Young and the Restless - Jovens e Inquietos

Capítulo 84

Me espreguicei ainda nos lençóis, depois de ter dormido nove horas seguidas. Me sentei enquanto franzia o cenho, vendo Micael abrir os olhos e se acostumar com a claridade.

— Dormimos demais. — Sorri.

— Sim, nós dormimos. — Fez o mesmo, sentando na cama. — Agora sim, bom dia! — Me beijou.

— Hum. — Fechei meus olhos enquanto terminávamos com selinhos. — Vou ficar mal acostumada assim.

— É porquê você ainda não me viu trazendo café na cama.

— Não acredito. — Micael riu leve. — Você levava café na cama para as suas ex-namoradas? — Brinquei, abraçando o edredom macio.

— Mas é claro! Eu sou um Borges, cavalheiro nato. — Foi minha vez de rir. — Você quer que eu levante desta cama e faça um café, senhora Borges? — Brincou comigo me fazendo rir mais ainda.

— Eu adoraria, senhor Borges! — Entrei na brincadeira. — Mas antes, eu preciso levantar e verificar a pequena princesa que está nos aposentos ao lado.

— Melhor deixar a pequena princesa descansar, senhora Borges! Ela ainda não... Reclamou, eu diria? — Sorrimos.

— O que quer dizer com isso, senhor Borges?

— Eu quero dizer que... — Chegou mais perto. — Podemos fazer um mínimo de barulho e matar a saudade, senhora Borges. — Me beijou, enquanto sorria.

Mas o nosso sonho foi extremamente destruído quando o choro de Kate ecoou pela babá eletrônica, e eu já sabia o que era.

— Viu só? Foi só você tocar no assunto. — Segurei o riso. — Quem vai hoje?

— Você! Estava longe da sua filha até agora.

— Eu? — Assenti. — Tudo bem! O que eu não faço pelas minhas gatinhas, não é mesmo? — Ri leve vendo Micael levantar da cama, indo em direção ao quarto de Kate.

Escutei quando a voz de Micael apareceu na babá eletrônica, brincando com Kate e fazendo ela parar de chorar.

— Bom dia, minha princesinha! Bom dia! — A pegou nos braços. — Como você dormiu? Conta pro papai. — Sentou-se na poltrona ao lado do berço. — Hum, com quem você sonhou? Com anjinhos? Cavalinhos coloridos? — Kate resmungou. — Já sei! Você sonhou com o peito da sua mãe, já entendi. — Balançou a cadeira, Kate o encarava um pouco brava. — Por que está olhando assim pro papai? Infelizmente eu não tenho o que você quer! — Kate abriu o berreiro. — Shi, shi, shi, shi. — Balançou um pouco mais forte.

Até eu aparecer! Ainda estava com meu velho pijama confortável, eu amava usar aquelas calcinhas de renda, me deixava sexy e com um ar de libertação. Me senti com 16 anos novamente.

— Bom dia, meu amor! — Caminhei até a poltrona. — Você está com o papai, está? — Kate abriu um sorriso pra mim, impossível não amar. — E agora você quer a mamãe? — A peguei no colo. — Pode fazer o café! — Expulsei Micael enquanto segurava meu riso.

— O que? — Sua face foi cômica, me fazendo rir.

— Eu já cheguei, pode fazer o café. Ah, o pão é com cheddar, por favor! — Mordi a boca, eu não aguentava brincar com ele.

— Então é assim? Pão com cheddar? — Ele entrou na onda. — O café vai ser expresso ou com chantilly, senhora? — Imitou uma mulher, ri horrores.

— Com chantilly e duas gotas do seu melhor adoçante. — Levantei minha blusa, encaixando meu seio na boca de Kate.

— Sim, senhora! — Micael saiu, agora éramos só nós duas. Meu momento e o de Kate.

Assim que acabei desci com a mesma, comemos um pouco e Micael partiu para a ação, indo até o hotel onde tinha feito um check-in especial. Mandou mensagens à Rayana, perguntando onde ela estava.

E é óbvio que ela surtou!

Foi diretamente ao hotel onde Micael estava, subiu o elevador bufando, iria matá-lo querendo explicações.

— Posso saber o que você veio fazer aqui? — Entrou com tudo quando o mesmo abriu a porta.

— Houve problemas com as obras.

— Que obras, Micael? — Estava nervosa.

— Do hospital! Já que eu e Arthur não estamos nos falando, ele não é mais responsável pelas ordens.

Cheque-mate.

— E por que você mentiu pra mim?

— Eu não menti! Foi ligações imediatas, tive que vir às pressas.

— E por que não ficou na sua mãe? — Chegou mais perto.

— Também não estou falando com ela.

— Micael, Micael. — Cerrou os dentes. — Se eu descobrir, o negócio vai ficar feio.

— O que? Você acha que eu estou te traindo? Conta outra, Rayana! — Revirou os olhos, sem paciência. — Eu não sou idiota, sei muito bem o que você é capaz de fazer.

— Eu acho bom você saber disso! Não sou idiota pra ficar correndo atrás de você.

— E como você sabia que eu estava aqui?

TKO.

— Eu liguei pra companhia aérea. — Piscou rápido. — Eles me disseram que seu voo saiu de manhã, de tarde, eu nem lembro mais. — Deu de ombros. — Com destino à Nova Iorque.

— Exatamente! Foi uma ligação rápida demais, tive que largar tudo e deixar as coisas da faculdade de lado.

— Sabe. — Andou ao redor do quarto. — Você não vai chegar aonde quer, Micael.

— O que está querendo dizer com isso?

— Você mal estuda, fica viajando, viajando, e viajando. — Riu sarcástica. — Problemas no sul, problemas no leste, problemas com a sua irmã. — Mexeu nos cabelos. — É tanto problema que eu começo a acreditar, sabia?

— Rayana, pelo amor de Deus! Eu não estou te traindo! — Irritou-se. — Você acha mesmo que eu seria tão burro de deixar pistas? Se eu estivesse te traindo, é claro. — Cruzou os braços.

— Você é espertinho demais, Borges.

— A gente precisa parar com isso, agora que somos um... Casal. — Engoliu seco. — Você precisa confiar em mim.

— Eu confio!

— Para de ser um porre, por favor. — Cerrou os olhos, cansado. — Tira essa sua postura de malvada, me trate como um... Namorado normal. Sem me chantagear, eu já sei dos meus problemas. — Bufou. — Vamos amenizar a nossa relação, por favor!

Aquele pedido foi estranho aos dois, Rayana recuou e repensou nas palavras de Micael, enquanto ele fazia o seu teatro direitinho.

— Volte pra Seattle, por favor! Por mim. — Implorou. — Você vai ficar aonde enquanto arrumo as coisas do hospital? — Não teve resposta. — Está vendo? Nenhum lugar.

— É, por esse lado. — Pausou. — Eu voltar pra Seattle, por mim mesmo, e não por você.

Micael assentiu, estava aceitando qualquer forma de Rayana ir embora.