Era de manhã quando Kate me acordou, encarei a babá eletrônica, ainda sonolenta, vendo a mesma se remexer no berço. Me espreguicei vendo que Micael não tinha dormido comigo.— Saco. — Soltei. Sai da cama, fazendo minhas coisas.
Busquei Kate em seu quarto antes de descer. Avistei Micael que estava dormindo no sofá, parecia estar em um sono preocupante. Ele não parecia bem! Remexeu seu corpo antes de abrir os olhos, assustado.
— Por que não subiu? — Cheguei mais perto.
— Não queria te acordar. — A voz dele era rouca. Junto com isso, a dor de cabeça. Consegui perceber quando forçou os olhos e queixou-se de dor.
— Você não parece bem.
— É claro que eu não estou bem. — Me encarou. — Meu melhor amigo virou a cara pra mim, meu sogro está me ameaçando. Minha mãe não fala mais comigo. Você acha mesmo que eu estou bem? — Tinha raiva em seus olhos.
Aquele Micael foi novo para mim.
— Eu só queria te ajudar mas estou vendo que você não precisa.
— Você pode me ajudar em que, Sophia? Me diz! — Cruzou os braços. — Só porque você está de bem com a sua mãe não quer dizer que você pode dar palpite na minha vida.
— Dar palpite? Quem você pensa que é? — Me estressei. — Eu me preocupo com você porque eu te amo! — Olhei em seus olhos, honesta. — Me dói ver que você está nessa situação e eu não posso te ajudar.
— Sabe o que me dói? É saber que eu sou um puta de um fodido. — Engoliu seco. — Eu enfiei a minha vida em um saco de merda, enorme. E sabe o que é pior ainda? Ninguém pode me ajudar. — Me fuzilava com o olhar.
E eu nem sabia o por quê.
— Eu quero te ajudar.
— Infelizmente você não pode. — Negou com a cabeça. — Mais alguma coisa ou eu posso subir pra minha paz? — Abriu os braços, debochando.
Passou por mim e subiu as escadas, rápido. Segurei meu choro enquanto observava Kate, estava tentando segurar minha corrente de ouro, bem fininha.
Micael entrou debaixo do chuveiro quente, sentou-se no chão e deixou a água correr por seu corpo. Enquanto pensava, tomou mais duas pílulas. Chorou, bufou, socou a parede, chorou de novo... Ficou cercado de paranóias naquele banho demorado.
E eu não podia ajudar! Aliás, ele não queria minha ajuda.
Já com Arthur foi um pouco diferente. Tinha ido cedo na casa da mãe, mais calmo, engolindo todas as palavras que Micael havia dito na noite anterior. Sentiu um gelo na espinha quando passou pela porta, encarando ela no sofá. Bebia um chá de camomila, quentíssimo.
— Precisamos conversar! — Caminhou até ela, sentando em sua frente. Em uma poltrona.
— Quem te contou isso? — Deixou a xícara na mesinha de centro.
— Por que você dormiu com a Antônia?
— Quem te contou sobre isso? — Silabou.
— Vocês foram namoradas?
— QUEM TE CONTOU ISSO? — Esbraveceu. Ela poderia gritar, seu marido não estava em casa.
— Responda as minhas perguntas primeiro. — Engoliu seco. — Você ainda ama ela?
Kátia respirou fundo.
— Antônia estava sozinha demais quando Jorge faleceu. — Umedeceu os lábios. — Ficamos tão próximas que... Tivemos uma relação intensa. Eu nem sabia que isso era possível!
— E ficou dormindo com ela enquanto eu e Micael éramos amigos? Que infantilidade, Kátia!
— Me respeite, moleque!
— Você não merece mais o meu respeito. Ele morreu pra você. — Ficou vermelho de raiva. — Você ia me esconder isso até quando? Se não fosse pelo Micael eu nunca iria saber.
— Então foi ele que te contou?
— Ele me contou porque tá cheio de problema. Ele pensou que contando um, ele se salvaria de todos. Mas não foi bem assim! — Pausou. — Quero que você, Micael e Antônia se fodam. Ouviu bem?
— EU SOU A SUA MÃE!
— UMA PUTA MENTIROSA! — Gritou. — Você mentiu pra mim, você estragou a nossa família. E quando o papai souber?
— Ele não vai saber!
— Ele vai. — Assentiu, bravo. — Ele precisa saber. Eu não quero você fazendo meu pai de idiota.
— VOCÊ NÃO PODE CONTAR PRA ELE! — Desesperou-se. — Eu amo o seu pai, você não pode contar.
— Se amasse não estaria esfregando a vagina em outra mulher. Indecente! — Cuspiu as falas. — Você não presta, não vale um centavo.
— Quem você acha que é pra me tratar assim? — Cerrou os olhos. — Eu ainda continuo sendo a sua mãe, necessito de respeito.
— Ah, você quer respeito? — Riu em deboche. — Eu já disse que meu respeito por você morreu. Será que dá pra entender?
— Não conte nada ao seu pai, por favor! — Implorou. — Se fizer isso, você acaba com a vida da Antônia.
— A vida da Antônia já tá acabada!
— Pensa no Micael, pensa na Antônia, pensa na irmã dele. — Ajuntou as mãos, implorando. — Se você abrir a boca pro seu pai, os Borges não vão ser mais os mesmos.
— Os Borges já não são mais os mesmos fazem décadas! O Micael tá perdido! A Lidiane tá perdida e a Antônia falta um passo pra não morrer também. — Arthur estava sendo duro.
— Vai sujar o seu próprio amigo? Deixar ele na merda? Tirar tudo o que o pai dele conseguiu?
— O PAI DELE SÓ CONSEGUIU POR CAUSA DO MEU PAI. — Irritou-se. — SE NÃO FOSSE POR ELE, O JORGE NUNCA SERIA MILIONÁRIO. NUNCA CHEGARIA À UM NÍVEL TÃO ALTO! — Kátia chorava horrores. — EU QUERO QUE TODOS ELES SE FODAM.
Arthur respirou fundo, tentou se acalmar enquanto via a mãe chorar, desesperada. Levantou-se da poltrona e arrumou o colarinho da blusa, se preparando para ir.
— Arthur, não faça isso. Por favor, não faça isso! — Implorou mais uma vez, poderia mudar a cabeça do filho.
— Sempre se importando com eles, Kátia. — Suspirou, um suspiro nervoso e cheio de mágoa. — Parece que você não conseguiu esquecer Antônia.
— Eu fico pensando em como eles vão ficar. Não seja tão cruel, se Micael estivesse no seu lugar ele te ajudaria! — Soltou. — Pense nisso antes de fazer besteira.
— Eu sei muito bem o que eu faço, mãe! — Cerrou os dentes. — Tenha um bom dia. — Saiu de sua casa, entrou no carro e partiu para a faculdade.
Kátia andava de um lado para o outro, preocupada. Tinha que entrar na mente do filho, antes que fosse tarde.
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Young and the Restless - Jovens e Inquietos
RomanceIremos conhecer a história de Sophia, uma linda e inteligente menina que caiu nas graças de Micael Borges, o popular do colégio. Um amor nasceu e ele lhe deu o seu maior presente, sua filha. Porém, Sophia teria que esconder essa história de Rayana C...