Young and the Restless - Jovens e Inquietos

Capítulo 105

Eu estava desnorteada quando me levantei da cadeira, engoli seco e respirei fundo, nem me despedindo do gerente que havia me atendido. Ele não podia ter feito isso comigo, ele não podia!

Sabia onde ele estaria quando saísse de lá, pedi um táxi mais próximo indo até ao apartamento. Tive ondas de raiva quando passei pelo porteiro e entrei no elevador, eu iria matá-lo.

Mas sabia que Micael não era tão burro assim.

— Sophia? Já chegou, que rápida! — Dakota sorriu enquanto via algo na TV.

— Você já pode ir, Dakota. — Engoli seco enquanto sorria falsa. — Obrigada por olhar Kate.

— Aconteceu alguma coisa?

— Ainda não. — Sorri falsa. — O seu dinheiro estará em cima do balcão. — Caminhei até meu quarto.

Antes que pudesse subir mais um degrau, eu consegui escutar a porta da frente ser aberta novamente, e logo após, batendo com força.

— Olá senhor Borges. — Dakota sorriu.

— Olá, Dakota! — Foi simpático. — Sabe onde está Sophia?

— Ela está aqui. — Desci as escadas com raiva. — Dakota, pode nos deixar à sós? Por favor.

— Eu vou indo. — Dakota buscou o dinheiro no lugar combinado. — Dê um beijo em Kate por mim.

— Pode deixar. Obrigada! — Sorri à menina que saiu às pressas.

Micael me encarava furioso.

— Eu odeio que mintam pra mim. — Encarou os braços. — E você mentiu.

— Você odeia? Que ótimo! — Fiz o mesmo. — Eu precisava do dinheiro.

— Pra ajudar a porra da Rayana.

— Você disse que ia me deixar fazer o plano.

— QUE PLANO? PORRA! — Exaltou. — Se ela souber, ela vai matar você e eu junto!

— ELA NÃO VAI SABER. Estava tudo encaminhando bem, eu não acredito Borges. — Bufei. — Eu preciso ajudar ela, eu preciso da confiança dela.

— E eu preciso da segurança da minha filha. Você não tá pensando nela, não é Sophia? — Arqueou uma sobrancelha.

— Eu penso todos os dias.

— Não parece.

— Eu quero mostrar pra você que a gente pode acabar com a Rayana.

— Isso não vai ser possível.

— As vezes eu acho que você gosta de ficar com ela, me parece muito!

— Você é doente, porra. — Cerrou os olhos. — Eu não vou autorizar você a pegar dinheiro pra ajudar ela.

Assenti, com muita raiva.

— Eu vou arranjar esse dinheiro.

— Vai porra nenhuma.

— Vou sim! Ou eu não me chamo...

— Se você arrumar o dinheiro. — Pausou. — Eu entro na justiça e tiro Kate de você.

O QUE?

— Você não seria capaz...

— Seria sim. — Assentiu. — Você quer a confiança dela? Então conquiste.

— Conquistando como?

— Conquistando do jeito certo. E não comprando a Rayana.

— É isso que ela quer, caramba! Micael, me escuta uma vez, pode ser?

— Você não vai ajudar ela. Estamos conversados? — O silêncio reinou. — Estamos conversados?

Encarei o teto tentando não chorar, assenti e dei as costas à Micael que me seguiu.

— Eu não aguento mais isso. — Entrei no closet tirando uma mala. — Você quer viver com ela? Então viva! Você quer esconder a sua filha pra sempre? Então esconda. Mas eu não quero mais isso pra mim. — Coloquei algumas roupas.

— De novo isso? — Entrou na frente. — Você vai fugir e o que? Eu vou ter que caçar o mundo inteiro pra te achar? Vai ser sempre assim?

— Eu não quero viver escondida!

— Mas você não está vivendo! — Disse óbvio. — Você tem a sua liberdade, só Rayana que não sabe da realidade, o que realmente acontece.

— E depois? — O encarei.

— O que tem depois?

— Vamos ficar levando isso até a nossa morte? Até ela descobrir? Me diz!

Micael ficou em silêncio.

— Acho que você nasceu antes da hora.

— Acho que você está adorando essa situação, Borges. — Tentei empurra-lo. — Saia da minha frente.

— Eu não vou sair. — Me segurou pelo braço. — Me escuta, meu amor. Por favor! Para com essa ideia maluca de acabar com ela, quando for a hora... Essa hora vai chegar.

— Eu sou completamente apaixonada por você, Micael. Ver o que ela faz com você é... — Minhas lágrimas caíram. — Isso me dói. Eu penso na Kate lá na frente, como ela vai poder dizer que tem um pai de verdade. — Funguei.

— Amor... — Me abraçou. — Vai ficar tudo bem, você vai ver! Vai ficar tudo bem. — Beijou o topo da minha cabeça.

Eu sabia que nada ficaria bem. Meu plano infalível tinha ido por água abaixo. Rayana perderia o foco em mim e me odiaria novamente, eu tecnicamente nadei, nadei e morri na praia.

Depois de chorar terrivelmente nos braços de Micael, nós acabamos o nosso momento na cama, como sempre acontecia. Era um misto de desejo sem fim mas eu ainda pensava no que ele havia me falado, eu não podia deixar meu plano morrer desse jeito. Eu tinha que fazer algo!

Não muito longe dali Antônia surtava ao sete ventos, tinha Katia lhe acolhendo mas nada lhe ajudaria. Estava trêmula quando pegou o telefone e discou o número do celular de Micael, esperando que o atendesse.

E o mesmo cochilava em nosso quarto, tranquilo. Revirou-se quando escutou o IPhone vibrar irritante.

— Alô? — Franziu o cenho. — Mãe? — Sentou-se na cama. — Mãe... O que aconteceu? — Ficou preocupado.

Entrei no quarto com Kate que brincava de puxar os meus cabelos enquanto estava em meu colo. A feição de Micael havia me dado um susto, o que tinha acontecido afinal?

Ele largou o IPhone que caiu na cama, estava em transe quando conseguiu olhar para mim.

— Micael, o que aconteceu?

Ele ficou em silêncio.

— Lidiane faleceu.