Capítulo 5

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3° Trimestre

2024


Dois meses depois

Mais um ano havia começado e o outro terminado. A única diferença é que nessa virada de ano lembro de ter sido uma das piores que eu já tive, mas ao mesmo tempo também foi a melhor. Pior, porque eu estava passando muito mal por conta da gravidez, minha cabeça estava me matando, e aqueles malditos fogos de artifício não ajudavam. E a melhor, porque eu estava grávida de Aaron, e não via a hora de poder pegá-lo no colo e ver a quem ele puxou os olhos. Torcia que fosse os do Bernard.

Eu sentia o suor escorrer pela minha testa, mas não era calor que eu estava sentindo, e sim, muita dor. A morfina já não estava mais fazendo efeito sobre mim, então eu sentia cólicas e fisgadas muito fortes, mas estava resistindo o máximo que podia. Minha barriga já estava bem grande, como se eu tivesse engolido uma melancia, era estranho. Eu deslizo minha mão por ela, sentindo Aaron dentro de mim.

- Você está fazendo a mamãe sentir muita dor, Aaron, sabia? - Eu sussurro com a voz tremula. - Sinal que você já está bem grandinho... - Sorrio.

Ben aparece na porta e olha para mim, ao ver minha cara ele logo se apressa em chegar ao meu lado.

- O que foi?

- É só a dor de novo...

- Você pediu o médico para aumentar sua medicação?

- Não adianta mais.

- Acha que pode aguentar? - Ben perguntava preocupado.

- Eu tenho que aguentar. - Eu seguro a mão de Ben e a coloco em minha barriga. - Fica olhando...

- O que?

- Quer ver... - Eu sinto uma puta de uma fisgada quando Aaron chuta minha barriga. - Sentiu?!

- Senti! - Ben sorri, parecia nervoso. - Ele te machucou?

- Nada que eu já não esteja acostumada, ele está chutando a manhã inteira.

- Nossa...

- Bom dia. - Olhamos para a porta e vemos a medica que sempre fazia o meu ultrassom aparecer. - Com licença.

- Pode entrar. - Falo.

- Vamos ver como está esse meninão?

- Claro... - Eu falo tentando conter um sorriso, mas ao mesmo tempo me esforçava para não demonstrar tanto as dores.

A medica se senta em uma cadeira ao lado da minha cama e abre seu aparelho de ultrassom em cima de uma mesinha. Ela passa um gel bem gelado, que me fez arrepiar, na minha barriga e começa a olhar pelo aparelho. Quando ela passa o aparelho em cima da minha cicatriz eu me contraio de dor, e ela na mesma hora para o que estava fazendo e me encara preocupada.

- Você está bem?

- Estou...

- A gente pode tentar outra hora quando estiver se sentindo um pouco melhor.

- Não, pode fazer.

- Lya.

- Se deixar isso para depois, vai ser pior. - Falo com Ben.

- Certo, então aguenta aí, mamãe. Precisamos ver como está o seu útero e seu bebê. - A médica fala.

Ela passa de novo, era preciso apertar um pouco o aparelho e isso me causou mais dor ainda, a mão de Ben vai até a minha e eu a seguro por puro impulso. Conseguimos ver Aaron na tela do aparelho da medica, e ao vê-lo isso me relaxou um pouco. Mas eu estava quase quebrando a mão de Ben de tanto que eu estava apertando ela por conta da dor que eu estava sentindo, e pelo visto ele não se importava nem um pouco. Parece que ele falou sério quando disse que ficaria do meu lado aguentando a dor junto comigo.

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora