— É, parece que seu leite secou. — Eu tinha a obstetra massacrando meu seio, enquanto me examinava. — Sente alguma dor quando eu faço isso? — Torceu os meus mamilos com força.— Agora sim. — Cerrei um pouco os dentes. — Tem alguma coisa que possa fazer voltar?
— Só se você engravidar de novo. — Tirou as luvas descartáveis. — Pode se vestir, eu vou te passar o leite que você tem que comprar, para a pequena Kate.
Assenti enquanto guardava os meus seios no roupão descartável azul, sai de cima da maca e vesti minha roupa novamente. Eu estava triste! Não queria parar de amamentar Kate agora, ela ainda tinha muito o que mamar, e eu, gostaria de aproveitar todo esse tempo. Foi muito injusto!
— Está aqui. — Me entregou o papel. — Ela pode mamar até cinco vezes ao dia, isso ajuda muito no crescimento dela.
— Tem mais alguma recomendação?
— A única recomendação é que você tem que voltar aqui no mês que vem. Você está indo ao ginecologista? — Cruzou as mãos em cima da mesa.
— Estou sim. — Faziam praticamente dois meses que eu não ia ao ginecologista.
— Que engraçado! Sua guia diz ao contrário. — Observou alguns papéis. — Vou te encaminhar para a semana que vem, pode ser?
— Claro. — Assenti, qualquer coisa que me optasse eu iria aceitar, sem delongas.
Me despedi da obstetra e sai pelos corredores do hospital de luxo, enquanto caminhava encontrei Micael vindo no mesmo caminho que eu. Sabia que ele estava fazendo residência naquele hospital, só não sabia que encontraria justo ele.
— Oi. — Sorriu.
— Oi. — Fiz o mesmo. — Como está indo as aulas?
— Uma bosta. — Cerrou os olhos. — Eu sou auxiliar de cirurgia daquele médico baixinho, o cara é um mala. — Ri leve. — Onde você estava?
— Na obstetra. — Respirei fundo. — Meu leite secou, ela me passou isso. — Entreguei a folha ao mesmo que lia, atenciosamente.
— Hum... Kate irá passar a tomar leite de lata? Menos mal. — Dobrou o papel. — Você parece triste.
— Eu estou triste, e irritada também. — Bufei. — Isso não era pra ter acontecido.
— Sophia, lógico que era. — Disse óbvio. — Kate já vai fazer um ano, você queria amamentar ela até os três anos de idade?
— Também não é assim.
— E você quer como então?
— Só não esperava que fosse nesse momento. — Cruzei meus braços. — Você vai pra casa hoje?
— A patroa vai chegar mais à tarde. Preciso ir pra casa dela. — Revirei meus olhos. — Pensei que ela iria procurar alguém com o dinheiro.
— E não vai?
— Sei lá! A Rayana é doida. — Pausou. — Vá pra casa, vou dar um jeito de sair daqui.
— Você não vai conseguir sair daqui agora, precisa voltar ao trabalho.
— Eu estou a um passo de desistir do meu emprego. Ou quase emprego. — Ri. — Preciso ir, te vejo depois! Eu te amo. — Segurou minha mão.
— Eu também te amo. — Sorrimos antes de Micael me dar as costas e voltar aos seus afazeres.
Conversávamos sobre Rayana mas não sabíamos que ela já estava em Nova Iorque, particularmente na porta da sogra, que ainda seguia em luto. Tocou diversas vezes a campainha, esperando que alguém lhe atendesse.
— Rayana? — Antônia franziu o cenho.
— Sentiu minha falta? — Entrou. — Eu preciso falar com você.
— Pensei que estava viajando.
— Eu estava! Mas tive que vir embora.
— O que te traz aqui?
— Preciso da sua ajuda. — Abaixou o olhar. — Você é a única que pode me ajudar.
— Depende da sua ajuda. — Pausou. — O que eu posso te ajudar?
— Eu preciso de dinheiro! Gostaria que você me emprestasse a herança da Lidiane, já que ela... Morreu. — Engoliu seco.
— Como é que é? — Perguntou, incrédula. — Você quer o dinheiro da Lidiane?
— Pensei que você fosse mais compreensível.
— E pra que você quer? Pensei que sua família fosse carregada no dinheiro. Pelo menos era o que Peixotto dizia.
— Meu pai é um filho da puta qualquer, ele não sabe o que está dizendo.
— Aposto que seu pai se meteu em confusão.
— Isso não é da sua conta!
— E você quer que eu te empreste dinheiro? Impossível! Pode esquecer.
— Vai recusar assim? De cara?
— Vou. Eu não sei pra que você precisa mas o meu dinheiro você não vai ter.
— Vocês são tão medíocres que me dá até pena. — Rayana atacou. — A filha morreu porque foi abandonada pela própria família, a irmã morreu porque... Quem matou mesmo? Ah... Lembrei!
— Cala a sua boca, cobra criada. — Antônia cerrou os dentes.
— Você sabe que parte desse dinheiro é meu também, não sabe?
— Só vai ser seu quando Micael enfiar uma aliança no seu dedo, coisa que ele nunca vai fazer.
— Como você sabe?
— Porque o Micael tem outros compromissos.
— O que você tá querendo dizer sua lésbica velha?
— Você vai queimar no inferno! — Cerrou os dentes.
— Isso é o que veremos. — Sorriu maléfica. — Obrigado por você ter me ajudado, Antônia Borges. Tudo em dobro pra você. — Rayana deu as costas e saiu, sem mais e nem menos.
Entrou em seu carro e se pôs a chorar, imediatamente. Estava desesperada! Precisava do dinheiro urgente mas não sabia como ter, seu pai iria pagar caro e ela não queria ver isso, não queria ver ele sofrer.
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Young and the Restless - Jovens e Inquietos
RomanceIremos conhecer a história de Sophia, uma linda e inteligente menina que caiu nas graças de Micael Borges, o popular do colégio. Um amor nasceu e ele lhe deu o seu maior presente, sua filha. Porém, Sophia teria que esconder essa história de Rayana C...