Capítulo 76

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Micael acordou algumas horas depois, cansado, com dores de cabeça e uma pequena ressaca terrível. Ele não tinha bebido mas o remédio fez com que seu efeito colateral desse à ele uma bomba de sintomas.

— Merda. — Esfregou os olhos tentando identificar onde estava. — Sophia, você chegou? — Voltou a me chamar, mesmo sabendo que não teria resposta. — Cacete, onde você se enfiou?

Conseguiu levantar, já que estava no chão da sala. Foi até o seu pequeno escritório procurando por seu MacBook, lembrou-se que quebrou o IPhone na noite anterior.

Chamou Lua via FaceTime. Ele estava ficando louco!

— LUA! — Ficou eufórico quando viu a imagem de Lua, ainda sonolenta. — Lua, pelo amor de Deus...

— O que você quer?

— A Sophia sumiu!

— Como assim sumiu? — Lua preocupou-se.

— Sumiu! Eu não sei pra onde ela foi, não consigo falar com ela, o celular dá caixa postal. — Estava desesperado. — Pelo amor de Deus, Lua! Me ajuda, eu vou surtar.

— Calma, calma. — Pensou. — Já tentou ir na Branca?

Branca! Ele não tinha feito isso.

— Boa idéia mas... Se ela não estiver lá? — Mordeu a ponta dos dedos.

— O que você fez pra ela sumir assim, do nada?

— EU NÃO FIZ NADA! Eu apenas fiquei em Seattle estudando.

— Por quantos meses?

Micael não respondeu.

— Por quantos meses, Micael? — Lua bateu na tecla de novo, esperando uma resposta.

— Cinco meses.

— CINCO MESES? — Arregalou os olhos. — NÃO DEU NOTÍCIAS A ELA POR CINCO MESES? PORRA, MICAEL!

— EU NÃO PODIA VIR AQUI, VOCÊ SABE COMO É RAYANA.

— Que se foda você e Rayana, onde está a sua consideração? Eu sabia que isso ia acontecer, puta merda. — Estava brava. — Cinco meses! Puta que me pariu, cinco meses. — Cerrou os dentes.

— Todos nós já sabíamos que isso ia acontecer.

— Você tem telefone pra quê? A sua filha deve ter precisado tanto de você que nem pôde contar com a sua existência. Você é um péssimo homem, Borges! — Lhe deu um sermão daqueles. — Sinto muito mas não vou te ajudar a encontrar Sophia.

— O CARALHO! — Surtou novamente. — Eu preciso saber onde ela está, eu preciso saber da minha filha!

— Procure sozinho! Foi você quem quis isso e Sophia é muito inteligente pra fazer as escolhas dela.

— Escolhas? Então você sabe onde ela está?

— Eu não sei! Faz anos que eu não falo com a Sophia. Desde a nossa briga. — Pausou. — Desculpe Borges, faça sua caçada sozinho.

— Lua, pelo amor de Deus. Eu vou morrer se não achar a Sophia! — Seu desespero tomava conta. — Eu estou ficando louco com isso, eu preciso saber onde ela está.

— Pois fique louco sozinho, aí no seu apartamento. — Fez menção de desligar. — Até a próxima.

— ESPERA! — A parou. — Como está o... Arthur?

Lua respirou fundo.

— Ele não quer saber da sua existência e vai me matar se me ver falando justamente com você.

— Precisamos conversar como pessoas civilizadas.

— Se eu fosse você... Se prepararia pro que irá vir. — Contou.

— Como? — Franziu o cenho, não entendendo.

— Borges, estude! Apenas estude e faça sua careira, não dependa da fortuna que seu pai lhe deixou. — Lua avisou, mais uma vez. — Arthur está com a faca e o queijo na mão, a vida de vocês virará de cabeça para baixo!

— Lua, que porra, me fale o que está acontecendo! O que ele quer fazer?

— Adeus, Borges! — Lua desligou a ligação via FaceTime.

Micael fechou a tampa do MacBook com toda a força que podia, ele já estava ficando expert em quebrar coisas.

Já eu... Estava atarefada demais em colher milhos com Austin, que era mais sábio em fazer isso. Colhemos um bom tanto e depois, sentamos em mesas de madeira, perto do milharal, descascando e colocando em um saco grande.

— Quantos anos você tem, Sophia? — Me olhou de canto.

— Dezessete. E você? — Fiz o mesmo.

— Vinte! — Sorriu. — Você parece mais velha.

— Isso foi um elogio? — Senti uma graça tremenda.

— Pode ser que sim. — Austin riu leve. — Não sabia que sua mãe tinha outra filha.

— Outra filha?

— Sim, ela não é... Velha demais pra ter um bebê?

Gargalhei! Austin não entendeu nada.

— Você diz... A Kate? — Terminei de rir. — Não, não! Kate é minha filha.

Austin arregalou os olhos, ri mais ainda.

— Sua filha? Mas... Sua filha? — Apontou à mim. — Você... Você é casada? Você é muito nova pra ter uma filha!

— Pois é. — Suspirei. — Em Nova Iorque é comum existir mães solteiras. — Cerrei os dentes. — Eu sou uma delas.

— Kate não tem pai? — Ficou curioso.

— Ela tem! Mas ele não vale um milho desse que estamos descascando. — Austin deu risada.

— Onde você o conheceu?

— No colégio! Éramos amigos e... Você sabe o que acontece quando temos uma queda por alguém, não sabe?

— É... Acho que sei. — Arqueou uma sobrancelha. — Como sua mãe reagiu?

— Ela ficou um pouco assustada mas aceitou. Não é atoa que fica com Kate quase todo o tempo. — Sorri. — Ela é uma ótima avó.

— Avós são liberais até demais. Branca é um exemplo delas. — Fechou o saco. — Por onde ele anda? Você sabe?

— Não faço a mínima ideia e também não quero saber. — Encarei Austin. — Desculpe! É que... Uma longa e terrível história.

— Tudo bem, eu estou acostumado. Afinal, sua família é agitada. — Austin brincou. — Já descascou tudo? Temos muita coisa pra fazer ainda.

— Ainda? — Me choquei. — Já fizemos coisas demais.

— Meio-dia temos que voltar, o almoço vai estar na mesa. — Me lembrou. — Depois, vamos até o lago e colher alguns capins para os cavalos.

— Capins? Tem tanto capim por aqui.

— Não os capins que os cavalos gostam de comer. — Piscou rápido. — Já andou à cavalo?

— Nunca. — Senti um frio na barriga. — Posso ficar, se você quiser.

— Sua meta é me ajudar, e, vou te ensinar a andar à cavalo. — Sorri mais ainda, eu adoraria aprender andar à cavalo.

Austin foi uma ótima companhia para mim naquela manhã, descascamos os milhos e depois voltamos pra casa da Tia Brenna. Minha mãe alfinetava a cada minuto, o que era péssimo, mas eu estava gostando de me sentir feliz novamente.

Eu deveria dar um rumo na minha vida e recomeçar!

Young and the Restless - Jovens e Inquietos Onde histórias criam vida. Descubra agora