Young and the Restless - Jovens e Inquietos

Capítulo 102

Harry, um amigo meu de longa data. Na verdade Harry era bissexual e deixou o colégio no primeiro ano, se mudando. Contei com a ajuda dele, expliquei a situação já que conhecia Micael. Só que não iria ser tão fácil assim.

— Você é louca, Abrahão. — Harry arrumava o colarinho da sua blusa em frente ao espelho. — Micael vai surtar!

— Acredite, ele já está surtando. — Arrumei meu par de brincos brilhantes. — Como estou? — Dei uma voltinha.

Estava usando um vestido caríssimo da Chanel, com paetês e na cor preta. O salto também era de alguma marca cara, me abusei toda pra esse jantar. Eu tinha que estar abusada! Tinha que mostrar a Rayana que eu estava no poder.

— Está uma tremenda gata, com todo o respeito. — Ri leve. — Vamos, querida? O jantar nos aguarda.

— Mas é claro, querido! — Brincamos. Antes de sair dei um beijo em Kate que ficou com Dakota, eu não iria levar ela no primeiro encontro com Rayana, assim, de cara. Micael ficaria mais puto do que estava.

Entrei no carro de Harry e partimos até o apartamento de Rayana, que ficava bem no centro de Nova Iorque. No caminho eu e Harry embolamos algumas conversas paralelas que nos fez rir, lembrando dos velhos tempos! Eu estava nervosa por dentro, era como cutucar a onça com vara curta.

— Me sinto elegante desse jeito. — Passamos pela portaria e entramos no elevador. — Faz tempo que moram aí?

— Se mudaram há pouco tempo. — Engoli seco. — Está sentindo um frio na barriga?

— Eu não! Não sou eu que tenho vários segredos guardados. — Harry riu antes da porta ser aberta.

Procuramos o número do apartamento de Rayana e esperamos pela mesma nos atender, era caótico estar ali, sabendo que Micael e eu empurraria todas as mentiras possíveis do mundo para se safar dela, era muito cruel!

Mas eu escolhi, então, eu tinha que arcar com as consequências.

— Sejam bem vindos! — Rayana abriu a porta, tinha uma taça de vinho nas mãos e estava aparentemente elegante.

— Rayana, esse é Harry. Harry, essa é Rayana! — Os apresentei enquanto entrávamos.

— Um prazer, Harry.

— O prazer é meu. — Sorriram.

— Entrem, entrem. — Rayana estava eufórica. — Onde está a sua filha? Pensei que traria ela.

— Ah... Ela ficou com a babá. — Procurei Micael com o olhar, disfarçadamente. — Vamos marcar uma próxima ocasião.

— Irei cobrar! — Ela sorriu.

— Adorável o seu apartamento, Rayana. — Harry achou-se cômodo para dizer. Sentamos em um sofá duplo.

— Eu adoro esse lugar! Eu adoro Nova Iorque! — Sorria à todo instante. — Que falta de educação da minha parte... MICAEL! — Gritou. — Sophia e Harry chegaram.

Micael apareceu depois de dois minutos, vestia uma roupa casual e sua face não era nada agradável. Estava aparentemente... puto.

— Boa noite! — Me encarou de cima a baixo. Ele queria me matar. — Como estão? — Sentou-se ao lado de Rayana.

— Ótimos. E você? — Harry respondeu por mim enquanto nos encarávamos. Apenas Rayana não capitava no momento, chegava a ser ridículo.

— Irei ficar bem. — Micael respondeu, seco.

— Gostam de vinho? Aposto que sim! — Rayana levantou-se indo até a pequena adega que havia na cozinha. — Você tem notícias de Lua, Sophia? — Voltou com uma garrafa de vinho importado e quatro taças, segurando delicadamente.

— Ah... Faz tempo que não nos falamos. — Balbuciei. Estava nervosa demais. — Você tem notícias dela?

— Se eu tivesse não perguntaria pra você. — Despejou o vinho na taça. — Me desculpe! — Sorriu falsa.

— Como está a faculdade, Micael? — Harry tentou, de novo.

— Ótima. — Respondeu Harry sem um pingo de ânimo. — Não vejo a hora disso tudo acabar e sair daqui. — Me encarou.

— Sophia? — Rayana me entregou a taça, segurei rapidamente e depois devolvi a mesma. — Você não bebe?

— Não posso beber, não agora. — Lembrei de Kate, afinal, eu ainda estava amamentando.

— Tem um suco natural de uva, eu vou buscar. — Micael levantou-se do sofá indo até à cozinha.

— Rayana, pode me mostrar onde é o banheiro? — Perguntei, um pouco nervosa.

— Ao lado da cozinha, corredor a dentro. — Mostrou. — Então Harry, me conte mais sobre suas empresas... — Ela estava interessada na mina de dinheiro que traríamos à ela, eu já sabia.

Me levantei sem pressa alguma indo em direção à cozinha, encontrando Micael que abria a garrafa de vidro com o suco de uva natural. Me puxou quando me viu.

— Eu quero matar você! — Segurou em meus braços, me forçando contra a parede.

— Por que? Só porque eu vou fazer a nossa família ter um rumo feliz? — Cerrei os dentes.

— Só se for o rumo do velório com o cemitério. — Nunca o vi tão bravo assim. — Você não pensa na Kate, não é?

— É claro que eu penso! É por isso que eu estou aqui.

— Porra nenhuma. — Me segurou mais forte. — Vai embora daqui, por favor, vá embora daqui. Você está... Brincando com o perigo. Rayana não é gente! Eu te imploro. — Estava nervoso demais. — A gente vai acabar em uma merda pior.

— Eu estou cansada de me esconder, Micael. — Silabei. — E já que você não pode fazer nada por nós dois, eu irei fazer algo por nós dois. — Engoli seco.

— Então vai ser assim? — Assenti. — Tudo bem. — Me largou. — Quando der merda não venha chorar e dizer que está arrependida.

— Eu não vou me arrepender. — Andei de um lado para o outro. — Eu tenho tudo guardado na minha mente, todas as coordenadas que eu preciso dar. — Sorri maléfica à ele. — Você vai ver, Micael. Ela vai comer bem aqui, na minha mão. E depois, quem sabe. — Remexi os ombros. — Acabamos com ela e viveremos juntos.

Micael ainda estava bravo! Negou com a cabeça enquanto passava por mim, voltando a sala novamente.

Rayana e Harry ainda conversavam, uma chatice eterna.

— Estava falando ao Harry sobre a nossa morada rápida em Seattle. — Rayana sorriu.

— Seattle é uma cidade incrível. — Deu uma golada em seu vinho.

— Imagino. — Harry sorriu leve.

— Rayana eu... — Fui interrompida.

— Sirva o jantar, Rayana. Eu não aguento mais isso. — Micael forçou os olhos enquanto se levantava, indo até a varanda do apartamento. Ele não aguentava mais aquela tortura, e eu, só estava colocando em prática o meu plano.