, dando uma trégua.

Brigar com Micael não adiantaria em nada. Foi bom ter dito aquilo mais cedo, agora eu sabia que precisávamos nos explorar.

Mesmo sabendo que Rayana poderia me descobrir à qualquer momento, eu estava feliz.

Beijei Micael mais uma vez antes de abraçá-lo. Ele me confortava, eu estava segura do lado dele.

Apesar dos pesares, eu estava segura.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos Onde histórias criam vida. Descubra agora